Sunday, October 30, 2005

De novo as patacas perdidas

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"Macau tornou-se, na consciência política nacional, um local obscuro e sombrio.Em Portugal não se pode mencionar a palavra “Macau” sem que uma geração de poder não sinta calafrios.", escreve Gonçalo Curado no Sinédio a propósito do caso "Alberto Costa/TDM".
Ou será que esboça essa geração esboça um sorriso?
Sobre outro caso lembro o que escrevi aqui, em Agosto deste ano.

P.S. Eu diria que, de algum modo, quase todos vieram colher frutos na prodigiosa árvore das Patacas. O livro de João Paulo Meneses conta uma história bem ilustrativa e baseada em factos reais.

Friday, October 28, 2005

Vêm aí os IV Jogos da Ásia Oriental - Macau 2005

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A partir de amanhã até dia 6 de Novembro.

A fuga

Este trabalho do Diário de Notícias com base em dados do Banco Mundial vem confirmar aquio que vislumbarva ja há algum tempo a olho nu. Regularmente sei de alguém, um amigo ou conhecido dos tempos da Universidade, que emigrou. Este novo tipo de emigração, do qual faço parte, é bem analisado no editorial assinado por Helena Garrido:
"As razões que levam os portugueses qualificados a deixar o país ou a não regressar a Portugal são ainda um indicador de problemas de desenvolvimento"

Monday, October 24, 2005

Democracia, Socialismo e Pobreza

Vital Moreira indigna-se com o facto do Partido Comunista Chinês falar nos avanços rumo À democracia e socialismo num país como a China. Percebo a sua posição e, de facto, é algo owelliana a retórica "socialista" e democrática de um regime que conjuga a burocracia do "socialismo" de estado com o capitalismo selvagem, no sentido em que os direitos sociais são diminutos, senão mesmo inexistentes. No entanto, dizer que na China mais de150 milhões de pessoas vivem na pobreza, sem salientar que, por um lado 150 milhões é o equivalente a pouco mais de 10 por cento da população chinesa, e que, por outro, desde o início das reformas "capitalistas" de Deng Xiaoping, nos anos 1980, a China foi responsável por 75 por cento da redução da pobreza nos países em desenvolvimento, é uma observação que, no mínimo, peca pela falta de precisão.
A Blasfémia contradiz Vital Moreira, mas também peca por alguma desactualização quanto à natureza política e económica do regime chinês. É que a República Popular já não é apenas um país estatista, planificador e totalitário - trata-se de um regime autoritário, de partido único, que cimenta a sua legitimidade não na ideologia comunista que caíu em desgraça após a tragédia da Revolução Cultural, mas em dois vectores que me parecem pilares do "contrato social" chinês: o desenvolvimento e o crescimento económico de uma China que renasce e um regresso de um certo nacionalismo que vem substituir o vácuo ideológico deixado para trás pelo falhanço do socialismo chinês. Alguns autores tipificam a China como uma regime neo-autoritário desenvolvacionista, em que vai re-emergindo uma social-confucionismo. No entanto, fruto das desigualdades e disparidads socias provocadas inevitavelmente pelo capitalismo, a economia socialista de mercado está a deixar para trás milhões que passam ao lado das vacas gordas da nova era. Esse é um perigo real: a ruptura do contrato que foi alterado várias vezes desde a instauração da República Popular da China, em 1949.
Falar da China é de facto complexo. Ainda por cima usando a grelha de análise que utilizamos quando nos referimos ao "Ocidente". Não se trata de desculpabilizar os crimes cometidos no passado e no presente; trata sim de tentar perceber as dinâmicas centrípetas e centrífugas, amiúde contraditórias, de um país fascinante a vários níveis. Daqui de Macau apenas posso espreitar. E com este blogue procurar abrir uma porta. - como o próprio nome de Macau indica em Chinês: Ao Men (Ou Mun, em cantonense), ou seja a Porta da Baía.

Leituras Dominicais

Este domingo, li a review de um livro sobre o papel do Delta do Rio das Pérolas no crscimento e desenvolvimento económico da China, espreitei este artigo sobre a visita de Donald Tsang aos Estados Unidos e lembrei-me da visão de Nehru sobre o "Asianismo" e as relações China-Índia.

Tuesday, October 18, 2005

Shenzhou VI e a inovação tecnológica

Wang Xiangwei escreveu ontem um artigo de análise muito interessante no jornal "South China Morning Post" que é aqui traduzido e adaptado.

“O regresso da segunda missão tripulada da China vai gerar uma onda de patriotismo nos meios de comunicação social, (à semelhança do que aocnteceu há dois anos com a Shenzhou V, n.t.)
A missão cimenta a entrada da China na elite das nações que já enviaram naves tripuladas ao espaço e reflecte o seu desenvolvimento tecnológico. O líderes vao, indubitavelmente, usar este exemplo para inspirar mais inovação tecnológico, encarado como um dos aspectos mais fracos nos esforços que o país tem feito para acelerar o desenvolvimento económico.

