Monday, July 27, 2009
Chui Eleito - O dia seguinte
"O que pretende fazer?", Gilberto Lopes, no Hoje Macau.
O próximo “dono de Macau”, Ricardo Pinto, Ponto Final.
"Imaginação ao poder", Carlos Picassinos, Hoje Macau.
"Falta-lhe “vestir a pele” de CE", José Rocha Dinis, JTM.
Monday, July 20, 2009
Damned Dam! Protracted internet warfare...
No início deste mês, a 1 de Julho, precisamente, supostamente entraria em vigor, na China continental, a exigência de os novos computadores terem instalado o software “Green Dam – Youth Escort”, um sistema de filtro de conteúdos indesejáveis. Todavia, inesperadamente, foi anunciado pelo governo, horas antes da meia-noite, que a exigência de instalação tinha sido adiada. O abandono sine die, por enquanto, da ofensiva das autoridades foi saudado por muitos cibernautas (netizens) chineses (com o artista Ai Wei Wei, um dos responsáveis pelo design do Estádio Ninho de Pássaro, à cabeça) que nas semanas anteriores tinha criticado ferozmente a iniciativa classificando-a como mais uma investida contra a já limitada liberdade de acesso à internet. As autoridades diziam que tinha apenas como objectivo impedir o acesso a conteúdos pornográficos e muito violentos, mas com o pacote viriam também mais bloqueios a conteúdos “inconvenientes” para o governo central.Por que razão as autoridades fizeram marcha atrás (ou leninisticamente deram um passo atrás para dar dois à frente)? Sun Wukong, no Asia Times, considera que os protestos dos netizens teriam criado uma pressão forte sobre o governo que considerou que seria arriscado avançar nesse sentido nesta altura. Sun enquadra o fiasco do Green Dam num contexto mais alargado de um Partido Comunista Chinês que, não obstante o afinco e sofisticação com que procura erguer em cada lar uma Great Firewall, começa ter dificuldades em lidar com ondas de protesto de grande dimensão na internet:
Sunday, July 12, 2009
Leituras Dominicais
Johannes Chan incident, ideological exclusion and immigration law in Hong Kong and Macau", Thomas E. Kelloggno Hong Kong Journal.
"Ethnic integration policies and the Han costume", Alice Xin Liu, Danwei.
"One City, Two Political Cultures", Suzzane Pepper, CEG.
Tuesday, July 07, 2009
Urumqi riots - rastilho de tumulto maior?
As revoltas em Urumqi, capital da Região Autónoma Uigur de Xinjiang, constituem o caso mais grave de "social unrest" desde Tiananmen, em 1989. O rastilho terá sido uma zaragata numa fábrica de brinquedos em Guangdong que opôs chineses de etnia han a chineses de etnia uigur. Mas na verdade, esse foi só mesmo o rastilho (ou a gota de água). Sendo uma situação diferente da do Tibete em vários aspectos, sobressaem semelhanças no que diz respeito a uma rejeição por parte de sectores significativos da população local à "hanificação" e "sinização" da Região Autónoma e ao impacto da Campanha "Go West", que tanto crescimento económico levou a essas regiões, mas que causou desequilíbrios demográficos e socio-económicos que agora servem de motivo para estes protestos. Tal como sucedeu em Lhasa em Março de 2008, as formas de protesto foram muito violentas com ataques indiscriminados a chineses han. Com a diferença que em Urumqi os manifestantes foram muito mais violentos e impiedosos (sanguinários). A resposta das autoridades, como se esperava, foi de larga escala, como era inevitável. A situação está polarizada de tal maneira que hoje foram chineses han que saíram em fúria contra a ultraviolência dos manifestantes uigures.
Parece claro que o modelo desenhado para o Oeste da China de desenvolvimento económico, de autonomia (um conceito que na China tem um "je ne sais pas quois" de orweliano na forma como funcionam as "Regiões Autónomas" do primeiro sistema) e das relações Partido-Estado-Minorias terá que ser revisto. Esporadicamente, têm ocorrido também confrontos violentos entre Chineses Han e Chineses Hui (segunda maior minoria muçulmana na China a seguir aos uigures).
Para Jian Jinbo, professor na Universidade de Fudan (Xangai), o que se está a passar é uma consequência do desmoronamento da identidade nacional chinesa baseada numa lógica de classe transétnica, que começou a ser destruída durante a Revolução Cultural. Os mecanismos criados a partir da era da Reforma (1978) pelo governo central de compensar as minorias com alguns privilégios, como por exemplo estarem isentos da política de filho único ou terem quotas para acesso às universidades não conseguiram restabelecer um certo equilíbrio que terá existido na primeira fase do Maoísmo. Jian Junbo enquadra a desharmonia numa perspectiva económica e histórica. Marx surge por vezes onde já não se espera...
Atentemos a algumas passagens:
"The increasingly frequent conflicts between Han and other groups indicate the Chinese Communist Party's (CCP's) policy toward ethnic minorities has become ineffective in maintaining harmonious relations between peoples. For the past 60 years, the stated aim of the CCP's policy has been to maintain national unity and stabilize civil society. The communist government considers all ethnic groups to be Chinese, but encourages all ethnic groups, especially minorities, to keep and develop their traditional cultures. The government has even helped minorities with only a spoken language create their own writing system".
