Friday, November 25, 2005

A mudança que vem de dentro II

Frank Ching*


Por coincidência, a cerimónia de tributo a Hu aconteceu três dias depois da morte , aos 92 anos, de um outro dirigente do partido que foi reformador, Ren Zhongyi, antigo líder do PCC em Guangdong. Depois da sua reforma, Ren tornou-se altamente crítico à relutância do partido em avançar com reformas políticas. Em Abril de 2000, ele escreveu um artigo no jornal oficial do partido de Guangzhou no qual procura dar resposta aos problema colocado pelos quatro princípios cardeais enunciados por Deng, e os quais todos os membros do partido devem ter em atenção.

Os quatro princípios podem ser resumidos num: manter a liderança do partido. Mas Ren escreveu que é impossível manter a liderança do partido sem melhorá-lo. E “melhorar a liderança significa que a situação na qual ninguém pode constringir o partido tem de acabar, disse Ren. “O poder absoluto corrompe absolutamente. O partido precisa de ser supervisionado não apenas pelo partido, as pelas pessoas.”
O artigo foi publicado em duas outras publicações chinesa, sugerindo que há outros em posição de alguma autoridade que querem disseminar essas ideias subversivas. No longo prazo, a mudança na China virá mais provavelmente dos críticos que fazem parte do partido do que de fora, embora seja muito importante que haja críticos externos.
De outro modo, o mundo vai simplesmente que está tudo bem na China quando isso não é verdade.
Um dos críticos de fora doi George W Bush, que na semana passada, disse que Pequim devia seguir o exemplo de Taipé e tornar-se num regime democrático. “Ao mesmo tempo que a China reforma a sua economia”, disse Bush em Kyoto, no Japão, “os seus líderes estão a perceber que uma vez aberta a porta da liberdade, mesmo que apenas um pouco, nunca mais poderá ser fechada. Enquanto aumenta a prosperidade dos chineses, as suas exigência por liberdade política aumentarão igualmente”.
A China não gostou lá muito de ser comparada com Taiwan. Mas enquanto os líderes ficam desagradados com as críticas feitas em público pelos estrangeiros, o facto triste é que estas cosias precisam de ser ditas. Se o senhor Bush não o disser desta maneira, nenhum outro líder no mundo o vai dizer.

Excerto traduzido e adaptado de um artigo de opinião publicado no dia 23-11-2005, no South China Morning Post.

*Frank Ching é escritor e comentador de assuntos políticos em Hong Kong.

Thursday, November 24, 2005

Confirmam-se as piores expectativas

Lusa, Pequim- A poluição invadiu 70% dos rios e lagos chineses, noticia hoje a agência oficial chinesa Nova China, citando informações divulgadas durante uma conferência sobre rios e lagos realizada na província de Jiangxi, no leste do país.
"Os problemas que mais afectam os recursos hídricos chineses são a diminuição dos pântanos, além de problemas de diminuição, disfunção e contaminação dos caudais dos rios", disse no encontro Chen Bangzhu, director de assuntos populacionais, pesquisas e meio ambiente da Conferência Consultiva de Políticas da República Popular da China, citado pela agência.
As causas da poluição, segundo Chen, são o rápido crescimento económico, a expansão populacional e demográfica e a falta de planeamento nos programas de desenvolvimento do país.
O investigador apontou ainda outras causas, como a falta de leis de preservação de recursos hídricos e a inadequada vigilância.
As autoridades de Harbin, capital da província de Heilongjiang, no nordeste do país, cortaram na segunda- feira o abastecimento de água da cidade devido à contaminação química do rio Songhua, que a abastece.
Um lençol de benzol de 80 quilómetros de extensão está a flutuar no rio e a aproximar-se de Harbin, contaminando com o químico cancerígeno as nascentes de água da cidade, que fornecem 90 por cento da água consumida pelos seus oito milhões de habitantes.
A fuga de benzol foi causada pela explosão de uma fábrica de produtos petroquímicos no passado dia 13 de Novembro na cidade de Jilin, que fica na margem do rio Songhua, a cerca de 380 quilómetros a montante de Harbin.
As toxinas no rio, segundo a autoridade ambiental da província, estão a um nível 100 vezes mais alto do que o normal e os níveis de benzol entre 30 e 100 vezes acima do nível normal na água para abastecimento humano Lusa

Entretanto:
A chemical plant of Jilin Petrochemical Company under China National Petroleum Corp. should be held responsible for the pollution of Songhua River, said Zhang Lijun, deputy director of the State Environmental Protection Administration, at a press conference here Thursday.