Durante os últimos anos, o presidente Hu Jintao e outros dirigentes têm frequentemente lamentado que o padrão de crescimento económico do continente, alimentado por um baixo custo da força de trabalho e o uso ineficiente da energia, seja insustentável perante os efeitos desastrosos que provoca no meio ambiente.
Hu Jintao está a procurar guiar a economia num sentido mais saudável e por um caminho mais sustentável; nesse sentido tem clamado que a inovação tecnológica é o caminho para reforçar a qualidade do crescimento económico. Isto foi salientado no documento recentemente aprovado no plenário do Comité Central do Partido Comunista Chinês.
Fontes dizem que o governo central vai em breve anunciar o primeiro plano de longo prazo para o desenvolvimento tecnológico e científico para os próximos 15 anos. Tendo o primeiro-ministro Wen Jiabao como supervisor, o plano deverá apontar uma série de objectivos para a inovação tecnológica e científica: desde missões espaciais até à segurança alimentar.
Mais importante, vai colocar um ponto final no debate patente entre políticos e académicos sobre se a China, como um país em desenvolvimento deve confiar maioritariamente nas tecnologias externas e contentar-se m sera “fábrica do mundo”, inundando os mercados internacionais com produtos baratos.
Isto seria um desenvolvimento bem vindo, particularmente numa altura em que as exportações da China, uma das forças motorizes do crescimento económico, estão a enfrentar cada vez mais barreiras alfandegárias e vários proteccionismos por parte dos parceiros comerciais. Mas num país em que as violações dos direitos de propriedade intelectual são “o pão nosso de cada dia”, procurar o desenvolvimento da inovação tecnológico é uma tarefa hercúlea. Para que esta intenção funcione, os dirigentes terão que colocar em cima da mesa as seguintes prioridades.
Em primeiro, devem ser reguladas e postas em prática regras efectivas de protecção da propriedade intelectual. Conflitos e torno da violação dos direitos de propriedade intelectual (DPI) têm sido um dos assuntos que tem causado maior fricção entre a China e os Estados Unidos, com Washington a dizer que as empresas americanas perdem milhões de dólares por ano por causa da pirataria. Apesar do comprometimento ao nível das autoridades chinesas, os esforços da China são vistos como pouco veementes.
Os Contrafactores não só atingem as companhias estrangeiras, como também as domésticas. Sem um empenho total na protecção dos DPI , os cientistas têm poucas razões e motivação para inovar.
Em segundo, o governo deve usar incentivos fiscais para encorajar as companhias a pôr de lado fundos destinados à investigação e desenvolvimento.
Em terceiro, como as companhias privadas mais que as estatais estão mais inclinadas para procurar a inoivalão tecnológica, o governo tem de estimular a criação e o desenvolvimento de “venture capital”, ou capital de risco, que apoie as experiências e investigalões tecnológicas e a sua aplicação.
Até ao momento, Pequim tem encarado os fundos de “venture” com suspeição , colocando-lhes barreiras regulatórias, tornando assim difícil o desenvolvimento dos fundos domésticos e o aparecimento de capitais estrangeiros nesse sentido.
Mais importante, a inovação só pode florescer num ambiente em que os inventores possam pensar e argumentar sem ter medo de serem perseguidos. É impossível imaginar o florescimento da inovação sob a repressão política.
Isto será um teste decisivo para a liderança chinesa, uma vez que a tendência vigente de apertar o controlo ideológico e sobre a liberdade de expressão em nome da manuteção da estabilidade, dificilmente vai ajudar no estímulo a uma cultura da inovação”.

Monday, October 17, 2005

Sãos e salvos

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Os taikonautas voltaram à Terra depois de cinco dias em órbita.
A propósito, esta é uma boa altura para reflectir sobre o programa espacial chinês. Começamos por ler "CHINA'S SPACE PROGRAMME" por B.Raman.

Thursday, October 13, 2005

A Prosperidade Comum

O Partido Comunista Chinês (PCC) aprovou uma estratégia de desenvolvimento que substitui as doutrinas próximas do capitalismo de Deng Xiaoping por uma política mais igualitária, que a imprensa oficial hoje classifica como "mudança revolucionária".
Na sessão plenária que decorreu entre sábado e terça-feira, o comité central do PCC adoptou a teoria da "Prosperidade Comum", acabando com a teoria de "Enriquecer Primeiro", que guiava a estratégia de desenvolvimento da China desde que Deng Xiaoping a propôs, em 1978.
"É um ajustamento histórico nos padrões dos planos quinquenais da China desde que o país alterou a sua estratégia de desenvolvimento nos anos 70", considera a agência noticiosa oficial Nova China, que define as teorias de Deng como "um afastamento dos princípios da igualdade, apesar de terem dado energia ao país".
Os plenários do PCC são considerados a ocasião mais importante do calendário político chinês, e foi no plenário de 1978 que Deng Xiaoping abriu a China ao capitalismo, iniciou as reformas económicas e permitiu a entrada do investimento estrangeiro, numa estratégia guiada pela teoria de "Enriquecer Primeiro" que permitia a algumas regiões e pessoas enriquecer primeiro que outras, sob o "Sistema de Mercado de Características Socialistas". (...)

