Saturday, December 13, 2008

“N'a pas voulu offenser”

Texto Publicado no jornal Hoje Macau em 11/12/2008

José Carlos Matias



Há quatro ou cinco anos o que se passou seria impensável. O então presidente francês Jacques Chirac nunca desafiaria Pequim ao encontrar-se com o Dalai Lama. A China, por consequência, nunca adiaria unilateralmente uma Cimeira com a UE. Quer isto dizer que a relação entre Pequim e Paris e mesmo entre a China e a UE mudou de características. Já desde 2006 que era bem visível que o namoro entre as duas partes – classificado por alguns apenas como um “trade love affair” – tinha evoluído para um casamento complexo. À luz da complexidade da interdependência nas relações sino-europeias, não há lugar a um divórcio. Em todo o caso, parece claro que estamos perante uma “crise conjugal”. Pequim já disse que o adiamento é uma forma de castigar o chefe de estado francês e não tem como objectivo fazer recuar a dinâmica de cooperação sino-europeia que tem crescido exponencialmente ao longo dos últimos anos. Contudo, o episódio comporta aspectos que vêm à tona e outros mais profundos e que mexem com as estruturas do relacionamento entre a China e a UE. Sendo cedo para tirar conclusões precipitadas, vale a pena olhar para o que está em causa à vista desarmada.

Sarkozy, a “bête noir”

No que diz respeito ao episódio que gera a polémica, esta não é, de facto, a primeira vez que Sarkozy “irrita” Pequim. Já em Abril o presidente francês tinha indicado que poderia boicotar a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos caso a China não dialogasse com o Dalai Lama. No dia 8 de Agosto, pelas 8 da noite, lá estava Sarkozy na tribuna VIP do Estádio Ninho de Pássaro. O presidente de França - país que desde Charles De Gaulle tem sido um dos aliados mais próximos da China – marcou presença também na qualidade presidente em exercício da União Europeia. Afinal, disse o antigo “enfant terrible” da direita francesa, Pequim estava a dialogar com o líder tibetano no exílio (um diálogo que parece não ter levado a lado algum, por enquanto).
Depois de ter escapado a um encontro com o Dalai Lama em Agosto, quando enviou a sua esposa Carla Bruni e o idealista chefe da diplomacia francesa Berard Kouchner, Sarkozy não quis repetir o número e desta vez “enfrentou” a China e encontrou-se com o Dalai Lama, na Polónia, numa cerimónia em que participaram outras personalidades a quem foram atribuídos Prémios Nobel da Paz.
Duas semanas antes, Pequim tinha elevado a parada ao adiar unilateralmente a cimeira UE-China, chocando alguns parceiros europeus, chefes de estado e de governo e empresários que estavam já de armas e bagagens em Lyon para o conclave e os contactos empresariais. A resposta chinesa surge aos olhos de muitos observadores (eu incluído) como muito pouco razoável, independentemente de se poder discutir sobre a (falta de) oportunidade do gesto de Sarkozy. Mas afinal por que razão decidiu a China “castigar” não só o presidente francês, mas também os parceiros europeus com uma atitude tão radical? Ainda por cima, numa altura em é muito importante o diálogo entre as duas partes num contexto de crise financeira e económica internacional.

Dualidade de critérios

À superfície foram explicados alguns argumentos. O analista chinês Feng Zongping escreveu na China Daily, pura e simplesmente, que Pequim não quer que os líderes ocidentais se encontrem com o Dalai Lama e os negócios continuem como se nada tivesse acontecido. Mas se este ano a chanceler alemã Angela Merkel ou o chefe de Governo britânico Gordon Brown se encontraram com o Dalai Lama, o que tem de tão grave este encontro? Um editorial no China Daily publicado na segunda-feira, dia 8 de Dezembro, esclarecia esta questão: pela primeira vez um presidente em exercício da União Europeia encontrava-se com o dito cujo Lama. Algo que equivaleria, na linha de argumentação chinesa a um encontro entre Hu Jintao e o líder da Frente Nacional de Libertação da Córsega. Esta justificação – de Sarkozy ser presidente em exercício da UE – esbarra noutra comparação que podemos fazer: George W. Bush, presidente dos EUA, também teve este ano um encontro com o senhor em causa. Provavelmente, aqui entramos numa outra questão - a forma diferente como a China trata das relações com os EUA e com a UE. É curioso verificar que dias depois de ter adiado unilateralmente a cimeira com a UE, Pequim recebeu de braços abertos o Secretário do Tesouro Henry Paulson, numa sessão do Diálogo Económico Estratégico que decorreu num tom amistoso. Recorde-se que há não muito tempo, Pequim orgulhava-se de ter uma relação bem mais harmoniosa com Bruxelas do que com Washington.
O francês Jean-Vincent Brisset, do Instituto Internacional de Relações Estratégicas de França, tem uma visão cortante e com traços realistas (no sentido teórico, de um mundo em que cada estado procura maximizar a sua posição relativa de poder sobre os outros). Em declarações à Revista Time, Brisset diz que a razão pela qual a China foi tão longe prende-se com o facto de Paris ter “repetidamente mostrado fraqueza ao claudicar perante a pressão da China”. Para este investigador, "a China apenas respeita aqueles que resistem às pressões, como foram os casos da Alemanha e do Reino Unido".
Numa outra leitura, o colunista norte-americano John Pomfret indicia que a “linha dura” da diplomacia chinesa está por detrás desta posição, à semelhança do que sucedeu no período inicial da “crise” do Tibete este ano.

De novo a ameaça de boicote

Tendo em conta os interesses estratégicos em causa, é importante agora fazer uma gestão desta crise. Antes disso é preciso perceber o que vai Sarkozy fazer para amaciar a sua abordagem a Pequim e se as ameaças de boicote a produtos franceses – numa nova versão depois dos protestos contra os supermercados Carrefour em Abril e Maio – se concretizam. O jornal China Daily escreveu que o presidente francês será o culpado por eventuais quebras nas vendas de produtos como a Louis Vuitton ou nos supermercados Carrefour. Mas o que mais preocupa Paris é um cenário de queda das encomendas de aparelhos Airbus em detrimento dos norte-americanos Boeing. Com este discurso, não é de admirar que nos fóruns da internet na China já abundem apelos ao boicote. Afinal, diz o jornal, a atitude de Sarkozy magoou não apenas os dirigentes, mas também o povo chinês. Tudo isto não augura nada de bom. Muitos europeus não entenderão boicotes e novas manifestações anti-França, especialmente numa altura em que o “soft power” da China sofreu uma grande erosão, num ano marcado pela forma como a Europa e os EUA entenderam os acontecimentos no Tibete e pelo escândalo dos produtos contaminados com melamina. Katinka Barysch, do Centre for European Reform, escrevia há dias no Wall Street Journal que o sentimento proteccionista face à China está a aumentar na Europa. Um estudo recente indica ainda que na Alemanha a China tem uma imagem cada vez menos favorável. Indicadores estes que, valendo o que valem, contrariam os dados de há quatro ou cinco anos, quando a emergência da China era encarada no Velho Continente como um aspecto positivo nas relações internacionais e uma oportunidade de negócios.
Para inverter esta percepção – resultante em grande medida do desequilíbrio da balança comercial, a favor da China - Dai Bingran, professor na Universidade de Fudan, considera fundamental que sejam afastadas as pulsões proteccionistas de forma a que seja dada prioridade ao aumento das exportações europeias para a China e não seja dada primazia à imposição de barreiras à entrada de produtos chineses no espaço europeu.

