Sunday, November 30, 2008
Novas Ligações (blogosfera deste lado)
A blogosfera a Oriente não pára de crescer. Eis algumas ligações a blogues em actividada há bastante tempo e que mereciam há muito estar na barra de links:
"Caderno do Oriente"
"Macau-Banguecoque"
"Combustões"
P.S: Por falar em blogues orientais, o Bairro do Oriente completa um ano de actividades. Parabéns!
Saturday, November 29, 2008
China e Paquistão: Amizade Nuclear
José Carlos Matias
A strong China means a strong Pakistan”
Asif Ali Zardari, presidente do Paquistão de visita a Pequim em 15 de Outubro de 2008
A frase de Zardari poderia ser resumida na súmula do jogo de soma positiva (win-win game): O que é bom para a China é bom para o Paquistão e vice-versa. Mudam os governos em Islamabad, mas do ponto de vista estrutural a aliança com a China permanece intacta. A visita de Zardari em Outubro a Pequim trouxe à tona uma tendência de reforço das ligações que remontam a 1950 quando o Paquistão se tornou num dos primeiros países a reconhecer a então recém-criada República Popular da China.
O inimigo comum
Numa análise do estado das relações entre os dois países, em primeiro lugar vale a pena olhar para a evolução das relações sino-paquistanesas. Desde 1963 que as relações entre a China e Paquistão têm sido marcadas por uma “cordialidade invejável”, nas palavras do académico paquistanês Pervaiz Iqbal Cheema. Este clima tem sido uma constante, mesmo depois da reestruturação do sistema internacional, com o fim da Guerra Fria. Os confrontos fronteiriços entre a China e a Índia em 1962 deram um impulso aos laços entre Pequim e Islamabad cuja fundação se prende sobretudo com lógicas de aliança com base na balança de poderes no Sul da Ásia e com a percepção de ameaças – na terminologia de Stephen Walt, os Estados firmam alianças com base na percepção de ameaças externas (“balance of threat theory”). Findo de forma abrupta e violenta o curto período de amizade sino-indiana, a China virou-se para o rival e inimigo de Nova Deli para lançar uma base alargada de cooperação. Em 1965, na sequência da Guerra sino-paquistanesa, os EUA impuseram um embargo à venda de armas, que levou Islamabad a virar-se para Pequim, que não perdeu tempo a aproveitar a oportunidade, firmando vários acordos relativos a cooperação na área da defesa e infra-estruturas portuárias e militares. Mais tarde, noutro contexto – uma vez que Islamabad manteve canal com Washington – o Paquistão acabou por desempenhar um papel importante na aproximação entre a China e os EUA, no início dos anos 1970.
A balança de poderes
A política Chinesa para o Sul da China tem sido focada tradicionalmente na segurança das fronteiras sul e na prevenção de qualquer iniciativa expansionista da Índia. Nesse sentido a lógica da balança de poderes e de ameaça funcionou. Do lado paquistanês a aliança com Pequim é uma mais-valia crucial face a Nova Deli, pelo que o investigador Hunag Jing considera que “o Paquistão precisa mais da China que a China do Paquistão”. Regressando ao jogo de palavras em epígrafe, na citação de Zardari, sendo certo que uma China mais forte implicará um Paquistão fortalecido, o inverso não é necessariamente verdade. Para um poder médio como o Paquistão, nas relações com uma grande potência os critérios que servem de base para uma aliança devem estar centrados por uma lado na correcção de equilíbrios regionais, por outro no processo de desenvolvimento económico. Esta asserção aplica-se que nem uma luva às relações sino-paquistanesas.
De um ponto de vista geopolítico, ao passo que procura construir e fortalecer o seu arco de influência na Ásia, Islamabad não se importa com a emergência chinesa na medida em que os laços com Pequim ajudam Islamabad a reforçar o seu estatuto de poder regional. O Paquistão é, aliás, dos países vizinhos da China em que menos impacto tem a percepção da China enquanto ameaça. Não é por isso de estranhar que durante a passagem da tocha olímpica não tenha havido protestos anti-Pequim.
Laços económico-miliatares
As ligações económicas e ao nível da segurança e defesa têm caminhado lado a lado ao longo das últimas quatro décadas. A China tem dado um apoio significativo no apoio às actividades nucleares paquistanesas. Além disso, tem contribuído também para a modernização do armamento convencional do Paquistão. No longo prazo, o objectivo do Paquistão será alcançar um acordo semelhante ao que Nova Deli firmou com Washington para a comercialização de tecnologia, apesar de não ter assinado o Tratado de Não Proliferação Nuclear.
