Friday, March 27, 2009

Macau Politics: Chui, Ho e o que há-de vir

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O jornal Ponto Final titula: “Na China, a política serve-se fria”, num exercício de substituição da inóspita palavra “vingança”. O artigo – bom trabalho do jornal e em especial da minha amiga e camarada Isabel Castro – dá conta do apoio dado pela Liga da Juventude Comunista (base a partir da qual o presidente Hu Jintao ascendeu e onde mantém uma ascendente muito forte) a Ho Chio Meng, Procurador da RAEM, num número da “China Profiles”, em que o mais alto magistrado do Ministério Público é rasgadamente elogiado. Este artigo, que se refere a uma revista distribuída há três semanas, surge numa altura em que “dá a sensação” que Ho Chio Meng está a ganhar força, na discreta e opaca pré-campanha. Ho é visto pelos observadores como a escolha de uma parte de Pequim (a mais importante e mais forte?), ao passo que Chui Sai On emergiu nos últimos meses como o “príncipe”, das elites empresariais locais e, aparentemente, de associações tradicionais, sendo encarado como quem melhor assegurará a continuidade é igualmente referido como o favorito do actual Chefe do executivo Edmund Ho. Nesta nebulosa que é a política na China e em Macau, parece que Chui é o favorito das elites e do status quo local, mas desagrada a Pequim (ou a uma parte importante de Pequim), ao passo que Ho Chio Meng surge aos olhos de muitos na capital como alguém de plena confiança capaz de estabelecer a ordem e colocar na ordem o conluio que vigorou nestes dez anos. Contudo, este Ho “assusta” alguns por não ter um passado nem vir de um ambiente empresarial e por ser demasiado “colado” ao primeiro sistema. Estamos portanto sobretudo no domínio das percepções. A indecisão que ainda aparenta vigorar entre quem tem a palavra final (as autoridades da China continental) ilustra que não há qualquer candidato “natural”, nem pessoas que preencham de forma verdadeiramente satisfatória os requisitos necessários para liderar esta Região, numa fase tão sensível, numa encruzilhada. O próximo governo terá nas mãos um caderno de encargos que ameaça ser um “Trabalho de Sísifo”. Reduzindo-me ao meu estado de ignaro, poderei apenas perguntar: (1) Uma Terceira Via (Tam, por exemplo) de mínimo denominador comum e pseudo-consenso possível não será também uma possibilidade a ter em conta? (2) Como seria se a população pudesse escolher o seu "Tak Sau"? À segunda questão apenas podemos responder dando azo à nossa imaginação; quanto à primeira, aceitam-se apostas, sabendo que a casa ganha sempre. É fascinante viver neste laboratório (no irony).

1 comment:

Nuno Lima Bastos said...

Meu caro,

Quem esteve no Clube Militar na quinta-feira passada e leu as entrelinhas, percebeu certamente que a hipótese de o futuro chefe ser alguém de fora do "status quo" local já começa a preocupar muito boa gente...

Um abraço!