Por um “realismo visionário”

Todavia, convém não exagerar a importância destes sinais. Tudo será manejável. Pedindo emprestadas as palavras a Timothy Garton Ash, em “Only a strategic partnership with China will keep this new dawn bright”, no jornal the Guardian, é preciso nas relações UE-China um “realismo visionário”. Num texto escrito por altura do adiamento da cimeira, Ash faz um apelo para que não só seja mantido o nível da parceria, mas a um reforço para que sejam dados passos mais firmes - esses sim verdadeiramente estratégicos. No passado recente, as relações são, por vezes, condicionadas pelo que o historiador britânico chama dos quatro Ts: Trade, Tibet, Taiwan e Tiananmen. Para que esses Ts não assombrem os laços, Garton Ash propõe uma parceria focada em quatro objectivos: uma ordem económica global reformada, uma abordagem ao desenvolvimento multilateral e multidimensional (incluindo boa governação, transparência, estado de direito e democracia), energia e ambiente e reverter a proliferação nuclear.
O académico britânico defende que trabalhar com a China implica mudar a típica abordagem ocidental de estabelecer posições comuns e apresentá-las à China como exigências. O novo caminho, diz, deve passar por posições estratégicas genuinamente comuns. Também Jonathan Hoslag adverte que “qualquer política europeia face à China deve ter por base uma avaliação realista e não vistas curtas”. O académico belga salienta que “a inércia chinesa face ao proselitismo europeu não vai mudar em breve”. É que a RPC “está determinada em escrever a sua própria história e não aquela que lhe é ditada por outros”.
No futuro imediato, assim que a poeira deste episódio lamentável assente, o mais importante é ter em mente o essencial. Parafraseando Stanley Crossick, do European Policy Centre, no seu blogue, face ao cenário de depressão económica, vulnerabilidades do sistema financeiro mundial, mudanças climáticas, terrorismo ou segurança energética, os líderes europeus e chineses não podem deixar de trabalhar em conjunto por causa da questão do Tibete. Essa questão deverá ser tratada – sim – mas com base numa melhor percepção mútua da forma tão dispare como o assunto é percebido pelos líderes e opiniões públicas dos dois lados.

Wednesday, December 10, 2008

Um caminho ainda longo

No dia em é comemorado o 60º aniversário da Declaração dos Direitos Humanos, as autoridades chinesas continuam a dar sinais contraditórios. Alguns bem errados. O punho ainda é de ferro ainda que por várias vezes se veja a luva de veludo...

Police in Beijing have detained dozens of protesters gathered at the foreign ministry on the 60th anniversary of the UN Declaration of Human Rights.The protesters held up letters of complaint and called for action on illegal detentions and other abuses. BBC

Tuesday, December 09, 2008

Efeitos colaterais

A Freedom's Watch anunciou o fim das actividades. A organização, fundada no Verão de 2007 e fortemente financiada pela Las V egas Sands, é vítima da crise na operadora de Sheldon Adelson e da queda livre do preço das acções da empresa. Ao longo de pouco mais de um ano de existência, a Freedom's Watch deu um forte apoio à política de George W. Bush no Iraque e a vários candiatos do Partido Republicano nas eleições para o Congresso. Este grupo de pressão (lobby) está ligado desde o início à direita conservadora belicosa e ao sectores mais reaccionários entre a comunidade judaica norte-americana. Sheldon Adelson, patrão da Las Vegas Sands, era o seu maior financiador. William Weidner, número dois de Adelson, fazia parte da Administração da Freedom's Watch.
Não deixa saudades.

Sunday, December 07, 2008

A voz lúcida de Ash

Garton Ash
Este texto de Timothy Garton Ash é de longo alcance. Publicado um dia depois do adiamento unilateral, por parte de Pequim, da cimeira UE-China, o artigo indica o caminho a seguir para que a "parceria estratégica" seja de facto substancial. No momento em que pairam nuvens negras sobre as relações sino-europeias, Ash faz um apelo:

"When I say "we should start work with China", I mean exactly that. Not the old west working out a set of common positions and then presenting them to China, but attempting to work with China from the outset to forge common strategic positions".


O tom do autor contrasta com as vozes que, face a esta atitude (muito pouco razoável, diga-se) da China de adiar a cimeira por causa do encontro de Sarkozy com o Dalai Lama, pedem uma UE menos condescendente com Pequim.
Voltaremos a este assunto em breve.

Wednesday, December 03, 2008

Compreender o que se passou (passa)na Tailândia

manifestante tailandesa
Agora que alguma poeira vai assentando, vale a pena olhar com atenção para os acontecimentos dos últimos dias na Tailândia.

"The ouster of a constitutionally elected government may be only the beginning of trouble", Pokpong Lawansiri no Asia Sentinel.

"Qual é a situação dos Deputados dos Partidos dissolvidos? A Constituição não fornece a resposta e a interpretação que é feita do artigo que lhes permite transitar para outro Partido no prazo de 60 dias é de que não perdem os seus direitos como Deputados no entretanto. Contudo o Tribunal Constitucional foi chamado a tentar interpretar essa disposição legal.


"Espero que as feridas que originaram a luta civil tenham sido compreendidas por quem venceu a contenda. Só espero que agora os pobres, os humildes e aqueles que pouco ou nada têm e que a Thaksim se agarraram, por ele foram manipulados e usados, sejam, finalmente, contemplados com políticas sociais de justiça. Se tal não acontecer, dentro de cinco, sete, dez anos teremos de novo a repetição deste triste seriado".
Combustões.


"The PAD movement's damage to the Thai economy and its endorsement of a more limited version of democracy were the demonstration's rallying cries. As one spectator put it: "There are only three groups in Thailand: those who support the PAD, those who support Thaksin and those who want the problems to go away so they can make money."
Charles McDermid e Jakkapun Kaewsangthongno Asia Times.


"Despite its name, Pad is an anti-democratic movement that favours an appointed government. It claims democracy is unsuitable for Thailand because it leads to corruption of the kind highlighted in the case ruled on today. It has the support of the military. But the military has held back from intervening this time after a coup two years ago succeeded in removing Thaksin, but not his acolytes". Matthiew Weaver no The Guardian

Sunday, November 30, 2008

Novas Ligações (blogosfera deste lado)

Photobucket
A blogosfera a Oriente não pára de crescer. Eis algumas ligações a blogues em actividada há bastante tempo e que mereciam há muito estar na barra de links:

"Caderno do Oriente"
"Macau-Banguecoque"
"Combustões"

P.S: Por falar em blogues orientais, o Bairro do Oriente completa um ano de actividades. Parabéns!

