Wednesday, August 30, 2006

Golpes d'Ásia I *

China e Vietname: transições e balança de poderes

Os caminhos da China e do Vietname cruzaram-se por várias vezes ao longo do século XX, gerando inimizades, desconfianças e uma guerra: em 1979 quando o Exército Popular de Libertação invadiu o território vietnamita, naquela que foi designada também de “Terceira Guerra da Indochina”.
Na altura faziam-se sentir os efeitos do cisma sino-soviético e da guerra entre o Vietname e o Camboja de Pol Pot. Mais de um quarto de século depois, os caminhos entre Hanói e Pequim cruzam-se de novo, mas agora sob a égide do pragmatismo e da transição de dois países que viveram experiências díspares, mas de algum modo comparáveis, de “socialismo real” para o capitalismo. Enquanto, pouco depois da guerra sino-vietnamita, Pequim começou a abandonar o colectivismo, num processo de desmaoização da sociedade e sobretudo da economia, sob o comando de Deng Xiaoping, Hanói abraçava o início da abertura à economia de mercado em 1986, quando o Partido Comunista do Vietname (PCV) decretou o início do período “doi moi” (Renovação). Contrariamente ao que Gorbatchov fez na URSS, a abertura no Vietname, à semelhança do que aconteceu na China, foi essencialmente económica e não política. Mas as semelhanças do percurso entre os dois vizinhos da Ásia Oriental não se ficam por aqui.
A abertura à economia de mercado trouxe consigo um movimento de melhoria geral das condições de vida da população. Mas, tal como no país vizinho, o desenvolvimento está fazer-se também à custa de expropriações em grande escala que estão a causar ondas de protesto, uma vez que as compensações pela perda de propriedade chegam tarde e são geralmente bastante inferiores ao que tinha sido prometido. Em Julho, quase diariamente dezenas de pessoas juntaram-se em frente da sede do PCV e nos “encontros com o povo” promovidos pelas autoridades. Em Abril, milhares de pessoas de três provícnias meridionais enviaram cartas ao governo em que acusam as autoridades locais de fazer expropriações ilegais.
Tal como a China, também o Vietname é cada vez mais destino de Investimento Directo Estrangeiro, mas o curioso é que uma fatia desse investimento provém justamente de capital chinês. Também ao nível do comércio bilateral, as ligações são cada vez mais significativas: em 2005 as trocas ultrapassaram 8 mil milhões dólares; em 2010 espera-se que atinjam 10 mil milhões. Politicamente é signifiactivo que a primeira visita ao exterior do recém-empossado primeiro-ministro vietanamita, Nong Duc Manh, tenha sido a Pequim. Na sequência dos econtros com os dirigentes chineses - como é habitual – Hanói e Pequim assinaram vários acordos de cooperação.
No entanto, simultaneamente, o Vietname vai fortalecendo o seu relacionamento com Washington, agora que o tempo vai sarando as feridas do passado belicoso. Em Junho, o Secretário da Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld, anunciou passos no sentido de reforçar a cooperação militar. Numa altura em que oVietame prepara a entrada na Organização Mundial de Comércio, e num cenário de forte crescimento económico, a China e os EUA competem pela fidelidade de Hanói. Os vietnamitas vertamente que agradecem, uma vez que assim poderão maximizar a sua posição estratégica e tirar proveitos económicos. A sua posição é clara, como disse Ton Nu Thi Ninh, vice-persidente da Comissão Parlamentar dos Negóciso Estrangeiros, ao New York Times: Neither "leaning over" toward Washington”, nor “bow” to Beijing. A administração Bush entretanto vai monitorizando a exopansão da rede económica e coemrcial da China no espaçod a Ásia Oriental, considerado “vital” para a segurança internacional norte-americana. Como escreve Jane perlez, no NYT: The Bush administration, also concerned about Beijing's designs in Asia, is happy to provide a counterweight. The competition between Beijing and Washington for Vietnam's allegiance sometimes seems toe-to-toe.


* Este é o primeiro de uma série de vários textos que planeio escrever sobre a Ásia Oriental, nomeadamente, acerca das relações da China com os países vizinhos.

Diplomacia de Megafone

US warns China against economic nationalismChina would damage its robust economy and hinder the government’s own policy objectives if it embraced economic nationalism, Susan Schwab, the US trade representative, said on Tuesday in Beijing.Ms Schwab also urged China to play a greater role, commensurate with its new economic power, in resuscitating the cause of global trade liberalisation following the collapse of the Doha round.

No FT.

Nota: Não deixa de ser irónica esta retórica de "superioridade moral" norte-americana sobre a liberalização do comércio quando, na prática, os EUA, o Japão e a UE têm sido consdieravelmnente resposnáveis pelos entrave às negociações de Doha.

Friday, August 25, 2006

Tuesday, August 22, 2006

Leituras Pós-Dominicais

1. "Both Japan and China need to break free from history. Yet in April 2005, Prime Minister Wen Jiabao of China demanded that Japan "face up to history squarely," setting the stage for his country's scripted anti-Japanese mob protests".
"Japan-China: Nationalism on the Rise", Brahma Chellaney no International Herald Tribune


2. "Washington is correct in not interfering in the Yasukuni issue. As a senior administration official told reporters before Koizumi's sayonara summit with Bush, "I don't think it's the place of either leader to tell the other one what he can and cannot do domestically."
But Beijing would argue that by not doing anything, Washington is in fact siding more with Tokyo. China could ask the United States how it can support Japan becoming a permanent member of the UN Security Council and embrace its re-emergence when the Japanese have not fully come to grips with their own history?"
"The China Syndrome", Liu Kin-ming no The Standard.

