Friday, February 29, 2008

TSF: 20 anos


Os parabéns a uma Rádio por onde tive o orgulho de passar (ainda que por breves quatro meses), e onde muito aprendi.

Thursday, February 28, 2008

Contar

a transformação da China nos últimos anos através do percurso de cinco ex colegas de uma Universidade. É o mote do livro " Chinese Lessons: Five Classmates and the Story of the New China" do jornalista John Pomfret. Na excelente série de entrevistas "Conversations with History" Harry Kreisler fala com o autor:


Sunday, February 24, 2008

Na "wishlist"


O novo livro de Moisés Silva Fernandes. Depois do muito interessante "Macau na Política Externa Chinesa: 1949-1979", o investigador, quedirige o Instituto Confúcio, apresentou esta semana mais uma obra de grande fôlego: "Confluência de Interesses: Macau nas Relações Luso-Chinesas Contemporâneas, 1945-2005".

Leituras Dominicais


"The 17th Party Congress: Informal Politics and Formal Institutions" Joseph Fewsmith, China Leadership Monitor

"Jottings on the Conjunture", Perry Anderson na New Left Review.

"Beijing Olympics: Shadow Over a Coming-Out Party", Paul Mooney na Yale. Global.



Wednesday, February 20, 2008

De novo a Quinta Modernização


No dia 9 de Dezembro de 1978, o activista Wei Jinsheng escreveu no Muro da Democracia (西单民主) que a República Popular da China necessitava urgentemente de colocar em prática a Quinta Modernização. Estávamos em plena efervescência pós-Maoísta, numa altura em que Deng Xiaopeng se apoiava de forma mais ou menos velada nos sectores mais “liberais” do Partido e do movimento estudantil. Foi nesse contexto que surgiu o Muro da Democracia, que durou cerca de um ano em Pequim, com centenas de jovens a escrever naquela parede de Xidan Street o que pensavam num momento de expressão livre de ideias sem precedente na RPC. A quinta Modernização defendida pelos jovens activistas era a democratização do sistema político. Deng delineara que o progresso da China estava dependente de um processo de transformação e modernização em quatro sectores - Agricultura, indústria, Ciência e Tecnologia e Defesa Nacional. Nesse início do período que também ficou conhecido como a “Primavera de Pequim”, Wei escrevia que “não pode haver Quatro modernizações sem democracia”. O certo é que as Quatro Modernizações Prosseguiram a todo o vapor nos seguintes 30 anos, sem que tenha havida mudanças significativas no sistema político “leninista”, baseado no centralismo democrático e no papel de vanguarda e monopólio do poder do Partido. Os activistas do “muro da Democracia” foram reprimidos logo em 1979 quando começara a ir “demasiado longe” e numa altura em que Deng já tinha assegurado o controlo do topo do aparelho do Partido e do Estado – ou seja o “Pequeno Timoneiro” já não necessitava de se apoiar nas forças mais “liberais” que se tornavam uma ameaça para ele, assim que afastou a facção dos radicais fiéis de Mao. O ímpeto democratizador estava lançado. Contudo de que democracia falavam esses activistas? É interessante notar que a maioria dos líderes assumia-se como marxista. A crítica era feita à forma autoritária de interpretação e prática do marxismo pelo regime. Esta é a linha mais relevante nos movimentos de intelectuais que se afirmaram como a consciência crítica “liberal” do regime ao longo dos anos seguintes. No início dos anos 1980 o Beijing Social and Economic Sciences Research Institute e alguns académicos da Academia de Ciências da China surgiram como a base de apoio consultivo de líderes como o ex primeiros ministros e scretários-gerais do PCC Hu Yaobang e Zhao Zhiyang. Uma parte desses intelectuais defenderam teses próximas daquilo Merle Goldman em “From Camarade to Citizen” classifica de Marxistas Humanistas que criticavam duramente o Maoísmo e a chamada ala esquerdista do PCC e defendiam que à abertura económica da era de Deng devia corresponder um movimento de democratização do sistema político, tendo ainda assim o PCC o papel liderante. Já nos anos 1990 – pouco depois da Repressãod e Tiananmen - nos escritos de autores como Hu Jiwei, Yu Guangyuan ou Yuan Hongbin estava a defesa de um fortalecimento do Estado de Direito, liberdade de expressão, papel da opinião pública e do exercício da cidadania no processo de tomada de decisões. Alguns desses autores eram provenientes da Escola Central do Partido Comunista, da Associação de escritores e da Academia de Ciências Sociais da China.

