Thursday, September 29, 2005

Olhares

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(Dezembro de 2004)
O Templo de Kun Iam, ali mesmo...

Wednesday, September 28, 2005

Ainda as eleições

Em jeito de final de "festa", ficam aqui algumas ligações sobre a "saga" do acto eleitoral em Macau:
"Uma AL de oposição, ou talvez não..." Hoje Macau
"Violência eleitoral nas mãos de um juiz" Ponto Final
"Análise: Balanço pós-eleitoral" Paulo Godinho no Ponto Final

Tuesday, September 27, 2005

Eleições: vencedores e derrotados

Vencedores:

Associação do Novo Macau Democrático: A lista liderada por Ng Kuok Cheong não só ficou em primeiro lugar, como aumentou a votação em termos absolutos em 7 mil votos, em comparação com as eleições de 2001. Manteve os dois deputados e ficou a apenas 500 votosd e eleger o terceiro. A população voltou a dar sinais de vontade em acelerar o processo de reforma democrática. É a vitória do trabalho de campo de uma associação com parcos meios que ganha cada vez maior implantação entre as classes médias e os mais desfavorecidos. Esperemos que nesta legislatura a dupla Ng Kuok Cheong/Au Kam San possa fazer mais e melhor na Assembleia; isto é que tenha um discurso mais consistente e consequente e que, já agora, apresente propostas de lei.

Associação dos Cidadãos Unidos de Macau: Trata-se de uma surpresa e de um sinal preocupante. Surpresa porque poucos previam que pudesse eleger dois deputados; mau sinal, uma vez que estamos perante uma lista que representa os interesses do sector do Jogo, mais especificamente, os negócios da comunidade de Fujian. De resto foi com o apoio em massa da comunidade dessa província chinesa que conseguiu eleger dois deputados. Não se pode por isso esperar nada de bom destes dois deputados na Assembleia. Ainda por cima há fortes suspeitas deste grupo ter procedido à compra de votos. Não é assim de repente que se conseguem 20 mil votos em Macau. Além do mais o líder da lista, Cham Meng Kaa, patrão do casino Golden Dragon, inspira pouca confiança e algum medo. Não é por acaso.


Nova Esperança: Pereira Coutinho é o outro grande vencedor da noite. O presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau foi não só foi o primeiro cabeça de lista português a ser eleito pelo sufrágio directo (depois de Jorge Fão ter sido eleito há quatro anos na lista de David Chow), como alcança uma votação recorde para uma lista ligada á comunidade portuguesa e macaense: quase 10 mil votos. É o fruto de quatro anos de trabalho intenso, de trabalho de campo junto da função pública que tem visto os seus direitos serem atacados nos últimos anos. Agora os trabalhadores da administração já têm uma voz na Assembleia. Sendo uma figura polémica dentro da comunidade portuguesa, Coutinho soube apelar ao voto útil e seduzir muitos eleitores chineses. Resta saber como se vai comportar na Assembleia.

Resistentes:

União para o Desenvolvimento: A lista dos operários liderada pela senhora Kwan Tsui Hang conseguiu resistir à concorrência e segurou com larga margem os dois deputados. Temia-se que com tanta concorrência vinda do sector empresarial, a associação apoiada pelos Operários Pró-Pequim pudesse perder terreno face a aliciamentos que terão sido feitos. É um prémio para quem está junto dos trabalhadores e que tem levantado a voz contra os atropelos constantes à classe. No entanto, sendo alinhada com o governo de Macau e em especial com a China continental, a sua margem de contestação é limitada. Tendo em conta o aumento das disparidades sociais será interessante ver como reage quando a corda esticar.

União Promotora do Progresso: Os "Kai Fong", ou seja as Associações de Moradores, seguraram por uma unha negra os dois deputados. Valeu o carisma de Leong heng Teng e a estima que ele inspira nos sectores tradicionais. Mas há um sinal que não deixa de preocupar os "moradores": o número de eleitores está a aumentar a passos largos e o número de votantes na União Para o Progresso mantém-se quase inalterado. Na Assembleia espera-se uma voz apagada e alinhada, apesar de, por vezes, levantar algumas causas sociais.