Saturday, November 29, 2008

China e Paquistão: Amizade Nuclear

Texto publicado no Hoje Macau em 27-11-2008

José Carlos Matias

A strong China means a strong Pakistan”
Asif Ali Zardari, presidente do Paquistão de visita a Pequim em 15 de Outubro de 2008



A frase de Zardari poderia ser resumida na súmula do jogo de soma positiva (win-win game): O que é bom para a China é bom para o Paquistão e vice-versa. Mudam os governos em Islamabad, mas do ponto de vista estrutural a aliança com a China permanece intacta. A visita de Zardari em Outubro a Pequim trouxe à tona uma tendência de reforço das ligações que remontam a 1950 quando o Paquistão se tornou num dos primeiros países a reconhecer a então recém-criada República Popular da China.

O inimigo comum

Numa análise do estado das relações entre os dois países, em primeiro lugar vale a pena olhar para a evolução das relações sino-paquistanesas. Desde 1963 que as relações entre a China e Paquistão têm sido marcadas por uma “cordialidade invejável”, nas palavras do académico paquistanês Pervaiz Iqbal Cheema. Este clima tem sido uma constante, mesmo depois da reestruturação do sistema internacional, com o fim da Guerra Fria. Os confrontos fronteiriços entre a China e a Índia em 1962 deram um impulso aos laços entre Pequim e Islamabad cuja fundação se prende sobretudo com lógicas de aliança com base na balança de poderes no Sul da Ásia e com a percepção de ameaças – na terminologia de Stephen Walt, os Estados firmam alianças com base na percepção de ameaças externas (“balance of threat theory”). Findo de forma abrupta e violenta o curto período de amizade sino-indiana, a China virou-se para o rival e inimigo de Nova Deli para lançar uma base alargada de cooperação. Em 1965, na sequência da Guerra sino-paquistanesa, os EUA impuseram um embargo à venda de armas, que levou Islamabad a virar-se para Pequim, que não perdeu tempo a aproveitar a oportunidade, firmando vários acordos relativos a cooperação na área da defesa e infra-estruturas portuárias e militares. Mais tarde, noutro contexto – uma vez que Islamabad manteve canal com Washington – o Paquistão acabou por desempenhar um papel importante na aproximação entre a China e os EUA, no início dos anos 1970.

A balança de poderes

A política Chinesa para o Sul da China tem sido focada tradicionalmente na segurança das fronteiras sul e na prevenção de qualquer iniciativa expansionista da Índia. Nesse sentido a lógica da balança de poderes e de ameaça funcionou. Do lado paquistanês a aliança com Pequim é uma mais-valia crucial face a Nova Deli, pelo que o investigador Hunag Jing considera que “o Paquistão precisa mais da China que a China do Paquistão”. Regressando ao jogo de palavras em epígrafe, na citação de Zardari, sendo certo que uma China mais forte implicará um Paquistão fortalecido, o inverso não é necessariamente verdade. Para um poder médio como o Paquistão, nas relações com uma grande potência os critérios que servem de base para uma aliança devem estar centrados por uma lado na correcção de equilíbrios regionais, por outro no processo de desenvolvimento económico. Esta asserção aplica-se que nem uma luva às relações sino-paquistanesas.
De um ponto de vista geopolítico, ao passo que procura construir e fortalecer o seu arco de influência na Ásia, Islamabad não se importa com a emergência chinesa na medida em que os laços com Pequim ajudam Islamabad a reforçar o seu estatuto de poder regional. O Paquistão é, aliás, dos países vizinhos da China em que menos impacto tem a percepção da China enquanto ameaça. Não é por isso de estranhar que durante a passagem da tocha olímpica não tenha havido protestos anti-Pequim.

Laços económico-miliatares

As ligações económicas e ao nível da segurança e defesa têm caminhado lado a lado ao longo das últimas quatro décadas. A China tem dado um apoio significativo no apoio às actividades nucleares paquistanesas. Além disso, tem contribuído também para a modernização do armamento convencional do Paquistão. No longo prazo, o objectivo do Paquistão será alcançar um acordo semelhante ao que Nova Deli firmou com Washington para a comercialização de tecnologia, apesar de não ter assinado o Tratado de Não Proliferação Nuclear.
O apoio económico chinês também é significativo, sendo o Paquistão um destino de topo da ajuda ao desenvolvimento da China. Em Julho deste ano, foi assinado um acordo de livre comércio e um protocolo de investimento que deverá fazer ascender as trocas comerciais entre as duas partes um novo nível. O objectivo é, em 2011 duplicar os 7 mil milhões e dólares registados em 2007. Além disso, foram também assinados acordos para a criação de zonas económicas especiais de investimento chinês no Paquistão.
A visita de Zardari a Pequim em Outubro aconteceu também num contexto de grave crise financeira do Paquistão que precisa urgentemente de ajuda para lidar com sérios problemas de falta de liquidez e de escassez de reservas em dólares.

O espinho do fundamentalismo islâmico

Tendo em conta que o Paquistão considera compatível a situação de ter um forte auxílio económico e militar dos EUA e da China e que de Washington os ventos que sopram indiciam um resfriamento das relações, devido à questão das zonas tribais, é provável que Islamabad procure reforçar ainda mais os lados com Pequim. Do outro lado, considerando a falta de confiança mútua que permanece nas relações entre a China e a Índia, Pequim tenderá a continuar a acarinhar esta amizade nuclear. No entanto não se pense que “tudo são rosas” sem espinhos. Repetidamente, a China tem avisado o Paquistão para combater os grupos radicais islâmicos que lutam pela independência de Xinjiang, cujas bases se encontram nos países das antigas repúblicas soviéticas da Ásia central e também no Paquistão. Neste aspecto são, curiosamente, preocupações semelhantes às de Washington quanto às bases de grupos fundamentalistas islâmicos que usam o Paquistão como plataforma para atacar a presença norte-americana no Afeganistão.

Friday, November 28, 2008

Regrettable

China says it had "no choice but to postpone" a summit with the EU because of the French stance on the Dalai Lama, the Tibetan spiritual leader.

BBC

Pequim elevou a parada ao adiar unilateralmente a cimeira por causa do encontro de Sarkozy com o Dalai Lama. Uma decisão muito pouco razoável e que poderá deixar marcas.
Veremos o que acontece quando a poeira assentar.
Aos olhos de muitos europeus, a mensagem da China pode ser entendida da seguinte maneira:

Pulling out of the summit suggests that countering criticism on Tibet is a bigger priority for China's communist leaders than working with the EU and nations like France on solutions to the global financial crisis.

A Comunidade de empresários franceses com interesses na China está bastante preocupada - com razões para isso. O efeito deste episódio não deverá ser visível tanto ao nível das relações sino-europeias em geral; as consequências poderão ser materializadas nos laços entre Pequim e Paris, que ainda há três anos celebravam uma "amizade" que colocava a França na liderança da primeira liga das relações entre a China e a UE. Nas relações com Pequim, Sarkozy parece algo errático. Num olhar "pela rama" parece-me que há mão do ministro francês dos negócios estrangeiros, Bernard Kouchner, conhecido pelo seu activismo e idealismo em questões de direitos humanos, na atitude desafiante da diplomacia francesa. Dito isto, convém não esquecer que, para a China, um encontro entre Sarkozy e o Dalai lama equivale a Hu Jintao encontrar-se com o dirigente máximo da Frente Nacional de Libertação da Córsega.


Monday, November 24, 2008

Um olhar abrangente

sobre a China. Vale a pena acompanhar o Véu Pintado.