O apoio económico chinês também é significativo, sendo o Paquistão um destino de topo da ajuda ao desenvolvimento da China. Em Julho deste ano, foi assinado um acordo de livre comércio e um protocolo de investimento que deverá fazer ascender as trocas comerciais entre as duas partes um novo nível. O objectivo é, em 2011 duplicar os 7 mil milhões e dólares registados em 2007. Além disso, foram também assinados acordos para a criação de zonas económicas especiais de investimento chinês no Paquistão.
A visita de Zardari a Pequim em Outubro aconteceu também num contexto de grave crise financeira do Paquistão que precisa urgentemente de ajuda para lidar com sérios problemas de falta de liquidez e de escassez de reservas em dólares.
O espinho do fundamentalismo islâmico
Tendo em conta que o Paquistão considera compatível a situação de ter um forte auxílio económico e militar dos EUA e da China e que de Washington os ventos que sopram indiciam um resfriamento das relações, devido à questão das zonas tribais, é provável que Islamabad procure reforçar ainda mais os lados com Pequim. Do outro lado, considerando a falta de confiança mútua que permanece nas relações entre a China e a Índia, Pequim tenderá a continuar a acarinhar esta amizade nuclear. No entanto não se pense que “tudo são rosas” sem espinhos. Repetidamente, a China tem avisado o Paquistão para combater os grupos radicais islâmicos que lutam pela independência de Xinjiang, cujas bases se encontram nos países das antigas repúblicas soviéticas da Ásia central e também no Paquistão. Neste aspecto são, curiosamente, preocupações semelhantes às de Washington quanto às bases de grupos fundamentalistas islâmicos que usam o Paquistão como plataforma para atacar a presença norte-americana no Afeganistão.
Friday, November 28, 2008
Regrettable
BBC
Pequim elevou a parada ao adiar unilateralmente a cimeira por causa do encontro de Sarkozy com o Dalai Lama. Uma decisão muito pouco razoável e que poderá deixar marcas.
Veremos o que acontece quando a poeira assentar.
Aos olhos de muitos europeus, a mensagem da China pode ser entendida da seguinte maneira:
Pulling out of the summit suggests that countering criticism on Tibet is a bigger priority for China's communist leaders than working with the EU and nations like France on solutions to the global financial crisis.
A Comunidade de empresários franceses com interesses na China está bastante preocupada - com razões para isso. O efeito deste episódio não deverá ser visível tanto ao nível das relações sino-europeias em geral; as consequências poderão ser materializadas nos laços entre Pequim e Paris, que ainda há três anos celebravam uma "amizade" que colocava a França na liderança da primeira liga das relações entre a China e a UE. Nas relações com Pequim, Sarkozy parece algo errático. Num olhar "pela rama" parece-me que há mão do ministro francês dos negócios estrangeiros, Bernard Kouchner, conhecido pelo seu activismo e idealismo em questões de direitos humanos, na atitude desafiante da diplomacia francesa. Dito isto, convém não esquecer que, para a China, um encontro entre Sarkozy e o Dalai lama equivale a Hu Jintao encontrar-se com o dirigente máximo da Frente Nacional de Libertação da Córsega.
Monday, November 24, 2008
O Mundo em 2025
Segundo esta previsão, o mundo será cada vez mais multipolar, embora os EUA mantenham um papel dominante. Como tem sido referido, os BRIC - Brasil, China, , Índia e Rússia - vão ascender na distribuição internacional de poderes. Aspectos como o acesso aos recursos hídrigos e àgua potável, recursos energéticos e demografia vão ser determinantes na evolução da Economia Política Internacional.
Sunday, November 16, 2008
Macau: O fim do tempo das vacas gordas...(?)
(Foto AP)
Ou a aterragem difícil depois da irrealidade especulativa.. Mas não está assim tão negro quanto possa parecer. Em todo o caso, com este clima financeiro internacional, a imprevisibilidade e a falta de confiança imperam...
Olhares sobre a situação de Macau na imprensa internacional:
"The 'Miracle of Macau' faces stark reality", The Guardian.
"Las Vegas and Macau hit as high-rollers come down to earth", Telegraph.
"Place your bets", The Economist.
"Macau's casino boom feels the pinch", Al Jazeera
Tuesday, November 11, 2008
Leituras Pós-dominicais
"China fears India-Japan space alliance", Peter J. Brown no Asia Times.
"China cautious Toward G-20 Summit", Russel Hsiao no china Brief (Jamestown Foundation)
"Resisting China's charm offensive", The Economist.