União Para o Bem Querer de Macau: Fong Chi keong, o cabeça de lista, é um meio vencedor. Apostou as cartas todas no sufrágio directo (depois de não ter garantido os apoios para a eleição indirecta) e ganhou. O que é um mau sinal, pois a sua prestação como parlamentar vai do medíocre ao deplorável.

Derrotados:

Convergência para o Desenvolvimento de Macau: Ou melhor o seu líder e patrocinador, David Chow. Em 4 anos perdeu mais de metade dos votantes e foi eleito por escassa margem, Para quem tem a influência e o poder económico de David Chow, dá que pensar. E afinal os votos dos macaenses contam, uma vez que sem Jorge Fão na lista, Chow viu-se reduzido a pouco mais de 6 mil votos.

Aliança para o Desenvolvimento de Macau: Era a grande jogada de Stanley Ho. Lançou a sua esposa Angela Leong (a quarta mulher) na corrida e não conseguiu eleger o seu braço direito, Ambrose So. Tendo em conta que Ho é ainda rei e senhor de Macau foi uma humilhação ter menos de metade dos democratas e ver o patrão do casino Golden Dragon chegar aos 20 mil votos. Valia a pena entrar na corrida assim? De qualquer modo a lição foi aprendida. Angela Leong não vai acrescentar nada à Assembleia e quando falar será sempre, obviamente, a voz do dono, ou seja de Stanley Ho.

União dos Trabalhadores dos Jogos de Fortuna e Azar de Macau: É um caso difícil de perceber, à primeira vista. João Bosco Cheang que em 2001 obteve mais de 5 mil votos viu-se reduzido a menos de mil. A lista da STDM tirou-lhe a fatia de leão dos votantes. Com isto, Cheang deverá dizer adeus à política da RAEM.

Por Macau:A não eleição de Sales Marques não é surpresa para ninguém. Mas o resultado pode considerar-se muito fraco: apenas 892 votos. Esta facção, mais elitista diz Pereira Coutinho, da comunidade macaense terá agora que repensar o projecto. Vale a pena ser os irredutíveis gauleses na aldeia chinesa?

Monday, September 26, 2005

Eleições Legislativas em Macau II

Afluência: 128 830 (58 % do total de eleitores inscritos)

Resultados do sufrágio directo

Associação do Novo Macau Democrático: 23 472 votos - 18.80 % 2 deputados
Força pró-democracia

Associação dos Cidadãos Unidos de Macau: 20695 - 16.58 % 2 deputados
comunidade da província chinesa de Fujian/interesses ligados ao Jogo

União para o Desenvolvimento: 16588 - 13.29 % 2 deputados
Associação Geral dos Operários; Tradicionalistas; Pró-Pequim

União Para o Progresso: 11985 - 9.60 por cento 2 deputados
Associação Geral dos Moradores, "Kai Fong"; Tradicionalistas; Pró-Pequim

Aliança para o Desenvolvimento de Macau: 11642 9.33 por cento 1 deputado
Interesses de Stanley Ho

Nova Esperança: 9973 7.99 % - 1 deputado
Comunidade portuguesa/macaense; trabalhadores da função pública

União Para o Bem Querer de Macau: 8515 - 6.82 % 1 deputado
Interesses empresariais

Convergência para o Desenvolvimento de Macau: 6079 4.87 %1 deputado
Interesses empresarias

Associação para a Democracia e Bem Estar de Macau: 4356 3.49 % 0 deputados
pró-democracia

Nova Juventude de Macau: 3060 2.45 % 0 deputados
Pró-Pequim

Associação de Apoio à Comunidade e Proximidade do Povo: 2941 2.36 %
Doutrina Social da Igreja Católica; Pró-democracia

Associação Visão de Macau: 1973 1.58%

União dos Trabalhadores dos Jogos de Fortuna e Azar de Macau: 922 0.74%

Por Macau: 892 0.71 %
Comunidade Portuguesa/Macaense

Associação do Activismo para a Democracia: 654 0.52%
Radical pró-democracia

União dos Operários: 457 0.37%
Movimento operário católico; pró-democracia

Um Novo Vigor Para Macau: 448 0.36%
Profissionais liberais; pró-democracia/moderado

Associação Direitos dos Cidadãos: 191 0.15%
Pró-Pequim

Eleições Legislativas: os resultados e os eleitos I

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Site da Comissão Eleitoral

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Democratas vencem

A Associação do Novo Macau Democrático voltou a vencer as eleições legislativas, elegendo dois deputados para a Assembleia Legislativa com 23.472 votos num total de 128.830 votantes.
Pela segunda vez desde 1999, uma lista liderada por um português conseguiu eleger hoje, através de sufrágio directo, um deputado. Pereira Coutinho obteve quase 10 mil votos.