O Mundo em 2025

Há dias, foi divulgado um relatório do National Intelligence Council sobre as tendências mundiais para 2015. O documento pode ser descarregado aqui.
Segundo esta previsão, o mundo será cada vez mais multipolar, embora os EUA mantenham um papel dominante. Como tem sido referido, os BRIC - Brasil, China, , Índia e Rússia - vão ascender na distribuição internacional de poderes. Aspectos como o acesso aos recursos hídrigos e àgua potável, recursos energéticos e demografia vão ser determinantes na evolução da Economia Política Internacional.

population

world age structure

water scarcity

energy resources

Sunday, November 16, 2008

Macau: O fim do tempo das vacas gordas...(?)

Cotai
(Foto AP)

Ou a aterragem difícil depois da irrealidade especulativa.. Mas não está assim tão negro quanto possa parecer. Em todo o caso, com este clima financeiro internacional, a imprevisibilidade e a falta de confiança imperam...

Olhares sobre a situação de Macau na imprensa internacional:

"The 'Miracle of Macau' faces stark reality", The Guardian.
"Las Vegas and Macau hit as high-rollers come down to earth", Telegraph.
"Place your bets", The Economist.
"Macau's casino boom feels the pinch", Al Jazeera

Tuesday, November 11, 2008

Sunday, November 09, 2008

Artigo 23

Está em fase de consulta pública o projecto de Lei de Defesa da Segurança do Estado (regulamentação do Artigo 23 da lei Básica de Macau).
O blogue Artigo 23 do jornal Hoje Macau - uma óptima iniciativa - é um bom veículo para ter acesso ao que tem sido publicado em língua portuguesa sobre o tema. A Rádio Macau transmitiu este fim-de-semana um debate cativante sobre o projecto de lei. Os juristas Nuno lima Bastos e António Marques da Silva, assessor da Secretária para a Administração e Justiça, dirimiram argumentos e deram o seu contributo num debate conduzido por Giberto Lopes. Vale mesmo a pena ouvir; Basta clicar aqui.

Rumo a um "quanmindang"?

Texto Publicado no Jornal Hoje Macau no dia 06/11/2008

José Carlos Matias

A Constituição do Partido Comunista Chinês (PCC) não deixa margem para grandes dúvidas. Logo no primeiro parágrafo do programa geral do PCC, é referido que o partido é “a vanguarda da classe trabalhadora do povo e da nação chinesa”. Uma formulação de cariz marxista-leninista que é completada logo de seguida com a declaração que o PCC lidera a promoção do “socialismo com características chinesas e representa as forças produtivas avançadas”, numa alusão quer a Deng Xiaoping, quer à Teoria das Três Representações formulada por Jiang Zemin. A forma como o PCC tem evoluído com os tempos e como abandonou a lógica classista operária-camponesa para abraçar a economia de mercado e integrar nos seus quadros a burguesia (forças produtivas avançadas) tem suscitado um debate alargado entre os observadores do PCC sobre a natureza do Partido e os caminhos que esta organização com mais de 70 milhões de militantes poderá seguir no curto e médio prazo.(Continuar a ler no Sínico Esclarecido)

Friday, November 07, 2008

A China, Macau e os Países de Língua Portuguesa

"Cementing Sino-Luso relations", by José Carlos Matias
Macau Business magazine

"There is no doubt that since the inception of the Forum for Cooperation between China and the Lusophone Countries, bilateral trade has skyrocketed and huge Chinese investments have flowed into Portuguese-speaking Africa and Brazil.
But five years after the first ministerial session, how much of this can be credited to the Forum?" Ler artigo completo aqui

Thursday, November 06, 2008

Shame

"A partir de Janeiro, os trabalhadores dos casinos vão ter uma placa a indicar se são residentes ou não .As placas destinam-se aos funcionários da linha da frente".
Eis algo de muito lamentável que envergonha a RAEM. Por várias razões. Resta esperar que a razão, o bom senso e a tolerância revertam esta situação que nos traz à memória o que a História tem de menos dignificante.
Reportagem da TDM disponível aqui.

Wednesday, November 05, 2008

The tide has changed

obamaxangai
Foi de facto um dia especial. E um discurso soberbo! Agora fazem-se as contas aos desafios "hercúleos" que a futura Administração Obama terá pela frente.
Deste lado do mundo, prestamos atenção à forma como a China encara a aleiçãode Obama e como o prediente eleito lidará com as relações sino-americanas.
Eis alguns sinais...

“Obama gives greater confidence to people of the Third World,” Yang said, after the photo. “We, the black, yellow, and other races, can be the same as the whites! We struggled for independence and, finally, won that. Now we have won in another field—political affairs—and in a superpower no less.”
Evan Osnos no The New Yorker

"Given China's size, its muscular manufacturing capabilities, its military buildup, at this point--and also including its large trade deficit--at this point, who has more leverage, China or the U.S.?

Obama: Number one is we've got to get our own fiscal house in order. Number two, when I was visiting Africa, I was told by a group of businessmen that the presence of China is only exceeded by the absence of America in the entire African continent. Number three, we have to be tougher negotiators with China. They are not enemies, but they are competitors of ours. Right now the United States is still the dominant superpower in the world. But the next president can't be thinking about today; he or she also has to be thinking about 10 years from now, 20 years from now, 50 years from now".

Excerto de um debate nas primárias do Partido Democrata.

"Asia's leaders, led by an ascendant China, say they hope Barack Obama didn't really mean those campaign promises to protect American trade. And if he did, they are in better shape to object than ever before". "China, Emerging Asia to Fight `Protectionist' Obama", Bloomberg



Monday, November 03, 2008

Late Monday Post (Leituras Pós-Dominicais)

"Em género de primeiro balanço pode-se dizer que o mandato de Ho Hau Wa, como chefe de executivo da RAEM, tem sido marcado, de forma positiva, por uma aposta ganhadora na centralização do modelo de desenvolvimento económica na indústria do Jogo e das diversões através da liberalização do acesso ao respectivo mercado (...) Chefe do Executivo preferiu reforçar os laços com o Primeiro Sistema, alinhar as prioridades de Macau com a agenda política nacional de Pequim do que prosseguir um curso próprio. Talvez o não tivesse podido fazer de outra forma dados os laços estreitos das associações empresariais da RAEM com estruturas importantes do Estado chinês."
A doce leveza do fim, Arnaldo Gonçalves no Jornal Tribuna de Macau

"The damage China does to itself by its clumsy public presentation is obvious—though apparently not yet obvious enough to its leadership. For outsiders, the central problem is that a country that will inevitably have increasing and perhaps dominant influence on the world still has surprisingly little idea of how the world sees it".

Their Own Worst Enemy
, James Fallows, Atlantic.

"During the past two years, commentators have portrayed China's engagement in Africa as successful and a challenge to traditional donor policies and geostrategic interests. On the surface, China's bilateral and unconditional dealings with African governments seems to have undermined European efforts towards sustainable development. But Chinese and African officials claim China's "soft" diplomacy has been more preferable and successful than Europe's conditional overtures. In light of such developments, the EU has increasingly found itself under zugzwang, a position in which a chess player is compelled to move".
EU puts Africa ball in China's court, Bernt Berge no Asia Times.