Deputy general manager of China National Petroleum Corp.(CNPC) Zeng Yukang expressed his sincere sympathy and deep apologies to the residents of northeast China's Heilongjiang province, for the pollution of the Songhua River caused by the blast in a chemical plant under the CNPC Jilin Petrochemical Company.

Infelizmente só depois de tragédias ambientais como esta é que vão ser tomadas as medidas, em reacção, sem se ter tido uma postura de prevenção. Há muito que fazer na China em termos ambientais. O crescimento a qualquer custo, sem freio nem regras traz estes resultados.

A académica Elizabeth Economy, reputada sinóloga, reflecte sobre as questões ambientais na China, na Globalist, no artigo "Can China Go Green?"

Wednesday, November 23, 2005

A mudança que vem de dentro I

A mudança que vem de dentro I

Frank Ching*

“A reabilitação política, na última sexta-feira, do antigo líder do Partido Comunista Chinês (PCC) Hu Yaobang, é encorajadora para a ala progressista do PCC – mesmo que não haja indicações que a direcção do partido vá relaxar as suas políticas caracterizadas pela predominância da linha dura. Foi a morte de Hu, em Abril de 1989, que despoletou as manifestações em massa de estudantes na Praça de Tiananmen.

O facto do antigo secretário-geral do PCC ter sido alvo de um tributo por ocasião do 90º aniversário do seu nascimento pela liderança chinesa não significa que o partido esteja preparado para rever a sua posição acerca do massacre de 4 de Junho. Ao passo que a sua morte foi o catalizador das manifetsações, o antigo líder não teve nada a ver com os eventos.
No longo-prazo, no entanto, a liderança chinesa será obrigada a reavaliar a deceidssão de enviar tanques contra estudantes desarmados - embora isso não deva vir a acontecer durante o consulado de Hu Jnitao na liderança do PCC.

Hu Yaobang foi, indubitavelmente, o mais liberal de todos os dirigentes que o partido produziu. Enquanto secretário-geral ele teve a coragem de pedir desculpas pelas acções do partido no Tibete; propôs mesmo que os chineses passassema usar garfos e facas, em vez de “pauzinhos”, por razões de higiene; pediu a Deng Xiaoping, o seu mentor, para se retirar da cena política – uma atitude que não caiu propriamente nas boas graças do “pequeno timoneiro”; e foi forçado a resignar ao vcargo de líder do Partido, em 1987, por ter recusado reprimir manifestações de estudantes. Hu Yaobang é encarado com admiração por muitos dos devotos do partido, em grande medida, porque ele pessoalmente reabilitou três milhões de membros do partido que tinham sido erradamente perseguidos durante as campanhas políticas como o Movimento Anti-Direitista dos anos 1950 e a Revolução Cultural de 1966-1976.”

((ontinua)

Extracto traduzido e adaptado de um artigo de opnião publicado no dia 23-11-2005, no South China Morning Post.
*Frank Ching é escritor e comentador de assuntos políticos em Hong Kong.

Tuesday, November 22, 2005

Self-Defence Forces turn into Japanese Army

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60 anos depois.
Não estando em causa o direito que os japoneses têm em ser uma nação "normal", 60 anos depois do fim da II Guerra Mundial, suspeito que Pequim vai espernear. Simbolicamente, e de um certo modo, de facto, vai haver algumas alterações na correlação e equilíbrio de forças na zona Ásia-Pacífico. De novo e sempre o security dilema.