"In China, political equality based on class equality has collapsed. For the past 60 years, this idea of class equality was a basis on which all common people, including minorities, could maintain an identity as one member of the Chinese political community.
Now, the economic and political marginalization of ethnic minorities is destroying the foundation of some ethnic groups' Chinese identity. At the same time, this marginalization is deeply misunderstood by many of the majority Han ethnic group.
The shared identity of the Chinese - as socialist labor - is gradually falling to pieces. The resulting riots in Urumqi may be just the start of something much, much bigger".
Sendo interessante e enriquecedora a análise de Jian Junbo, o autor parece desvalorizar um aspecto fulcral: a hanificação rápida e em força de Xinjiang. Também no Asia Times, Sreeram Chaulia, da Jindal Global Law School in Sonipat, India, coloca ênfase nesse aspecto:
"Like the other inhumane demographic experiment in Tibet, Chinese officials justify the transfer policy from Xinjiang as being beneficial to Uyghurs as it generates employment opportunities. The extremely depressed and persecuted form of employment that internal migrant workers of minority nationalities face in the industrial citadels makes a mockery of this alleged modernizing benefit being imposed on the unwilling Uyghurs.
Forced population transfers have been a standard technique with which China managed to extend its sovereignty over lands and peoples in its western frontier with Central Asia. But the same incendiary method leads minorities to rise up in rebellion from time to time because of its implied endgame of extinction of a whole community possessing demarcating cultural characteristics. The poignancy of slowly becoming a minority in one's own territory (Han Chinese have grown from 5% of Xinjiang's population in the 1940s to more than 40% today) is fertile ground for people banding together and waging a struggle through violent or non-violent means".
Já no entender de Wenran Jiang, a conclusão principal dos acontecimentos de urumqi é a seguinte:
"Such frustrations and grievances need to be addressed in the long run with innovative policy initiatives if President Hu Jintao and Premier Wen Jiabao are to be true to their words of building a “harmonious society.” The rioters who have committed crimes against the innocent must be punished according to the law, but it will be wise for the Chinese leadership to reflect on the deeper causes of such fierce anger rather than relying on the brutal force of the state alone".
As máquinas de propaganda dos dois lados (Pequim e dos separatistas uigures no exterior) irão agora procurar moldar a narrativa que irá ficar para memória futura. Internamente, será interessante, como me alertava esta manhã um camarada jornalista chinês, ver como é que o Partido Comunista Chinês vai avaliar o que se passou - ou seja o "veredicto" oficial. Esse juízo constituirá a base para o "modus operandis" no futuro. Em Zhongnanhai os oito que por lá andam andarão numa pilha de nervos. O nono magnífico, o mais poderoso do Comité Permanente do Politburo, anda pela Europa. Um dia destes visita mesmo a Ocidental Praia. Disso falaremos em breve.
(Já não irei falar sobre isso, uma vez que esta madrugada Hu Jintao regressou de urgência a Pequim em virtude da crise em Xinjiang. Assim ficou adiada a visita a Portugal)
P.S. Vale a pena espreitar esta breve entrevista a Andrew J. Nathan um dos mais sapientes sinólogos norte-americanos. É pena ser curtinha a conversa, mas traz à superfície pontos essenciais.
Parece claro que o modelo desenhado para o Oeste da China de desenvolvimento económico, de autonomia (um conceito que na China tem um "je ne sais pas quois" de orweliano na forma como funcionam as "Regiões Autónomas" do primeiro sistema) e das relações Partido-Estado-Minorias terá que ser revisto. Esporadicamente, têm ocorrido também confrontos violentos entre Chineses Han e Chineses Hui (segunda maior minoria muçulmana na China a seguir aos uigures).
Para Jian Jinbo, professor na Universidade de Fudan (Xangai), o que se está a passar é uma consequência do desmoronamento da identidade nacional chinesa baseada numa lógica de classe transétnica, que começou a ser destruída durante a Revolução Cultural. Os mecanismos criados a partir da era da Reforma (1978) pelo governo central de compensar as minorias com alguns privilégios, como por exemplo estarem isentos da política de filho único ou terem quotas para acesso às universidades não conseguiram restabelecer um certo equilíbrio que terá existido na primeira fase do Maoísmo. Jian Junbo enquadra a desharmonia numa perspectiva económica e histórica. Marx surge por vezes onde já não se espera...
Atentemos a algumas passagens:
"The increasingly frequent conflicts between Han and other groups indicate the Chinese Communist Party's (CCP's) policy toward ethnic minorities has become ineffective in maintaining harmonious relations between peoples. For the past 60 years, the stated aim of the CCP's policy has been to maintain national unity and stabilize civil society. The communist government considers all ethnic groups to be Chinese, but encourages all ethnic groups, especially minorities, to keep and develop their traditional cultures. The government has even helped minorities with only a spoken language create their own writing system".