Saturday, September 24, 2005

Essencial

Para perceber a política em Macau, aconselho vivamente a leitura do trabalho de João Varela, director do jornal Hoje Macau:

Tradicionais, democratas e outsiders com trabalho feito na terra e ambições políticas legítimas, estão a ver-se confrontados com uma campanha violentíssima de outras candidaturas ligadas aos casinos, cuja legitimidade, porque muito que se ache o contrário, tem de ser abalizada pelo próprio contexto sócio-económico actual de Macau

Complementarmente será igualmente interessante passar os olhos pelos seguintes artigos:

"Perspectivas para domingo", Nuno Lima Bastos no Ponto Final
"Ng Kuok Cheong e Angela Leong podem eleger dois deputados", José Rocha Dinis no JTM
"Casino bosses tipped to win election", Luis Pereira no The Standard

Amanhã os eleitores de Macau decidem a composição de parte da futura Assembleia Legislativa. Na segunda-feira, olharemos para os resultados e analisaremos as implicações.

Thursday, September 22, 2005

Saturday, September 17, 2005

A língua portuguesa em Macau

De facto, o português só foi realmente uma língua muito utilizada em Macau nos séculos XVI e XVII quando era a língua franca do comércio na Ásia. Depois, a sua importância minguou ao ponto de hoje ser usada apenas por meia alguns milhares de pessoas. No entanto, o cenário é menos negro do que alguns previam no período imediatamente após a transição de administração. Mais: o interesse pela língua aumentou consideravelmente nos últimos dois anos. Este artigo da BBC Brasil ilustra bem como
Expansão da China pode salvar língua portuguesa em Macau.
Será apenas um wishful thinking?

Mais uma porta de entrada

para Macau. Chama-se Blogmacau.info

Friday, September 16, 2005

Macau no New York Times

Eis uma visão sobre Macau:

In Macao, Giant Pleasure Domes Are Decreed
By DAVID BARBOZA

"IT is 3 a.m. on a humid Sunday in Macao in late July, and hundreds of people, most of them Chinese, are still filing into the gigantic new Sands Macao hotel and casino, making their way up the escalator to the building's main gallery.
Under a 100,000-pound chandelier, on a carpeted floor nearly three times the size of a football field, people stand shoulder to shoulder around the baccarat tables, gambling the hours away.
Across the Avenida de Amizade, a sprawling theme park called Fisherman's Wharf is going up; the neon lights from the Sands illuminate such park features as an artificial 130-foot volcano that rises above a replica of the Roman Colosseum. (...)
No New York Times, 11-09-2005 (a subscrição é gratuíta)

Eleições Legislativas V: "Macau sã assi" *

Just 10 days before voters head to the polls, Macau's Commission Against Corruption has unearthed a massive vote-buying ring.
The commission said Thursday it has recommended prosecution of 485 people in the case - the latest and by far the biggest of a string of vote-buying cartels uncovered by investigators.

No The Standard

Será isto a ponta do iceberg?

*Expressão em Patuá - dialecto macaense de origem portuguesa com elementos do malaio e do chinês - que significa "Macau é assim".

Wednesday, September 14, 2005

A vitória de Koizumi

Confesso que não estou muito por dentro dos assuntos nipónicos. No entanto, acompanho a média-distância o que se vai passando na vida política e económica do Japão. Acerca da privatização dos Correios, percebo as reservas de Geosapiens, mas considero que esta é uma medida necessária, entre outras, para tornar a economia japonesa mais competitiva e menos agrilhoada aos lobbies e grupos de pressão que infestam o tecido económico, a começar pelo Partido Liberal Democrata de Koizumi. Num sistema transparente e em que é relevada a accountability, a privatização dos correios não trará males de maior. Mas resssalvo que estas observações são eminentemente superficiais, por isso desde já apelo aos bloguers mais entendidos nos assuntos do país do Sol Nascente para opinarem sobre assunto. Em traços gerais concordo com este editorial do New York Times, via IHT:

Japan needs postal service privatization, two-party democracy and a more constructive relationship with its neighbors and trading partners. Only the first was advanced by Sunday's election.