Tuesday, October 11, 2005

A mecânica das coisas

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O aquecimento global está a causar o declínio ecológico do rio Amarelo pondo em risco o acesso a água de mais de 120 milhões de pessoas, alerta a associação ambientalista Greenpeace China num estudo hoje divulgado.
"Olhando para a região da nascente do Rio Amarelo, observamos os glaciares e o solo gélido a degelar, os lagos e afluentes a diminuir, a deterioração das áreas abertas e a desertificação do solo, ameaças causadas pelo aquecimento global e pelas alterações climáticas", refere o estudo encomendado pela Organização ecologista Greenpeace a uma equipa do Instituto de Pesquisa das Regiões Frias e Áridas da Academia de Ciências da China. (Lusa)


As autoridades chinesas concluíram que a corrupção na província de Guangdong, a mais rica do país, custou mais de 11 mil milhões de dólares americanos (nove mil milhões de euros) em cinco anos, refere hoje a imprensa local.
O valor, equivalente a cerca de três por cento do Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal em 2004, foi subtraído entre 2000 e 2004 por mais de 400 funcionários públicos de Guangdong, noticia o jornal oficial chinês em língua inglesa China Daily, que cita os resultados de uma investigação do Tribunal de Contas daquela província adjacente a Macau (...)

Um grupo de monges budistas, sempre encarados como alheios às coisas do mundo, iniciou hoje em Xangai um mestrado em gestão de empresas (MBA), lado a lado com gestores e executivos de topo, refere hoje a imprensa económica local.
Segundo o jornal chinês Economic Daily, os 18 monges, vestidos com túnicas amarelas e cor-de-laranja que simbolizam a renúncia e a vida sem desejos, frequentam aulas de engenharia organizacional, recursos humanos, marketing e gestão financeira. (...)

Sunday, October 09, 2005

A Doninha no Oriente

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Foi um espectáculo!
Esta noite os Da Weasel foram os cabeças de cartaz do "Festival da Lusofonia", em Macau.

Thursday, October 06, 2005

Ameaça, Paz. Desenvolvimento e Status Quo

"Despite widespread fears about China's growing economic clout and political stature, Beijing remains committed to a "peaceful rise": bringing its people out of poverty by embracing economic globalization and improving relations with the rest of the world. As it emerges as a great power, China knows that its continued development depends on world peace -- a peace that its development will in turn reinforce."

Este é o summary de um artigo ineteressante, publica pela "Foreign Affairs", que foge a uma tendência que tem proliferado nalguns círculos académicos e não só, nomeadamente nos Estados Unidos, cujo tom tem sido de "China-Ameaça". Não ignoro as ambições de poder da China, em especial na zona Ásia-Pacífico, nem que existe algo "beyong e behind the curtain" numa linguagem algo realista, no entanto receio que a retórica da "China como the next big threat" agudize o "security dilema" e se torne numa "self-fulfil prophecy".
Acerca da estratégia chinesa para as relações internacionais vale a pena ler com atenção "Is China a status quo power" de Alaistair Iain Johnston.

Wednesday, October 05, 2005

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Liuzhou, China. Fevereiro de 2005.

Sunday, October 02, 2005

Há 56 anos II

"O arsenal de defesa contra a Internet na China foi reforçado esta semana com a publicação de um novo regulamento que amplia a lista de temas tabu no país. Sites e blogues ficam a partir de agora proibidos de noticiar ou referir manifestações de protesto social que têm aumentado substancialmente nos últimos tempos.O texto legal proíbe os sites de informação que "instiguem reuniões, organizações, manifestações ou concentrações ilegais que perturbem a ordem pública". Ficam também sob a alçada das novas regras os sites que publiquem informações consideradas pelas autoridades falsas ou pornografia e conteúdos que "ponham em causa a segurança nacional, revelem segredos de Estado, subvertam o poder político [e] minem a unidade nacional"." in Público (sem link)

"Este tipo de regulamentos pode intimidar e controlar alguns sites, mas a longo prazo [as autoridades] estão a travar uma batalha perdida", declarou à Reuters Xiao Quiang, director do China Internet Project da Universidade da Califórnia (Berkeley, Estados Unidos).

Nem mais!

Há 56 anos

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Era criada a República Popular da China.