Europe and China in Central Asia IV

Oil and Natural Gas in Central Asia

According to the OPEC Annual Statistical Bulletin at the end of 2001, world proven oil reserves stood at 1,074,850 billion barrels, of which 78.7 per cent, was in OPEC Member Countries. The five litoral Caspaian States account for 14.6 percent of the world’s proven oil reserves and 50 percent of the proven gas reserves in the world. This figures by themselves can give an idea of the strategic importantance of the Central Asia and Caspian to the world oil and natural gas market. As the report “Caspian and Oil Gas” from report by the Energy Information Administration of the USA Government states, “As world oil demand continues to grow over the next decade, the region will gain in importance by diversifying sources of oil and gas beyond such traditional suppliers as the Middle East.”
Although, at the moment, the countries of the Caspian Sea region are relatively minor world oil and gas producers, struggling with difficult economic and political transitions, it is expected a huge increase on the production in the near future. The Internationa Energy Agency estimates that the overall production of the Caspian litoral states (inclusing Uzbequistan) will augment from 1593 thousands barrels per day in 2002 to a maximum high of 4894 in 2010. Concerning the natural gas production, it will almost double from 4.49 Trillion Cubic Feet to 8.7 in 2010.
All these data make the region widelly attractive to the major indusrialized powers and to the Transnational Oil Companies (TNOC), in a complex game involving both states and private actors. Indeed the priate cators are active in the region, whrerein some of the lagest TNOCs have already get it foothold in the region: BP is involved in Azerbeijan (oil and natural gas) and in Kazakhstan (oil), Agip is part of two projects in Kazakhstan and Chevron Texaco is doing business a well in Kazakhstan.
Another important issue is the pipeline politics in Central Asia. Sander Hansen (2003, 3) analyses the question in the light of two interconnecetd problems. On the one hand, the struggle for control over the resources in Central Asia. Here we have a thorny matter because f the uncertain legal status of the Caspian Sea, since there are no international legar borders dividing the Caspian Sea among the litoral States. If until 1989-91 the problem could be solved between the Soviet Union and Iran, after the collapse of USSR, the sovereignity over the Caspian Sea remains a potential source for conflict[2]. In May 2003, Russia, Azerbaijan, and Kazakhstan, in a trilateral agreement, divided the northern 64% of the Caspian Sea into three ueven parts: 27 percent for Kazakhstan, 19 percent for Russia and 18 percent for Azerbaijan. Turkmenistan and Iran refused to sign the agreement. The problem as we can forsee will remain. On the other hand, the issue of pipeline politics councerns the exploitation and export of the resourses: “the countries that possess hydrocarbon deposits do not have the technology and financial capability to start the exploitation without outside help”(Hansen, 2003). Threfore, the Central Asian states are de facto dependent from the TNOCs, which are interested in doing business in the region due to the proven reserves and potential of eploration, but, at the same time, fear the unstable social and political environment. It is also noteworthy to highlight that the export of oil and natural gas from Central Asia is a costly bysuness as the it is a landlocked region. That is why the oil and gas pipelines routes are obeject of attention and intersection of different agents: local authorities, foreign powers (China, European Union, USA, Russia, India) and private actores such as the TNOCs).

[1] Kazakhstan decided in the beginning of 2003 to create a full-fedged navy in the Caspian Sea, following a tendency to increase the militarisation in the area. The government announced that the decision is aiming to protect western investments and fight smuggling activities.

Recapitulando:

Europe and China in Central Asia

Introduction

Energy Supply Security Policy: the New Challenges

The Geopolitics of Central Asia

Monday, November 21, 2005

live on/live for

"The Chinese are having more to live on, but less to live for"

Yang Rui, apresentador do programa "Dialogue", na CCTV 9, a resumir a entrevista a Sidney Rittenberg, um americano que passou parte da vida na China, num programa emitido na altura em que Bush está de visita à República Popular.

Uma relação complexa

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A visita de Bush à China na imprensa mundial:

Hu outlines mainstream of Sino-US ties, na Xinhua.

China holds line during Bush visit, International Herald Tribune.