Monday, August 14, 2006

O que é nacional é bom

Ou, a força do "infant-industries argument"
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The Simpsons and Mickey Mouse are to be banned from peak-time TV schedules in China to try to protect the country's homegrown animators, reports say.
BBC News.

Leituras Pós-Dominicais

"The Odd Couple: Japan and China, The Politics of History and Identity", Haruko Satoh
The Japan Institute of International Affairs, via Yale Global.

"Viewpoint: China on the verge", William Pesek Jr. , Bloomberg News.

"Os chineses - uma reflexão", Exílio de Andarilho.

Saturday, August 12, 2006

Dos limites do modelo chinês

Será elucidativo ler o mais recente livro de Minxin Pei - China's Trapped Transition: The Limits of Developmental Autocracy. Numa review à obra, Andrew J. Nathan analisa, na "Foreign Affairs", as virtudes e limitações do modelo de desenvolvimento chinês, quer ao nível político quer económico. Minxin Pei considera que o processo de transição política está num impasse e que é pouco claro que veha a evoluir para um modelo democrático do tipo ocidental. Mais: diz que o que está a emergir é um "estado predador", infestado pela corrupção endémica e sistémica que assola com especial profundidade as estruturas lçocais do partido. Em suma Pei diz que Instead of evolving toward a full market economy, China is trapped in partial economic and political reforms.
A perspectiva deste autor deve ser tido em conta uma vez que estamos perante um dos mais conceituados peritos na politica e economica chinesa da actualidade. No entanto, como Nathan refere, há outras perspectivas, que sendo menos dramáticas, poderão acabar por dar uma visão mais abrangente.

Thursday, August 10, 2006

Este

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Chama-se Bopha.

A minha

província/região cresce mais que a tua!
A Xinhua explica tudo:

"An NBS report affirms that China's GDP grew 9.9 percent in 2005. If local government statistics are to be believed, then GDP growth averaged 12.39 percent in 2005.
The gap between the average GDP growth reported by local governments and the figure published by NBS has widened since 2000. This gap was 1.7, 2.0, 2.6 and 2.8 percentage points respectively in 2000, 2001, 2002 and 2003.
As the most important index reflecting regional economic growth, GDP growth is still the goal pursued by local governments and officials.
Since many corporations have branches in different provinces, their output and investment may be counted several times by different regions, leading to an exaggerated GDP figure, the newspaper said.
To avoid overblown figures, the central government is trying to restructure the official achievement evaluation system by introducing the new concept of green GDP, which would calculate environmental and ecological costs along with economic growth."


Ler mais em "Local governments report higher GDP growth than central government", no Diário do Povo.

Wednesday, August 09, 2006

Leituras A gosto (mais uma)

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"The world is frequently taken to be a collection of religions (or of "civilizations" or of "cultures"), ignoring other identities that people have and value, involving class, gender, profession, language, science, morals, and politics. This unique divisiveness is much more confrontational than the universe of plural and diverse classifications that shape the world in which we actually live."

Do Prefácio, p. xvi

Tuesday, August 08, 2006

Friday, August 04, 2006

Wednesday, August 02, 2006

Outros horizontes

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Desde há algum tempo que olho com atenção para o projecto Galileo, o sistema de Navegação e Posicionamento por Satélite da União Europeia, contruído –em construção– como alternativa (competidor) ao norte-americano Global Positioning System (GPS).
Considerei desde logo interessante este projecto por vários motivos: em primeiro lugar pela dimensão desta parceria entre a UE e a Agência Espacial Europeia (ESA); em segundo pelo facto de ter surgido numa altura em que as águas do Atlântico começam a deixar visíveis algumas fissuras; em terceiro, porque sendo uma “dual-use” technology implica questões de natureza política e económica e, simultaneamente, de índole securitário e, maxime, militar.
A importância do Galileo na construção de uma infraestrutura tecnológica, por si só, suscita implicações ao nível da intenção da UE não perder mais tempo numa corrida que continua a perder face aos EUA, ao nível da Investigação e Desenvolvimento e igualmente no que diz respeito à capacidade de dar um novo ímpeto à rede de transportes pan-europeia. Naturalmente que os EUA não viram com bons olhos esta iniciativa europeia. Afinal, por que é que os europeus vão gastar cerca de 3.3 mil milhões de euros num sistema deste género, se têm acesso ao GPS de forma “gratuíta”? Mas o que incomodou ainda mais Washington foi a parceria preferencial firmada entre a UE e a China, no desenvolvimento do Galileo.
Não deixa também de ser inetressante que o Galileo esteja sob a alçada da DG TREN – Directorate General dos Transportes e Energia da Comissão Europeia, ao passo que o GPS, criado nos anos 1970, nasceu e continua ligado ao Departamento de Defesa dos EUA.
Entretanto, a Rússia pretende finalmente tornar operacional na plenitude o seu sistema, o GLONASS e a China mantém no horizonte a criação de um sistema de navegação e posicionamento por satélite próprio.
Para olhar, de vários ângulos, para este tema, nasceu o PROJECTO GALILEO.