P.S. Na liderança de Koizumi o que me preocupa mais são os laivos nacionalistas patentes nas visitas aos túmulos de soldados acusados de crimes de guerra e o inevitável alinhamento com a política externa da Casa Branca. Mas quanto a este último aspecto, trata-se de uma aliança estrutural que se entende. Não quero com isto subscrever a nipofobia do nacionanalismo chinês, que levanta constantemente os fantasmas do passado; apenas sublinho que a reminilitarização do Japão, a par de outras potências asiáticas, pode gerar desiquilíbrios perigoso no sistema geopolítico da Ásia Oriental.

Tuesday, September 13, 2005

Eleições Legislativas IV: os portugueses

Em Macau a expressão portugueses pode ser entendida de diversas maneiras. Por um lado, os cidadãos portadores de passaporte de Portugal - o que representará cerca de 120 mil pessoas - por outro os cidadãos portadores de passaporte português que usam a língua de Camões no dia-a-dia e cujas referências culturais se encontram em Portugal - cerca de 10 mil, a maioria dos quais macaenses, ou seja pessoas com sangue português e oriental - finalmente os portugueses expatriados, ou seja oriundos da "metrópole" que serão cerca de 2 mil. Não menosprezando os direitos dos chineses de cidadania portuguesa, para este efeito temos em conta o segundo grupo, que inclui naturalmente o terceiro. Ora, tendo em conta os considerandos supracitados, existem duas candidaturas encabeçadas por portugueses, neste caso macaenses:

Nova Esperança: Encabeçada por José Pereira Coutinho, presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), esta candidatura procura seduzir não apenas o eleitorado de matriz portuguesa, mas também eleitores chineses. Prova disso é a inclusão de dois chineses no segundo e no terceiro lugar da lista. Trata-se de uma estratégia inteligente uma vez que eleitoralmente os portugueses têm muito pouco peso e que a figura de Pereira Coutinho, também conselheiro das comunidades portuguesas para a zona Ásia Pacífico, está longe de ser consensual. Há quatro anos esta candidatura obteve 4700 votos, ficando a pouco mais de 300 da eleição. Agora Coutinho não tem o arqui-rival Jorge Fão pela frente, mas a sua eleição não será mais facilitada, porque a Lista "Por Macau" de Sales Marques também pisa o terreno do eleitorado português e macaense.

Por Macau: Trata-se da candidatura com fortes ligações a vários ilustres da comunidade macanese. Prova disso é a comissão de honra recentemente apresnetada onde pontificam ilustres portugueses do território como Anabela Ritchie, ex presidented a Assembleia Legislativa, o arquitecto Carlos Marreiros ou o escritor Henrique de Senna Fernandes. Presidida por Sales Marques, ex presidente do Leal Senado, a "Por Macau" procura ir ao encontro não apenas do voto português, mas também de outras comunidades expatriadas de Macau. Nota-se igualmente uma preocupação em ter um discurso mais abrangente - daí o lema "Por Todas as comunidades" - em especial à procura do voto de alguma classe média chinesa.
No entanto, a eleição de Sales Marques para a Assembleia parece ser uma missão quase impossível.

Depois de em 2001 Jorge Fão ter sido eleito na lista de David Chow, e depois da sua recusa em voltar a ir a votos, desta vez a possibilidade da eleição de um deputado português pelo sufrágio directo afigura-se reduzida. Tudo vai depender da capacidade de cada uma destas candidaturas de mobilizar o eleitorado português, que parece estar algo alheado da vida política local, e, acima de tudo, de seduzir o eleitorado chinês. Mesmo assim a representação da comunidade portuguesa na Assembleia Legislativa estará sempre assegurada através de Leonel Alves, que vai ser eleito pelo sufrágio indirecto, e por um deputado nomeado pelo chefe do executivo.