What China Wants from Bush Visit, Time

Saturday, November 19, 2005

Soltem o comércio, ou "apanhem a batata quente"

O Líderes da APEC, Cooperação Económica Ásia-Pacífico, pediram à União Europeia
que mostre flexibilidade na questão dos subsídios à agricultura acusando Bruxelas de estar a colocar grandes entraves à abertura do mercado global.

Reunidos em, Busan na Coreia do Sul, os representantes de 21 países da América, Ásia Oriental e Pacífico afirmam que para que a cimeira da Organização Mundial de Comércio (OMC) ,
que vai ser realizada em Hong Kong tenha sucesso, é preciso que os europeus dêem um passo em frente.
O ministros sul coreano dos negócios estrangeiros Ban Ki Moon dise que a bola está do lado da Europa que terá que ter uma atitude mais flexível terminando com os proteccioanismos à agricultura.

É uma "pescadinha de rabo na boca". Os Estados Unidos aproveitam o facto de estarem numa cimeira da APEC para enviar recados à UE, mas não avançam com passos firmes no sentido de diminuirem os subsídios que eles próprios concedem à agricultura nem deixam cair as
barreiras proteccionistas que, volta e meia, vão impondo, não só na agricultura,
como a várias indústrias.
O problema é que, mais uma vez, o espectro do fracasso paira sobre uma cimneira da OMC,
que vai ser realizada em Dezembro em Hong Kong. O próprio director-geral da OMC, o francês Pascal Lamy, já foi avisando que o próximo encontro da WTO será uma etapa e não o
fim de um caminho rumo à liberalização do comércio. No entanto, as pulsões que se
fazem sentir na Europa, em especial em Farnça, não auguram uma tomada de posição forte da UE de reduzir os subsídios à agricultura e de reforma na Política Agrícola Comum (PAC).

Wednesday, November 16, 2005

Hu Yaobang recuperado

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A notícia é avançada pelo China Daily. O governo central vai assinalar a passagem dos 90 anos sobre o nascimento de Hu Yaobang, ex secretário-geral do Partido Comunista Chinês, caído e desgraça em 1987 - ano em que foi afastado da liderança do PCC- por ter tido desvios "burgueses". Dias depois da sua morte, em Abril de 1989, centenas, depois milhares, de estudantes começaram a concentrar-se na Praça de Tiananmen. Será que a recuperação de Hu Yaobang, caracterizado agora pela imprensa oficial chinesa como "late charismatic leader", é um sinal que pode abrir caminho para um dia os manifestantes de Tiananmen deixem de ser rotulados de "contra-revolucionários"? Ou será apenas um wishful thought? É que a Zhao Zhiyang não deram a mão - continuou em prisão domiciliária até à sua morte, no início deste ano.
A propósito, vale a pena reler isto.

Tuesday, November 15, 2005

A História Desconhecida de Mao

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A propósito dos livros de Jung Chang, Helena de Sousa Freitas da Agência Lusa escreve sobre a mais recente obra da autora de Cisnes Selvagens, escrita em conjunto com Jon Halliday:

"Uma nova biografia de Mao Zedong, cuja tradução portuguesa será lançada em Dezembro, assegura que o líder chinês "foi responsável por mais de 70 milhões de mortes em tempo de paz", superando qualquer outro dirigente do século XX.
O livro, "Mao - A História Desconhecida", foi escrito por Jung Chang, celebrizada com o best-seller "Cisnes Selvagens", e o historiador Jon Halliday, que virão a Lisboa para o lançamento da edição portuguesa, dia 06 de Dezembro.
Os dois autores, marido e mulher, afirmaram, aquando da publicação da biografia de Mao em inglês, que o objectivo dos mais de dez anos da sua investigação era desconstruir o mito de Mao como o criador benevolente da China moderna.
No entanto, asseguraram ter-se aproximado de Mao Zedong com abertura de espírito e tendo em vista expor factos sem fazer qualquer tipo de julgamento moral.
Mao Zedong, o fundador da República Popular da China, em 1949, morreu em 1976 com 83 anos.
O livro, que a editora Bertrand coloca nas livrarias a 02 de Dezembro, revela que, dos 70 milhões de mortos, 38 milhões morreram de fome, pois Mao exportava o máximo de alimentos para, com o dinheiro obtido, adquirir armamento e fabricar a bomba atómica chinesa.
Os autores encontraram documentos que provam que Mao Zedong lia descansadamente apesar de ter plena consciência de que as suas tropas estavam a morrer e a população chinesa trabalhava, em média, vinte horas por dia.
A biografia revela ainda que Mao mandava transportar peixe vivo ao longo de mil quilómetros, só porque não gostava de comer peixe congelado, e apenas tinha à sua mesa um arroz especial, tendo ainda criado um "harém" de jovens e atraentes mulheres para satisfazer as suas necessidades sexuais.
"Mao - A História Desconhecida" afirma igualmente que a Longa Marcha de pessoas que se deslocaram do sudeste para o Norte da China entre 1934-35 tinha por objectivo a ligação com a Rússia para a obtenção de armas.
Os investigadores garantem ainda que muitos dos detalhes épicos e heróicos dessa marcha de 9.000 quilómetros do Exército Vermelho em fuga aos soldados nacionalistas de Chiang Kai-shek foram criados para enaltecer a glória de Mao.
O volume mostra como Mao chegou ao topo, revela detalhes sobre a formação do Partido Comunista Chinês e refere que o apoio da União Soviética foi constante, algo que o "imperador vermelho" sempre negou.
A obra revela ainda que o líder comunista não fez grande oposição aos japoneses quando estes invadiram a China por saber que assim enfraqueceria o poder dos nacionalistas chineses, com quem estava em conflito.
Outra das importantes revelações do livro de Jung Chang e Jon Halliday refere-se ao papel de Mao na génese e prolongamento da guerra da Coreia entre 1950-53.
Os dois investigadores concluem que Mao não era um marxista convicto, mas um homem obcecado com o poder, que chegou a privar um antigo braço-direito de tratamento médico a um cancro para que este não viesse a sobreviver-lhe.
O líder que mandava prender, torturar e executar publicamente os seus opositores, também aterrorizava as suas tropas, mostrava desdém pelos amigos e familiares e chegou a abandonar os próprios descendentes.
Um casal a vender os filhos para conseguir fundos para o partido, uma mulher obrigada a caminhar na Longa Marcha em pleno trabalho de parto, camponeses famintos que recorriam ao canibalismo são alguns dos episódios relatados no livro.
O volume, com mais de 800 páginas, inclui a lista dos entrevistados, informação sobre a documentação consultada, cerca de 80 páginas de notas e mais de duas dezenas de páginas com referências bibliográficas.
Jung Chang nasceu na província chinesa de Sichuan, sudoeste da China, aos 14 anos integrava a Guarda Vermelha e apregoava slogans maoístas pelas ruas, mas, aos 16, quando os seus pais foram presos, entrou em ruptura com o maoísmo.
A investigadora mudou-se posteriormente para o Reino Unido, onde viria a estudar Linguística na Universidade de York, e tornou-se a primeira chinesa a obter doutoramento por uma universidade britânica.
O seu livro "Cisnes Selvagens", uma saga familiar que acompanha três gerações de mulheres chinesas, vendeu 10 milhões de cópias em todo o mundo e está traduzido para mais de 30 línguas, embora continue proibido na China comunista.
O êxito do livro possibilitou desafogo financeiro à autora, e permitiu que ela e o marido realizassem uma investigação que previam durar cerca de dois anos, mas se prolongou por mais de uma década.
A celebridade conquistada por Jung Chang com o livro também ajudou a "abrir portas", facilitando o contacto com personalidades internacionais como Dalai Lama, Imelda Marcos, Henry Kissinger, Mobutu ou George W Bush.
Familiares e pessoas do círculo mais íntimo de Mao que nunca tinham falado antes (intérpretes, criados, guarda- costas, médicos, namoradas) e pessoas fora da China com quem este teve uma ligação significativa foram outras das fontes.
Além destes testemunhos, registados em centenas de entrevistas, os dois autores pesquisaram em arquivos na China e na Rússia, tendo acedido a antigos documentos secretos da União Soviética.
Os arquivos do antigo governo comunista de Moscovo, arquivos da Albânia e da antiga Alemanha do Leste foram consultados demoradamente por Jon Halliday, ex-investigador agregado ao King+s College, da Universidade de Londres, e um fluente falante de russo.
A biografia "Mao - A História Desconhecida" não será publicada na China, onde Mao continua a ter o seu retrato na Praça Tiananmen, no centro de Pequim, e ainda é venerado como um herói revolucionário na comunicação social e no ensino.
Por esse motivo, Jung Chang e Jon Halliday, que residem actualmente em Londres, consideram que o grande objectivo da biografia é ser lida pelos chineses, uma vez que se trata da sua própria História."