Saturday, October 25, 2008

ASEM Assim

Texto Publicado no jornal Hoje Macau em 23-10-2008

José Carlos Matias

Este fim-de-semana, líderes dos 27 países da União Europeia, das 10 nações da ASEAN – Associação das Nações do Sudeste Asiático – juntamente com a China, Japão, Coreia do Sul, Mongólia, Índia e Paquistão encontram-se em Pequim para a sétima cimeira do ASEM (Asia-Europe Meeting). Doze anos após o primeiro encontro, muito se tem escrito sobre a natureza deste fórum de diálogo inter-regional de características únicas e potencialidades imensas, mas que pouco tem produzido em termos de resultados concretos.
Desta vez, no entanto, tendo a crise financeira internacional como pano de fundo, o encontro ASEM bem que poderia dar indicações sobre medidas globais para fazer face àquela que é considerada a pior crise financeira desde a II Guerra Mundial. A UE tem clamado por uma reforma do sistema financeiro global. Em Pequim, poderiam ser dados alguns sinais concretos. Tanto mais que na capital chinesa estão presentes dirigentes de países que somam 3870 milhões de pessoas, ou seja o equivalente a 58 por cento da população mundial. Neste grupo apenas faltam a Austrália, Rússia, Estados Unidos, Brasil e África do Sul para estarem representados os países mais industrializados e as potências do mundo em desenvolvimento. Numa altura em que o mundo se torna, nas palavras de Farred Zakaria, gradualmente “Pós-Americano” e num século que vai ser marcado, de acordo com Kishore Mahbubani, pelo “Hemisfério Asiático”, que função papel e relevância tem o ASEM? Mais: em que medida interessa às várias partes envolvidas a criação de uma rede institucional mais forte e o aprofundamento desta interessante dinâmica inter-regional que teve início em 1996?

ASEM cada vez maior

A ideia inicial foi lançada pelo então primeiro-ministro de Singapura, Goh Chok Tong. Em meados dos anos 1990, quando a poeira do fim do mundo bipolar assentara, um diálogo entre a maior potência comercial do mundo e a Ásia Oriental onde residiam (e residem) as economias emergentes mais dinâmicas era visto como lógico, útil e pleno de potencialidades. Na primeira cimeira, em Banguecoque, na altura ainda com apenas 28 países, o ASEM lançou as pedras para três iniciativas centrais: lançar um plano de Promoção de Investimento, criar o Asia-Europe Business Forum, a Asia Europe Foundation e o Asia Europe Technology Centre
A primeira cimeira beneficiou de ventos de optimismo face a este novo tipo de relacionamento nas relações internacionais. O diálogo tocou assuntos tão diversos como o multilateralismo, reforma das Nações Unidas, diálogo inter-cultural, cooperação tecnológica, ambiente, combate à pobreza, educação, além do comércio e investimento, entre outros.
Ao longo das seis cimeiras já realizadas o número de participantes foi aumentando, à medida que a UE se alargava à Europa de Leste. No ano passado, a Índia, Paquistão e Mongólia foram convidados e aderiram ao ASEM, dando uma nova dimensão inter-regional e trans-reagional a este fórum: o que começou por ser um encontro entre a Europa Ocidental e a Ásia Orienta, passou a incluir, devido ao alargamento da UE, a Europa Central e parte do leste europeu e – mais importante – as duas maiores potências da Ásia do Sul. Com tantos membros, este clube tornou-se ainda mais heterogéneo e um chapéu debaixo do qual se movimentam sub-dinâmicas regionais, bilaterais e inter-regionais. No contexto da ASEM há desde o início dois processos que tinham tido início anteriormente, mas que se desenvolveram e aprofundaram ao longo destes doze anos: a relação UE-ASEAN e a dinâmica ASEAN Mais Três – Sudeste Asiático coma China, Japão e Coreia do Sul. Por outro lado, subjacentes ao Encontro Ásia Europa estão as relações UE- China e recentemente Bruxelas-Nova Deli. Além disso, este tipo de organizações multilaterais abrangentes são adequadas para que problemas bilaterais sejam dirimidos e moderados de forma bem mais eficiente do que através do mero diálogo bilateral entre dois estados. Por exemplo, espera-se que em Pequim, os dirigentes do Camboja e da Tailândia se encontrem para falar sobre o problema fronteiriço que se tem agudizado ao longo ao longo dos últimos meses.
Na base do ASEM estão quatro pontos cardeais que guiam todo este processo: informalidade, multi-dimensionalidade. Ênfase em parcerias em plano de igualdade e perspectiva dual baseada quer nos contactos de alto nível quer nas relações entre actores da sociedade (people-to-people links).

E os salto qualitativos?

As palavras, princípios orientadores e declarações de intenções têm sido estimulantes, mas, na prática, o ASEM deixa algo (bastante) a desejar. Há várias razões para que o ASEM não se tenha ainda transformado numa verdadeira organização inter-regional com um vector institucional significativo e uma rede de diálogo a vários níveis. Numa análise bem interessante, o académico alemão Jurgen Ruland salienta que, por norma, os fóruns inter-regionais são, sem excepção, superficiais, uma vez que os países envolvidos não estão interessados em investir substancialmente numa “governance” que materialize as palavras de ocasião. Por outro lado, quanto mais nações estiveram envolvidas, mais dispersos são os interesses e o sentido estratégico das relações. Já Christopher Dent considera que o ASEM é um exemplo de um “regime cooperativo” que incorpora aspectos da “interdependência complexa que prevalece no sistema internacional”. Face a esta análise, José Sales Marques perguntava, numa conferência realizada há três anos pelo Fórum Luso-Asiático, em Macau, “onde estão os vários níveis de diálogo permanente? E a sociedade civil?”.
Numa lógica de balança de poderes internacionais, o ASEM deve ser entendido numa fase inicial como uma resposta ao processo do APEC – Asia Pacific Economic Cooperation – lançado em 1989, que integra os EUA, México, Canadá, países da costa do Pacífico da América do Sul, Austrália, Nova Zelândia, China, Sudeste Asiático, Japão, Coreia do Sul e Rússia. A atitude unilateralista de Washington nos anos da Administração Bush “empurrou” os países asiáticos que fazem parte dos dois blocos para a valorização dos laços com a UE.
Além das contas que se podem fazer sobre o peso absoluto e relativo de cada uma das potências sobre as restantes, o ASEM apresenta aspectos interessantes com impacto no médio e longo prazo. Por exemplo, Julie Gilson sublinha que o processo ASEM tem contribuído para a forma como o lado asiático se encara como um grupo com afinidades e interesses comuns face ao bloco europeu. Além disso, sobressai no ASEM uma dinâmica de construção de identidades através da intersubjectividade euro-asiática. Este tipo de processo é no entanto difícil de medir, sendo por vezes pouco palpável. Ou seja, será eventualmente mais visível noutra fase deste Fórum. Até lá, Jurgen Ruland pede: aprofundem-se as instituições. “Essa a é a melhor forma de desenvolver uma utilidade multilateral ao ASEM”. E, já agora, uma vez que Singapura é sede da Asia-Europe Foundation (ASEF) – Macau poderia quiçá desempenhar um papel activo em eventos e projectos de cooperação, como actor sub-nacional. Afinal estamos a falar do Encontro Ásia-Europa.