As teses defendidas pelo grupo de intelectuais da Escola do Partido que foram reveladas esta semana na imprensa internacional seguem esta linha. O Presidente Hu Jintao tem salientado a importância da democracia intra partidária, mas blinda o discurso à abertura de fissuras no monopólio do poder exercido pelo Partido e aparece como uma personalidade algo dúbia no campo dos direitos, liberdades e garantias. Este documento – “Stroming the Fortress” – aponta noutro sentido, alargando a democracia intra-partidária gradualmente para vários sectores da sociedade, considerando que isso é inevitável. Julgo que não se pode sobrevalorizar ou ter expectativas de uma transformação de fundo no sistema. As mudanças devem ser graduais e a abordagem dos autores deste documento é, simultaneamente, audaz e moderada. Não deixa de ser importante que o prefácio do estudo seja escrito pelo vice-presidente da Escola Central do PCC e que afinal, ao contrário do que se possa pensar, o PCC não é uma entidade completamente fechada e monolítica. Os autores defendem que uma reforma política gradual pode contribuir para a construção de uma sociedade moderna em 2020; nas décadas seguintes a China poderá emergir como uma “democracia madura e de um estado de direito maduro”. 2020, três anos depois da possível introdução em Hong Kong do sufrágio directo e universal...

Posto isto, algumas questões emergem...

- Como vão reagir as sensibilidades da chamada ala conservadora em termos de evolução do sistema política do PCC?

- A quem interessa a divulgação deste documento nesta altura?

- Será que o grupo de intelectuais em causa vão ser colocados de lado ou mesmo sofrer “represálias” como tem acontecido em várias ocasiões na China quando é discuta a reforma política?

- A reforma política como agenda prioritária tem sido rejeitada pela liderança Hu Jintao Wen Jiabao. O discurso de Hu no último Congresso do Partido colocava ênfase nas questões sociais e num modelo sustentável de desenvolvimento. É certo que Hu usou durante muitas vezes a palavra democracia, mas sabe-se que não foi no sentido “ocidental”.

Conseguirá a China fazer brotar dentro do sistema uma forma de democracia original num processo bem sucedido sem abalos sísmicos ou o desmoronamento do edifício a meio do caminho?

O que pensam os Benjamins da quinta geração sobre isto?

Será que a Quinta Geração (Xi Jinping e Li Keqiang) que deverá ascender ao poder a partir de de 2012 irá abrir a porta da Quinta Modernização?

Will they deliver?

The report argues: "Citizens' steadily rising democratic consciousness and the grave corruption among party and government officials make it increasing urgent to press ahead with demands for political system reform ... the backwardness of the political system is affecting economic development."

"Elite Chinese thinktank urges political reform and press freedoms", The Guardian

Friday, February 15, 2008

Samak in denial


O recém-eleito primeiro-ministro da Tailândia, Samak Sundaravej, afirmou sem rodeios, numa entrevista esta semana à CNN, que apenas morreu uma pessoa no massacre de estudantes em Outubro de 1976. Dados oficiais apontam para 46 mortes, embora sobreviventes garantam que os militares provocaram a morte a mais de 100 estudantes. Samak, líder do Partido People Power - sucessor do Thai Rak Thai do ex primeiro-ministro deposto Thaksin Shinawatra - alega nessa entrevista que a repressão era necessária face ao "perigo do comunismo". As declarações do novo chefe de governo de Banguecoque, conotado com a direita populista tailandesa, chocaram muitos tailandeses. Este editorial do Bangkok Post dá conta da indignação:




Wednesday, February 06, 2008

Kung Hei Fat Choi

Gong Xi Fa Cai!
恭喜发财
Feliz Ano Novo Lunar!


Seja Bem-vindo, senhor Rato!

Tuesday, February 05, 2008

Snow-Slow-Patrol


South China Morning Post, 4-2-2008.

Orientes Lusófonos


Um blogue com a janela permanentemente aberta para outros blogues, em português, destes lados do mundo.

Saturday, February 02, 2008

falar ao povo

Descontando as óbvias diferenças, de tempo, espaço e circunstâncias, não deixa de ser curioso olhar para estas duas fotografias:


Maio de 1989 - Zhao Zhiyang fala na Praça de Tiananmen aos estudantes. Ao seu ladoestava Wen Jiabao, na altura um jovem quadro emergente e braço direito do secretário-geral do PCC.


Janeiro de 2008 - Wen Jiabao, primeiro-ministro da República Popular da China, fala ao povo desesperado na Estação de Caminhos de Ferro da cidade de Cantão, devido às tempestades de neve do Inverno mais rigoroso das últimas cinco décadas.

P.S. Esta alusão surge na sequência de mais uma conversa interessante com o meu amigo AG (Exílio de Andarilho).