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Monday, November 14, 2005

Selvagens, Cisnes

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Ontem à noite acabei de ler o livro Cisnes Selvagens, de Jung Chang. Nas últimas semanas, esta obra escrita em 1991 foi a minha companhia pela noite dentro. Trata-se de uma livro essencial para quem, como eu, está ávido por compreender a, por vezes, impenetrável China. Que por tão perto que está de mim, se torna frequentemente intangível. Escrito (e traduzido) num registo pessoal, simples e directo, mas ao mesmo tempo cheio de implícitos (con) textuais, Cisnes Selvagens conta a história de três filhas da China: a avó, a mãe e a própria Jung Chang. Através da vida delas, entramos numa viagem de seis décadas da China: do caos da primeira república (A República China) dominada pelos senhores da Guerra, passando pela ocupação japonesa, pela guerra civil entre comunistas e nacionalistas até às várias fases da República Popular da China – Grande Salto em Frente, Revolução Cultural e o período imediatamente posterior à morte de Mao Zedong. Jung Chang consegue neste livro ao mesmo tempo lançar o olhar severamente crítico que tem sobre a China de Mao e revelar o que estava por detrás do fanatismo dos jovens guardas vermelhos e dos rebeldes. É um livro que retrata os sonhos caídos em desgraça, a falência dos amanhãs que cantam e a irracionalidade e brutalidade de um período cujas marcas ainda se fazem sentir na China e hoje. Não sendo uma análise rigorosa ou científica – nem o pretende ser, naturalmente – ler este livro é uma boa maneira de perceber certos comportamentos que nos parecem desprovidos de humanidade quando lemos sobre a história da China no século XX, até ao final dos anos 70. Da mesma autora, juntamente com Jon Halliday, será também importante ler com atenção "Mao: The Unknown Story"

Andarilho

Ele está exilado, perto daqui. E vale a pena visitá-lo.

Sunday, November 13, 2005

Democracia com características chinesas

ou, uma viagem pelos meandros das dinâmicas internas do PCC em busca do equilíbrio e da razão de ser.
0 "livro branco da democracia na China" pode ser lido aqui.

Europa e China na Ásia Central: a questão energética III

2. The Geopolitics of Central Asia

Firt we must clarify what and where is Central Asia. Here we opt by a narrow approach: the former Asian Soviet Republics- Kazakhstan, Uzbekistan, Tajikistan, Turkmenistan and Kyrgyztan . However to understand deeper the core of this paper we shall, as well, take into account the Caspian litoral states, i. e. not only thee of the former Asia Soviet Nations (Kazakhstan and Turkmenistan) but also Russia, Azerbeijan and Iran.
In 1989, the Iron Curtain fell and the bipolar world politics came to and end, giving place to an uncertain world order dominated miltary by the United States of America: unipolar with several multipola rsigns. From the ashes of the implosion the Soviet Union several new states emerged redrawing themap of Europe and Asia. The newly indepedent republics, hitherto under the control of Moscow, started to be coveted by the world powers, which aimed to fill the local power vacuum. Why is the Central Asia so atractive? First, geographically, it is a strategic area of communication and inteaction between six nations: China, Russia, Turkey, India and Iran. Second, it is an unstable and unsecure area wherein islamic fundamentalism and underdevelopment meet in a potential explosive melt. Third, and for our paper the most important issue, it is a source od startegic resources: natural gas, oil and coal. In addition, this region has advanced nuclear technology able to create nuclear stations and potentially nuclear weapons. Moreover, it has been feared that this zone can be a stockpile for proliferation of nuclear weapons or enriched uranium or plutonium. Outlining the major problems in the area, we face

Friday, November 11, 2005

Dez mil

é o número de page views deste blogue. A todos os que vão passando por cá, o mais sincero agradecimento. Em breve, retomarei um ritmo de publicação mais regular.