Saturday, October 18, 2008

Em curso (mudanças)

1. Wen Jiabao assume que o governo também tem responsabilidades no escândalo do leite contaminado com melamina. Numa entrevista à revista norte-americana Science, o primeiro-ministro afirma:
"We feel that although problems occurred at the company, the government also has a responsibility (...) I once again solemnly emphasize that it is absolutely impermissible to sacrifice people's lives and health in exchange for temporary economic development"
Os mais cépticos podem dizer ... "So What?". Mas a verdade é que uma declaração destas seria impensável há não muito tempo. A forma de lidar com as crises mudou em definitivo. E Wen Jiabao personifica da melhor forma essa mudança gradual.

2. Numa outra nota positiva vinda de Pequim, o governo central decidiu tornar permanente o conjunto de regras criadas a propósito dos Jogos Olímpcios para as actividades dos jornalistas estrangeiros. Com as limitações que ainda existem e tendo em conta que por vezes as autoridades locais não colocam em prática essas regras (o que acontece com muitas outras medidas tomadas a partir de Pequim), não se pode deixar de sublinhar a importância deste passo. Este é um sinal contrário à retórica dos que diziam que depois dos Jogos, a mão de ferro iria ser de novo esmagadora. Aguardemos os passos seguintes, sobretudo se haverá evoluções no que diz respeito às actividades dos jornalistas dos "media" da China continental.

Wednesday, October 15, 2008

sinais

1.Em Hong Kong, a economia "mais livre do mundo", onde o capitalismo flui sem intervenção significativa do estado, o governo vai avançar com a legislação para introduzir o salário mínimo. Uma dor de cabeça para os fundamentalistas do mercado. Espero que os senhores da Heritage Foundation não fiquem zangados... E para quando em Macau?
"HKSAR to introduce legislation on statutory minimum wage", Xinhua.

2. Paulo Krugman, um respeitável neo-keynesiano, ganhou o Prémio Nobel da Economia. É certo que a distinção deve-se - e bem - ao seu contributo no mundo académico para o entendimento do comércio internacional, mas não se pode ignorar que enquanto intelectual público, Krugman é das vozes mais interessantes e desassombradas do centro-esquerda norte-americano (como se diz por lá , nos EUA, "liberal", no sentido político). A propósito, vale a pena ler o seu último livro.

Saturday, October 11, 2008

Devolver o "quan" ao povo

Texto publicado no Jornal Hoje Macau em 09-10-2008.

José Carlos Matias

O plenário do Comité Central do Partido Comunista Chinês (CCPCC) que se reúne nestes dias é considerado o mais importante dos últimos anos. Hu Xingdou, professor no Instituto de Tecnologia de Pequim, defende mesmo que este é o “plenum” mais relevante desde o início dos anos 1990. Pode parecer exagero, mas o certo é que há razões para olhar para este encontro com a máxima atenção. O CCPCC está reunido numa altura em que o mundo treme com a crise financeira internacional e num contexto de abrandamento do crescimento da economia chinesa. O conclave acontece após meses de exposição intensa da China face ao exterior, com o terramoto de Sichuan, os Jogos Olímpicos e escândalo do leite contaminado com melamina. Além do mais, em Dezembro passam 30 anos sobre o famoso discurso de Deng Xiaoping perante o CCPCC, quando pediu aos seus camaradas para emanciparem as mentes (do maoísmo) e abraçarem um novo rumo marcado pelas reformas e abertura (“Gaige kaifang”). Nos próximos quatro dias, na agenda de trabalhos, está o novo impulso que a liderança Hu-Wen quer dar às reformas, especialmente no que diz respeito ao mundo rural, onde vivem ainda mais de 700 milhões de pessoas. Em concreto que reformas deverão ser discutidas? A nova fase da “emancipação das mentes” implicará reformas políticas e administrativas com algum impacto?

Depois do “li”, venha o “quan”

Apesar de todas as transformações, interpretar os sinais políticos na China ainda é, parafraseando o sinólogo Simon Leys (pseudónimo do belga Pierre Ryckmans) algo semelhante à “arte de interpretar inscrições inexistentes escritas com tinta invisível numa página em branco". Em todo o caso, vale a penar anotar alguns sinais e declarações. Desde logo as palavras do líder do PCC na importante província de Henan. Zhang Chunxian afirmou que se nos últimos 30 anos a prioridade foi devolver o “li” (利 – no sentido de interesses económicos) às pessoas, agora o importante é devolver o “quan” ao povo. Numa tentativa de interpretar estas palavras, Wu Zhong, analista do Asia Times, salienta que o conceito de “quan” (权) é ambivalente: tanto pode traduzir-se por direitos como por poder. Provavelmente Zhang preferiu, propositadamente, não desfazer a dúvida.
Uma primeira leitura tem a ver com a prioridade anunciada pelos órgãos oficiais à agricultura. No plenum os membros da cúpula do PCC vão delinear políticas que privilegiam a China que vive no campo e que tem beneficiado menos com o processo das reformas económicas que trouxeram prosperidade sobretudo às zonas costeiras e às cidades.

A atenção ao mundo rural

O eixo Hu-Wen é conhecido por ter muito mais sensibilidade para as questões rurais que Jiang Zemin e Zhu Rongji. Pouco depois de ter assumido a chefia do partido e do estado, a Quarta Geração (“disidai”) tomou várias decisões com vista à redução substancial da carga fiscal imposta aos camponeses e às suas famílias. No ano passado, a Assembleia Popular Nacional aprovou um pacote de medidas que incluiu a gratuitidade do ensino primário para as famílias que vivem nas zonas rurais e uma expansão do sistema cooperativo e cuidados de saúde. Sem dúvida que este conjunto de medidas – corte drástico da carga fiscal e apoios na saúde e educação – constituíram passos positivos no apoio às zonas rurais. Mas isso não fez com que as revoltas e protestos no campo tenham aparentemente diminuído. A aquisição por parte dos governos locais de terras usadas (mas não detidas) por camponeses para serem entregues a projectos imobiliários ou industriais tem gerado protestos por vezes violentos. De resto, a instabilidade e os problemas que afectam as zonas rurais têm sido questões plenamente assumidas pela liderança chinesa em inúmeras ocasiões. O percurso de Hu Jintao, que chefiou o partido em províncias do interior e menos abastadas como Guizhou e Tibete, e o talento de Wen Jiabao para “falar ao coração” dos camponeses são factores que potenciam a promoção deste tipo de políticas. Por outro lado, a ausência de medidas de promoção do bem-estar dos direitos da população que vivem nas zonas rurais poderia colocar em causa não só a estabilidade social como a legitimidade do Partido. Contudo, essa necessidade de preservar alguma “harmonia social” implica outros passos mais audazes. Wu Zhong indaga se “quan” poderá significar direitos ligados à propriedade rural. Actualmente, os camponeses podem “arrendar” o uso da terra através de um contrato normalmente válido por 30 anos, mas, na prática, os governos locais podem resgatar uma propriedade em nome do interesse do estado. Isso acontece muitas vezes sem que os camponeses tenham uma compensação adequada, o que tem gerado inúmeros protestos.

Que direitos e poderes?