Sunday, September 11, 2005

Eleições Legislativas em Macau III

Já começou a campanha eleitoral para as eleições legislativas da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM). 18 listas concorrem para 12 lugares que são eleitos através do sufrágio directo. Dez assentos serão apurados mediante um processo de eleição indirecto no qual intervêm as várias corporações e interesses, enquanto sete deputados serão nomeados directamente pelo chefe do executivo. Antes já aqui tinha referido quais são as listas favoritas para conseguir eleger um ou dois deputados, agora vou olhar para outras candidaturas que aparecem também com alguma força.

Aliança para o Desenvolvimento de Macau: com Angela Leong à cabeça, há fortes possibilidades desta candidatura eleger um deputado pelo menos. É que estamos a falar de uma mulher que é esposa de Stanley Ho e Administradora da STDM. E já se sabe que o "Tio Stanley não brinca em serviço".

União dos Trabalhadores dos Jogos de Fortuna e Azar: situa-se no extremo oposto da lista anterior, ou seja também representaos interesses do Jogo, mas procura ser a voz dos trabalhadores. Vai por isso lutar voto a voto opela reeleição de João Bosco Cheang que há quatro anos conseguiu ser eleito com 5170 votos, uma votação que será este ano insuficiente tendo em conta que o universo eleitoral aumentou consideravelmente.

Incógnitas:

União Geral para o bem-querer de Macau: Liderada pelo até agora deputado Fong Chi Keong que tinha sido eleitoem 2001 pelo sufrágio indirecto representando os interesses assistenciais, culturais, educacionais e desportivos, esta candidatura joga nesta eleições a notoriedade do seu líder. Fong Chi Keong destacou-se na última legislatura com declarações de defesa cega dos interesses empresariais, chegando a ter intervenções de fraquíssima qualidade, em especial na oposição que fez à proposta de Lei Sindical.

Dr. Fong Um Novo Vigor de Macau: como o próprio nome indica trata-se de uma lista unipessoal em torno de um médico que tem um instituto de sondagens. Apesar de ter um discurso ambíguo, Fong Man Tat poderá beneficiar de ter aparecido regularmente nos media à custa dessas sondagens. Será que isso suficiente?

Num próximo post prestaremos atenção às listas encabeçadas por portugueses.
Entretanto, para saber mais sobre cada uma das candidaturas pode ouvir aqui um programa especial da Rádio Macau sobre as eleições legislativas na RAEM.

Tuesday, September 06, 2005

Democracia na China?

Escreve o The Sun:
"TONY Blair’s mission to Asia was boosted last night when China’s premier Wen Jiabao vowed his country WILL become a democracy.Mr Blair was visibly shocked when Wen publicly promised the world’s largest country is heading for a peaceful revolution.The Chinese PM said free votes for all in the communist superpower are on their way."

Democracia Liberal, socialista, popular, orgânica ou tudo isto misturado, mas claro, com características chinesas?

China-UE: vamos de Airbus...

Um dia depois do acordo sobre os têxteis, a amizade sino-europeia foi brindada com a compra de 10 novos Airbus pela "China Southern Airlines".

Portugal (des) orientado II

Caro Geosapiens,
Aprecio a tua participação e contribuição para os debates lançados neste blogue. No comentário que fazes ao post "Portugal (des) orientado", observas duas razões relevantes que justificam parcialmente esta presença minguada de Lisboa nos assuntos sínicos.
No entanto, não concordo que "à China não lhe interessa mesmo, que haja uma memória da passagem portuguesa por esses bandas...tem a ver com o orgulho nacional que as suas elites tem em relação a esse assunto". Pelo menos a avaliar pelos primeiros cinco anos e meio da administração chinesa de Macau, por um lado, Pequim lançou aqui o "Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa", que apesar de ter muito mais a a ver com os interesses chineses na África Lusófona do que no papel de Portugal, não deixa de politicamente ser um sinal da importância de Macau como um território em que o português é língua oficial, por outro lado há uma preocupação coma preservação do património, desde a expansão da "calçada portuguesa" nos passeios de Macau, até à valorização da herança portuguesa na candidatura aprovada a património mundial da Humanidade. Por fim, há que enquadrar as conclusões de Moisés Silva Fernandes numa altura em que sobressaiam os receios que as autoridades da RAEM pretendessem desvanecer a presença portuguesa aqui.