Saturday, November 05, 2005

Europa e China na Ásia Central: a questão energética II

Part I
1.Energy Supply Security policy: the new challenges



The definition of energy supply security is not easy to draw, because it depends on “what the threats are, on who is threatened and on the cost of reducing the threats” (Mitchell 2000), which can be internal or international. Hence, the concept has changed over the last six decades. While, in the early 1940s the allocation of the energy supply was done according to the military priorities - due to the World War II the supply security was almost exclusively physical and the prices were fixed -, bypassing the years of the Bretton Woods Agreement (1945-1970), there have been huge transformations ocurred in the world energy supply market since the early 1970s, in the light of a global business revolution (Howeling and Amineh 2003a, 360).
First, the role of the government in the economy has been changing deeply and the energy sector is not an exception. There has been a shift from the concept of energy supply as a key and strategic area that should be kept in the hands of state because it should be accesible to all the citizens (the social democrat ideology after the War) to a new regulatory framework wherein the competition among private companies is encouraged in order to provide the consumer a wider range for choice. This movement towards a liberalization and deregulation of the market is occuring not only in the OECD countries, but also in developing nations, such as Brazil, China or India. In Europe the call of the European Single Act for the completion of the Single European Market, which was extended to the energy market in 1998-1999, shrank the national energy security scope of action. Second, there has been a transformation on the oil industry. The oil shocks of 1973 and 1979 had temporarily reduced the weight of oil in the energy market. Western economies began to develop in a faster pace alternatives to the oil depedendence. One of the oil’s competitors is the natural gas. But analysts doubt about the feasibility of natural gas, although the extensive and worldwide reserves, to replace the oil hegemony. Third, the competition in the oil business is increasing within and ouside the Organization of the Organization of the Petroleum Exporting Countries (OPEC)[2]. Technological developent has permitted the growth of exploration, through techniques as the deep water production, in areas like the North Sea or the Gulf of Mexico. Fourth, the control of enery sources, specially Oil has becoming increasingy a geostrategic asset. As Amineh and Howeling (2003c: 396) note, “oil and gas are not just commodities traded in international markets. Control over territory and its resorces are startegic assets”.[3] This is valid mainly for the importing states that are endeavoring to achieve energy security, i.e. “the availability of energy at all times in avrious forms, in sufficient quantity and at afordable prices”(Hansen 2003) . And these countries are exremelly vulnerable to the risks of sudden disruptions because it will have a tremendous impact iomn the economy and society: higher unemployment rates or lower standarts of living. And these disruption can occur because of political reasons (the 1973 Arab Oil embargo to the United States because of its position on Israel), internal politics in a major exporter (the Iranian Revolution), a regional war (Iran-Iraq war) or an overwhelming increase in the demand from a huge market before which the refinaries and the exporters do not have the means to respond properly (Chinese oil demand). To avoid and bypass these dangers “ an energy importing state may choose to diversify its energy supllies to secure its energy security or it may try to improve extisting energy supply relations.” (Hansen 2003, 13)

[2] The OPEC Members are Iran, Iraq, Saudi Arabia, United Arab Emirates, Kwait, Qatar, Indonesia, Venezuela, Nigeria, Indonesia, Libya and Algeria.
[3] The War in Iraq (2003), the USA invasion, illustrates how important is the territorial control of a source of energy like Oil. In that case, the control over a country with 112,500 million of barrels of proven crude oil reserves.

References:

Amineh, Mehdi Parvizi, Howeling, Henk (2003a) “The Geopolitics of Power Projection in US Foreign Policy: From Colonization to Globalization”, Perspectives on Global Development and Technology, 15 September 2003, vol. 2, no. 3-4, pp. 339-389(51) Brill Academic Publishers.