Sunday, November 09, 2008
Artigo 23
O blogue Artigo 23 do jornal Hoje Macau - uma óptima iniciativa - é um bom veículo para ter acesso ao que tem sido publicado em língua portuguesa sobre o tema. A Rádio Macau transmitiu este fim-de-semana um debate cativante sobre o projecto de lei. Os juristas Nuno lima Bastos e António Marques da Silva, assessor da Secretária para a Administração e Justiça, dirimiram argumentos e deram o seu contributo num debate conduzido por Giberto Lopes. Vale mesmo a pena ouvir; Basta clicar aqui.
Rumo a um "quanmindang"?
José Carlos Matias
A Constituição do Partido Comunista Chinês (PCC) não deixa margem para grandes dúvidas. Logo no primeiro parágrafo do programa geral do PCC, é referido que o partido é “a vanguarda da classe trabalhadora do povo e da nação chinesa”. Uma formulação de cariz marxista-leninista que é completada logo de seguida com a declaração que o PCC lidera a promoção do “socialismo com características chinesas e representa as forças produtivas avançadas”, numa alusão quer a Deng Xiaoping, quer à Teoria das Três Representações formulada por Jiang Zemin. A forma como o PCC tem evoluído com os tempos e como abandonou a lógica classista operária-camponesa para abraçar a economia de mercado e integrar nos seus quadros a burguesia (forças produtivas avançadas) tem suscitado um debate alargado entre os observadores do PCC sobre a natureza do Partido e os caminhos que esta organização com mais de 70 milhões de militantes poderá seguir no curto e médio prazo.(Continuar a ler no Sínico Esclarecido)
Friday, November 07, 2008
A China, Macau e os Países de Língua Portuguesa
Macau Business magazine
"There is no doubt that since the inception of the Forum for Cooperation between China and the Lusophone Countries, bilateral trade has skyrocketed and huge Chinese investments have flowed into Portuguese-speaking Africa and Brazil.
But five years after the first ministerial session, how much of this can be credited to the Forum?" Ler artigo completo aqui
Thursday, November 06, 2008
Shame
Eis algo de muito lamentável que envergonha a RAEM. Por várias razões. Resta esperar que a razão, o bom senso e a tolerância revertam esta situação que nos traz à memória o que a História tem de menos dignificante.
Reportagem da TDM disponível aqui.
Wednesday, November 05, 2008
The tide has changed
Foi de facto um dia especial. E um discurso soberbo! Agora fazem-se as contas aos desafios "hercúleos" que a futura Administração Obama terá pela frente.
Deste lado do mundo, prestamos atenção à forma como a China encara a aleiçãode Obama e como o prediente eleito lidará com as relações sino-americanas.
Eis alguns sinais...
“Obama gives greater confidence to people of the Third World,” Yang said, after the photo. “We, the black, yellow, and other races, can be the same as the whites! We struggled for independence and, finally, won that. Now we have won in another field—political affairs—and in a superpower no less.”
Evan Osnos no The New Yorker
"Given China's size, its muscular manufacturing capabilities, its military buildup, at this point--and also including its large trade deficit--at this point, who has more leverage, China or the U.S.?
Obama: Number one is we've got to get our own fiscal house in order. Number two, when I was visiting Africa, I was told by a group of businessmen that the presence of China is only exceeded by the absence of America in the entire African continent. Number three, we have to be tougher negotiators with China. They are not enemies, but they are competitors of ours. Right now the United States is still the dominant superpower in the world. But the next president can't be thinking about today; he or she also has to be thinking about 10 years from now, 20 years from now, 50 years from now".
Excerto de um debate nas primárias do Partido Democrata.
"Asia's leaders, led by an ascendant China, say they hope Barack Obama didn't really mean those campaign promises to protect American trade. And if he did, they are in better shape to object than ever before". "China, Emerging Asia to Fight `Protectionist' Obama", Bloomberg
Monday, November 03, 2008
Late Monday Post (Leituras Pós-Dominicais)
A doce leveza do fim, Arnaldo Gonçalves no Jornal Tribuna de Macau
"The damage China does to itself by its clumsy public presentation is obvious—though apparently not yet obvious enough to its leadership. For outsiders, the central problem is that a country that will inevitably have increasing and perhaps dominant influence on the world still has surprisingly little idea of how the world sees it".
Their Own Worst Enemy, James Fallows, Atlantic.
"During the past two years, commentators have portrayed China's engagement in Africa as successful and a challenge to traditional donor policies and geostrategic interests. On the surface, China's bilateral and unconditional dealings with African governments seems to have undermined European efforts towards sustainable development. But Chinese and African officials claim China's "soft" diplomacy has been more preferable and successful than Europe's conditional overtures. In light of such developments, the EU has increasingly found itself under zugzwang, a position in which a chess player is compelled to move".
EU puts Africa ball in China's court, Bernt Berge no Asia Times.