Sendo muito improvável que sejam dados passos no sentido da privatização dos terrenos agrícolas, faz todo o sentido que sejam levadas a cabo mudanças no sistema de gestão e uso das terras por parte dos camponeses. Por exemplo, Wu especula se o direito de uso dos terrenos poderá ser atribuído às aldeias colectivamente. Assim, sempre que uma empresa quisesse usar essa propriedade teria que negociar com os líderes dos comités de aldeia. Um cenário destes poderia retirar a dirigentes e membros locais algum (ou muito) espaço de manobra para os conluios que tantos protestos têm causado.
Numa outra interpretação, o “quan” enquanto poder poderá implicar o reforço de mecanismos de auscultação e consulta quando do processo de tomada de decisões. É nesse sentido que devem ser entendidas as palavras de Hu Jintao e Wen Jiabao quando salientam que é preciso aprofundar a “democracia socialista com características chinesas”. Tudo poderá passar pelo que Yu Keping chama de democratização gradual. Em “Ideological Change and Incremental Democracy in Reform-Era China”, Yu, que ficou famoso pelo texto “Democracy Is a Good Thing”, considera que sendo a participação cívica essencial na democracia política, a melhor forma de avançar com as reformas políticas é “alargar a participação política por parte dos cidadãos”. Sendo esta uma asserção de “La Palisse”, não deixa de ter algum significado considerando que Yu é director adjunto do Departamento de Tradução do partido Comunista Chinês e que tem sido a voz mais audaz, nas estruturas dirigentes do Partido, na defesa da “democracia” como algo de bom para a China. Democracia essa gradual, de acordo com as características e necessidades da China e, claro, tendo o PCC como líder em todo o processo.

O “li” também inspira cuidados

Além de se poder especular sobre que tipo de “quan” será devolvido ao povo, é oportuno também ter em conta que o “li” (interesse económico) está a passar por um período diferente dos tempos em que o céu parecia o limite. Wen Jiabao tinha avisado em Fevereiro que este seria um ano difícil para a economia chinesa. Tudo começou com as tempestades de neve que paralisaram parte do país durante vários dias. Ao mesmo tempo, a inflação começara a atingir níveis alarmantes, sobretudo no custo dos alimentos. Com a subida dos custos de produção, valorização do yuan e com a perspectiva de uma crise económica nos mercados de consumo e exportação da maioria dos bens produzidos na China, certamente que “o motor” que tem gerado crescimentos anuais de cerca de dois dígitos inspira cuidados.

Friday, October 10, 2008

A China e a crise financeira internacional

Sendo os EUA, a Europa e o Japão os principais mercados de consumo dos produtos "made in China", em Pequim a crise nos mercados financeiros estará a sera companhada com especial preocupação. Citando o director-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn:
"It would be very surprising if a power like China would just be looking at the crisis from a balcony without being very concerned"

No mesmo sentido, o presidente do banco Mundial, Robert Zoellick, disse
"This is part of the process of China becoming a stakeholder (in the global economy) and a constructive one"

Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI tem esperança que Pequim vai agir:
"it is clear that they (China) have the means to make a difference. And it may be that they will"

Afinal, a China é o segundo país com amior reserva de obrigações do Tesouro norte-americano, num total de 518.7 mil milhões de dólares.
Esta é uma mais uma oportunidade para a China se mostrar ao mundo como um actor essencial e crucial para a estabilidade financeira global, na sequên cia do que já fez, ainda que noutras circunstâncias, quando da Crise Asiática de 1997.
Mas em concreto o que pode e quer Pequim fazer? quando e como?

Thursday, October 09, 2008

China-Ocidente: percepções

Interessante esta crónica de Manfred Elfstrom:

"While today''s portrayal of China is an improvement over the naive (and often condescending) coverage of the past, Western journalists must begin to move beyond the shock value of recent turmoil and present a truly diverse country and, especially, a diverse Chinese history to their audience. What does it mean when workers on strike carry portraits of Mao Zedong? Which era''s slogans are used in peasant land disputes? What are the origins of today''s hukou system of household registration? These are details, but they reveal an event''s sources, goals and possible results".


In "Can Westerners see China as they see themselves", CEG.

Sunday, October 05, 2008

Thursday, October 02, 2008

Wednesday, October 01, 2008

Sunday, September 28, 2008

Um Novo Salto


Texto publicado no Jornal Hoje Macau em 25-09-2008

José Carlos Matias

Depois de, em 2003, na missão Shenzhou V, ter colocado o primeiro chinês no espaço - Yan Liwei o primeiro “taikonauta” – e de em 2005 ter colocado dois astronautas em órbita, na missão Shenzhou VI, com um ano de atraso face ao previsto inicialmente, a China dá um passo importante ao lançar três astronautas (taikonautas) para o espaço, cuja missão é realizar um “Space Walk”, ou seja realizar operações fora da nave espacial fora da cápsula.
Caso Pequim consiga cumprir o calendário previsto, até 2020 a China poderá ter em órbita um Laboratório Espacial. Pouco depois, os “taikonautas” poderão alunar, no culminar de uma “Longa Marcha”, que teve início em meados dos anos 1950, quando Qian Xuesen regressou à China, oriundo do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos EUA, com o sonho de colocar o seu país ao lado dos EUA e da URSS como potência espacial. O processo foi tortuoso até 1999, quando Pequim lançou a primeira missão espacial não-tripulada a Shenzhou I.
O que está por detrás desta dinâmica chinesa no espaço? Que vantagens traz um programa espacial com custos financeiros muito avultados e com benefícios pouco óbvios no curto prazo?

Benefícios múltiplos

Um olhar sobre o “Livro Branco das Actividades Espacial da China” permite desde logo salientar que o programa espacial está ao serviço da estratégia compreensiva de desenvolvimento do país. Isto aplica-se quer no plano doméstico, quer na política externa chinesa. Joan Johnson-Freese lembra que aspectos como “orgulho doméstico, prestígio internacional, desenvolvimento económico e desenvolvimento de tecnologia de uso dual (científico e socioeconómico) estão na base da organização de missões espaciais tripuladas”. Além destes factores, é sabido que os programas espaciais estão normalmente relacionados com a modernização militar. Ou seja, um programa espacial tem efeitos multiplicadores e multi-direccionais que podem despoletar um ciclo virtuoso na economia, ciência e nas forças de defesa.
No caso da China, cada um destes factores encaixa-se nos desafios e ambições que o país tem pela frente. Como já se verificou no passado com as naves Shenzhou V e VI, o sucesso das missões é explorado internamento como forma de promover o orgulho nacional e o patriotismo. Naturalmente que esta projecção de poder tem igualmente uma função externa no processo em curso de emergência do país enquanto potência potencialmente capaz de ombrear no futuro com os EUA e a Rússia no espaço. A este nível, o primeiro efeito é regional: Pequim tomou a clara liderança no contexto asiático face às duas outras potências regionais: Índia e Japão. No que diz respeito aos benefícios económicos, os programas espaciais geram novas possibilidades de inovação tecnológica que mais tarde pode ser aplicada na sociedade civil e na economia, tornando-a mais dinâmica e moderna, em virtude do investimento feito em investigação e desenvolvimento.