Amineh, Mehdi Parvizi, Howeling, Henk (2003b) “The US and the EU in CEA. Relations with Regional Powers”, Perspectives on Global Development and Technology, 15 September 2003, vol 2, nº 3-4, pp. 521-547(27), Brill Academic Publishers.

Amineh, Mehdi Parvizi, Howeling, Henk (2003c) “Caspian Energy: Oil and Gas Resources and the Global Market”, Perspectives on Global Development and Technology, 15 September 2003, vol 2, iss. 3-4, pp. 391-406(16) , Brill Academic Publishers.


Hansen, Sander (2003), Pipeline Politics: the struggle for the control of the Eurasian Energy Resorces. Retrieved on June, 2004, from the Netherlands Institute of International Relations Clingendael Web Site: http://www.clingendael.nl/ciep/pdf/CIEP_02_2003.pdf

Mitchell, John V (2000) Energy Supply Security: Changes in concepts. Retrieved on June 2004 from the Royal Institute of International Affairs Web Site:

Wednesday, November 02, 2005

Europa e China na Ásia Central I

A partir de hoje vou publicar aqui um ensaio que escrevi, em inglês, no âmbito do mestrado em Estudos Europeus do Instituto de Estudos Europeus de Macau sobre as estretégias da China e da União Europeia para a zona da Ásia Central, no que diz rspeito às políticas de segurança de fornecimento de energia, numa leitura de cariz geopolítico.

Energy Supply Security Policy
European Union and China in Central Asia

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José Carlos Matias
2004

Introduction

The Central Asia and the Caspian region have drawn the attention of the world especially since the end of the Cold War. Indeed, there have been deep political, economic, and social transformations in the landmass of Eurasia. Politically the fall of the Soviet Union brought up the newly independent states of the former Asian republics of the Soviet Union. The new map of Central Asia began to include five new States – Kazakhstan, Uzbekistan, Tajikistan, Turkmenistan and Kyrgyztan – and three nations between the Black Sea and the Caspian Sean- Armenia, Georgia and Azerbaijan. In this paper we will focus on the five Central Asian Republics and on the Caspian States, which includes also Russia, one of the key processes in this area. The Central Asia and Caspian areas have received the attention of the world powers because of several reasons. Here we highlight the importance of the substantial hydrocarbon reserves (mainly Oil and Natural Gas) at the light of the new challenges for the energy supply security strategies of the European Union and China.
First one has to clarify the new challenges of the Pipeline diplomacy and Energy Supply Security policy, analyzing what changed in the last 30 years, since the oil shock in 1973, in the Oil market and regarding the Internation Political Economy of the Energy Security policies, encompassing it in the broader spectrum of the economic globalization.


Then, we will focus on the key issues of geopolitics of Central Asia: the recent history, political, social and economic shifts since the end of the Soviet Union, the security problems, the entry of the United States in the area after September 11 and the power politics strategies of the major powers in the world. The following step is, narrowing the approach, to overview the weight and relevance of the natural gas and oil in the region. In the second part of the paper, we wil enter into the core of our analysis, endeavouring to understand, in general, the geopolitical strategy of China, first, and the European Union, later, towards the Central Asian countries, and in particular, the energy supply security strategy of both world powers before the Central Asia and Caspian Region.

In the case of China, we will regard whether the Shanghai Cooperation Organization is an efficient device of Beijing (and Moscow) to strengthen their interest in the region. European Union is also a interested part in the dialogue with the Central Asian nations, since it will face a huge increase in the oil and gas dependence from imports in the furure. The objective is to clarify what is the EU strategy for Central Asia, first in a broader sense, then, in what concerns the energy supply security towards the oil and gas reserves in Central Asia, especifically in the Caspian Sea. Facing the imperial approach of the United States in Central Asia, specifically after September 11 and the War in Afghanistan and the Sino/Chinese way o resist to the American influence in an area considered by Russia and China in their natural sphere of influence, what is the EU strategy?