Felizmente, pelo menos até ao momento, isso não tem acontecido. As sensibilidades referidas, os sectores mais tradicionalistas e "nacionalistas", não conseguiram impor essa tentação de, em poucos anos, apagar com uma borracha os quatro séculos de presença portuguesa. Isto não quer dizer que não haja uma linha, mais em Macau que em Pequim, que gostasse de o fazer. Daí que observe que Portugal avaliou mal o que poderia ser Macau no futuro, encarando a transição meramente como um alívio. Sem dúvida que foi, mas virar as costas às oportunidades que existem aqui e desbaratar as potencialidades não tanto de Macau, mas de toda a zona do Delta do Rio das Pérolas não me parece que seja uma atitude ajuizada. E isto acontece não apenas ao nível do Palácio das Necessidades ou de São Bento, mas sobretudo no sector privado como foi exemplo a recente venda do BCM a um grupo bancário de Hong Kong porque a Administração do BCP considerava este banco um "activo não estratégico". Sim, há limitações, mas julgo que elas têm a ver mais com as contingências da "Ocidental Praia Lusitana" do que de impedimentos da "Flor de Lótus" ou do "País do Meio".

Do ponto de vista empresarial, ou seja de capacidade e possibilidades de investimento na China, há sempre que ter em mente que provavelmente, hámuito poucas empresas portuguesas com fôlego para avançar com o capital necessário para investir na China. A solução, como a PT já fez, está em encontrar parceiros locais (o que não é fácil) para investir em "nichos de mercado". Exemplo disso foi o recente acordo para um investimento numa rede de telecomunicações de frotas de camiões de carga. O sector vinícola e corticeiro também se está a mexer. Mas não deixa de ser pouco, especialmente tendo em conta que fomos os primeiros ocidentais a chegar para fazer comércio com o Oriente e os últimos a entregar uma "colónia".

Acordo China-União Europeia

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Mais uma vez os laços políticos e os interesses económicos mútuos prevaleceram nas negociações sobre as toneladas de produtos têxteis chineses que estavam retidos nas alfândegas europeias. Resta saber se não vai ser necessário um novo acordo dentro de alguns meses... Trata-se de uma boa notícia para os importadores e para os distribuidores. Já os produtores, em especial os portugueses, não pensarão o mesmo. Mesmo admitindo que a China joga com armas menos éticas no comércio internacional de têxteis (e não só), qualquer ímpeto proteccionista afigura-se apenas como um paliativo para adiar o inevitável: o fim total das quotas, sem quaisquer medidas restritivas, nem limitações quer na fonte, quer á chegada a partir de 2007. Tudo isto tinha sido preparado desde o Uruguay Round, já lá vão mais de dez anos. É claro que a "destruição do aparelho produtivo" é muito preocupante para Portugal. Mas as empresas têxteis deviam ter-se preparado para este cenário. Agora talvez seja demasiado tarde. Mesmo assim há casos de excepção de companhias que estao a conseguir criar marcas no mercado internacional. Por fim, a China é muito mais que uma ameaça; trata-se como sabemos igualmente de uma janela de oportunidades. Mas desenganem-se aqueles que julgam que entrar no mercado chinês é como "faca a cortar manteiga"; é preciso estratégia. E, infelizmente, na generalidade as empresas de Portugal, país que esteve deste lado do mundo durante mais de 400 anos, carecem dessa mais valia. De qualquer modo, saliento que é uma assunto delicado que não se compadece nem com proteccionismos fora de prazo nem com profissões de fé cegas num (im) perfeito comércio livre internacional.

Thursday, September 01, 2005

Portugal (des) orientado

Não é novidade a falta de visão estartégica de Lisboa para este lado do mundo. Quanto a esta estranha ausência do primeiro país europeu a fazer comércio com o extremo oriente, Arnaldo Gonçalves, professor no Instituto Politécnico de Macau e especialista em Relações Internacionais, é claro:
"
“Ásia não é prioridade” para o Governo Português"
"“Quando mudou a soberania de Macau, para o Governo e o Presidente da República Portuguesa foi um grande suspiro de alívio, foi mais uma pedra colocada num problema”

No Jornal Tribuna de Macau

Entretanto, enquanto navegava perdido nas buscas do Google encontrei um contributo muito intressante para o entendimento das relações luso-chinesas e do papel de Macau depois de 1999.