As palavras e os actos

O programa espacial chinês deve também ser entendido tendo em conta a ambição da China de fazer parte da Estação Espacial Internacional, um projecto que inclui as agências espaciais da Europa, Rússia, EUA, Japão e Canadá. Pequim não conseguiu ainda entrar neste clube sobretudo devido à oposição de Washington que, como que olhando-se ao espelho, duvida dos objectivos pacíficos da estratégia da China para o espaço. Aliás, a questão da militarização do espaço tem contornos “orwelianos”. Por um lado, a China compromete-se a utilizar o espaço para fins pacíficos ao mesmo tempo que em Janeiro de 2007 realizou um teste anti-satélite com um míssil balístico que destruiu um satélite meteorológico desactivado. Por outro lado, os EUA duvidam das intenções de Pequim, quando simultaneamente em 2006 o Office of Science and Technology Policy do governo norte-americano referia que regimes de controlo e restrição da utilização de armas no espaço “não devem impedir os direitos dos EUA de investigar, desenvolver e testar operações no espaço de acordo com os interesses nacionais”. No que diz respeito à utilização de armas nucleares no espaço, ainda que rejeite a soberania de qualquer nação sobre o espaço, um documento orientador das políticas espaciais dos EUA - American National Space Policy paper – indica que os Estados Unidos devem desenvolver actividades nesse sentido, caso isso esteja de acordo com a estratégia norte-americana ao nível da segurança interna e dos interesses da política externa.

Desconfiança sino-americana

As preocupações de Washington face às ambições do programa espacial chinês tinham sido já evidentes quando os EUA criticaram a União Europeia por ter firmado um acordo com Pequim em que a China se tornou no principal parceiro externo no desenvolvimento do sistema europeu de navegação e posicionamento – o Galileu. Nos EUA, o cenário de tropas chinesas utilizarem um sistema de navegação europeu - de aliados - em operações militares contra forças apoiadas pelos EUA num cenário hipotético de guerra no estreito de Taiwan é visto como inaceitável.
O olhar de desconfiança não é um exclusivo nos EUA. Na Índia, A.V. Lele, analista do Instituto indiano de Análise e Estudos de Defesa alerta que o programa espacial chinês que inclui satélites geoestacionários e veículos de lançamento, estações espaciais terrestre e um sistema de navegação - o Beidou II -, vai contribuir para a modernização militar do Exército Popular de Libertação (EPL) e, em consequência, será uma potencial ameaça para os EUA e para os aliados dos norte-americanos na região.
Tal como acontece com certas análises nos EUA sobre a emergência da China como ameaça, parte do que é referido por alguns analistas de “think tanks” nasce de um exagero sobre as reais capacidades da China. Além disso, é evidente também que as lógicas da China-Ameaça e do “Perigo Amarelo” no espaço também intoxicam o debate.
Em Pequim, existe uma abordagem dúbia e realista. Por um lado, Pequim pede esforços para que seja firmado um acordo internacional que possa proibir a utilização de armas no espaço; por outro realizou o teste anti-satélite e parece, em privado, perceber que podemos estar num ponto sem retorno neste processo. Em 2004, um documento do EPL referia que na preparação para ganhar a guerra da informação e alta tecnologia, dominar o espaço é essencial.

Dos exageros à importância da cooperação

Não desvalorizando o que está em causa, vale a pena prestar atenção ao que tem dito Gregory Kulacki, analista da Union of Concerned Scentists. Em primeiro lugar, muita da informação que está a servir de base para o que dizem alguns analistas nos EUA tem por base artigos de credibilidade e autoridade muito duvidosa. Por exemplo, em 2004 foi noticiado que a China estava a desenvolver micro-satélites parasitas. Contudo a fonte dessa informação era um blogger desconhecido. Após ter analisado centena de artigos e documentos, Kulacki concluiu que nos EUA muitos autores não sabem distinguir fontes credíveis de não-credíveis e artigos com autoridade dos que apenas expressam rumores ou opiniões.
Quer isto dizer que existem graves falhas de comunicação e mal-entendidos sobre as intenções de cada um dos lados. No jogo das percepções, a realidade muitas vezes não se cola às narrativas mais sensacionalistas. Um acordo sobre o desarmamento no espaço - que já foi pedido pela Rússia e pela China, mas recusado pelos EUA – seria um passo importante. É necessário criar regimes seja no âmbito da ONU ou do clube de potências espaciais. Quanto aos EUA e a China, não seria má ideia a criação de um mecanismo de diálogo estratégico sobre questões espaciais, à semelhança do que acontece com os assuntos relacionados com a economia e finanças. Por si, poderia não dissipar a desconfiança mútua, mas pelo menos institucionalizaria o diálogo sobre algo tão sensível.




Thursday, September 25, 2008

Macau-China


1
. O Financial Times e o Asia Times já tinham publicado artigos sobre o fim da era do "céu é o limite" no crescimento do jogo em Macau. Agora é a Xinhua a traçar um cenário bem mais preocupante:

"Macao's gaming revenue growth slowdown arouses fears of mass lay-offs"

Como interpertar este texto - aparentemente apimentado, o que não é hábito - nesta altura, da Xinhua, a agência de notícias estatal chinesa?

Em "Aviso à Navegação", no Hoje Macau, alguns ensaiam respostas.



2. Definitivamente estamos a entrar numa nova fase na RAEM. 2009 vai ser um ano de decisões políticas cruciais e de reajustament0 económico (que já começou). Em ambos os níveis, a incerteza prevalece.

Nuno Lima Bastos escreve sobre os sinais que identifica, no imediato: "Os sinais estão aí!", JTM.

Alexandre Lopes posiciona-se na encruzilhada e aponta os caminhos que Macau tem pela frente:
"A encruzilhada de Macau", Hoje Macau.


É preciso ter paciência. Esperar para procurar então encaixar as peças. É que, apesar de todas as mudanças, isto de interpretar os sinais políticos na China, parafraseando Simon Leys, ainda se assemelha à "A arte de interpretar inscrições inexistentes escritas com tinta invisível numa página em branco".

Hoje

Ascende para lá dos céus a Nave Divina (VII)
shenzhou VII
"Shenzhou VII lifts off tonight", China Daily
"China's astronauts brace for historic spacewalk", AFP.

Tuesday, September 23, 2008

A Crise, a ameaça e o novo chefe em Tóquio

crise
1. "Why will Americans fall on their fountain-pens for their bankers? If America is to adopt socialism, why not have socialism for the poor, rather than for the rich? Why should American households that earn $50,000 a year subsidize Goldman Sachs partners who earn $5 million a year?"
Pergunta Spengler em mais uma crónica no Asia Times sobre a crise financeira nos EUA.


chinaarmy
2. "The growth of China and the Pacific region, and the United States' political involvement therein, increasingly renders the European Union superfluous. Political and economic growth is concentrated in the Asia-Pacific region, while the EU flounders on the periphery".
Francesco Sisci , editor para Ásia do La Stampa, no Asia Times: "China threat? It's a blessing"

taroaso
3. A Era pós-Koizumi está complicada. Depois de Abe e Fukuda, entra em cena Taro Aso. Será primeiro ministro durante mais de um ano?
"
Japanese ruling party names Taro Aso as new leader", The Guardian.