"In China, political equality based on class equality has collapsed. For the past 60 years, this idea of class equality was a basis on which all common people, including minorities, could maintain an identity as one member of the Chinese political community.
Now, the economic and political marginalization of ethnic minorities is destroying the foundation of some ethnic groups' Chinese identity. At the same time, this marginalization is deeply misunderstood by many of the majority Han ethnic group.
The shared identity of the Chinese - as socialist labor - is gradually falling to pieces. The resulting riots in Urumqi may be just the start of something much, much bigger".
Sendo interessante e enriquecedora a análise de Jian Junbo, o autor parece desvalorizar um aspecto fulcral: a hanificação rápida e em força de Xinjiang. Também no Asia Times, Sreeram Chaulia, da Jindal Global Law School in Sonipat, India, coloca ênfase nesse aspecto:
"Like the other inhumane demographic experiment in Tibet, Chinese officials justify the transfer policy from Xinjiang as being beneficial to Uyghurs as it generates employment opportunities. The extremely depressed and persecuted form of employment that internal migrant workers of minority nationalities face in the industrial citadels makes a mockery of this alleged modernizing benefit being imposed on the unwilling Uyghurs.
Forced population transfers have been a standard technique with which China managed to extend its sovereignty over lands and peoples in its western frontier with Central Asia. But the same incendiary method leads minorities to rise up in rebellion from time to time because of its implied endgame of extinction of a whole community possessing demarcating cultural characteristics. The poignancy of slowly becoming a minority in one's own territory (Han Chinese have grown from 5% of Xinjiang's population in the 1940s to more than 40% today) is fertile ground for people banding together and waging a struggle through violent or non-violent means".
Já no entender de Wenran Jiang, a conclusão principal dos acontecimentos de urumqi é a seguinte:
"Such frustrations and grievances need to be addressed in the long run with innovative policy initiatives if President Hu Jintao and Premier Wen Jiabao are to be true to their words of building a “harmonious society.” The rioters who have committed crimes against the innocent must be punished according to the law, but it will be wise for the Chinese leadership to reflect on the deeper causes of such fierce anger rather than relying on the brutal force of the state alone".
As máquinas de propaganda dos dois lados (Pequim e dos separatistas uigures no exterior) irão agora procurar moldar a narrativa que irá ficar para memória futura. Internamente, será interessante, como me alertava esta manhã um camarada jornalista chinês, ver como é que o Partido Comunista Chinês vai avaliar o que se passou - ou seja o "veredicto" oficial. Esse juízo constituirá a base para o "modus operandis" no futuro. Em Zhongnanhai os oito que por lá andam andarão numa pilha de nervos. O nono magnífico, o mais poderoso do Comité Permanente do Politburo, anda pela Europa. Um dia destes visita mesmo a Ocidental Praia. Disso falaremos em breve.
(Já não irei falar sobre isso, uma vez que esta madrugada Hu Jintao regressou de urgência a Pequim em virtude da crise em Xinjiang. Assim ficou adiada a visita a Portugal)
P.S. Vale a pena espreitar esta breve entrevista a Andrew J. Nathan um dos mais sapientes sinólogos norte-americanos. É pena ser curtinha a conversa, mas traz à superfície pontos essenciais.
Monday, July 06, 2009
Urumqi Riots
A notícia na CCTV 9.
"Death toll in Xinjiang riot rises to 140", Xinjiang.
"Scores killed in China protests". BBC News.
Sunday, July 05, 2009
Leituras Dominicais
"The legacy of Tiananmen echoes in Iran: a story of authoritarian resiliency", Evelyn Chan, no China Election and Government.
"How Beijing Kept Its Grip on Power", Minxin Pei, Financial Times.
"Beijing losing the gambling battle", Stephen Wong, Asia Times.
Thursday, July 02, 2009
A Crise Financeira e o Jornalismo Financeiro
“Watching the watchdogs: on the role of financial journalism in the Financial Crisis". Paper que serviu de base à minha intervenção na Asia-Media Summit, a 26 de Maio. Este texto, procura salientar aspectos importantes de um debate que não deve (pode) esmorecer.
Wednesday, July 01, 2009
O Um do Sete/O Sete do Um - 12 anos depois
Desde 2003 que tem sido assim. Uns anos com mais outros com menos, mas são sempre vários milhares de pessoas que percorrem a ilha de Hong Kong, no dia em que é assinalado o aniversário da transferência de administração. Ao mesmo tempo, outros milhares celebram o dia em que a Rocha, a península e Novos territórios regressaram mãe-pátria. Sempre que a economia está combalida, a afluência aumenta, em manifestações cujas bandeiras vão bem para além da democratização do sistema político. Na prática, esta manifestação e as vigílias no 4 de Junho são sinais enviados ao mundo e a Pequim. É a tensão que perdura numa sociedade pós-colonial em que o patriotismo assume feições bastante utilitárias. Ou, nas palavras de Stephen Vines, comentador baseado em Hong Kong, um patriorismo algo "esquizofrénico". Vale a pena recuperar um vídeo do site Danwei, realizado há um ano, no 11º aniversário da transferência, no ano dos Jogos Olímpicos de Pequim:
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