Friday, November 28, 2008

Regrettable

China says it had "no choice but to postpone" a summit with the EU because of the French stance on the Dalai Lama, the Tibetan spiritual leader.

BBC

Pequim elevou a parada ao adiar unilateralmente a cimeira por causa do encontro de Sarkozy com o Dalai Lama. Uma decisão muito pouco razoável e que poderá deixar marcas.
Veremos o que acontece quando a poeira assentar.
Aos olhos de muitos europeus, a mensagem da China pode ser entendida da seguinte maneira:

Pulling out of the summit suggests that countering criticism on Tibet is a bigger priority for China's communist leaders than working with the EU and nations like France on solutions to the global financial crisis.

A Comunidade de empresários franceses com interesses na China está bastante preocupada - com razões para isso. O efeito deste episódio não deverá ser visível tanto ao nível das relações sino-europeias em geral; as consequências poderão ser materializadas nos laços entre Pequim e Paris, que ainda há três anos celebravam uma "amizade" que colocava a França na liderança da primeira liga das relações entre a China e a UE. Nas relações com Pequim, Sarkozy parece algo errático. Num olhar "pela rama" parece-me que há mão do ministro francês dos negócios estrangeiros, Bernard Kouchner, conhecido pelo seu activismo e idealismo em questões de direitos humanos, na atitude desafiante da diplomacia francesa. Dito isto, convém não esquecer que, para a China, um encontro entre Sarkozy e o Dalai lama equivale a Hu Jintao encontrar-se com o dirigente máximo da Frente Nacional de Libertação da Córsega.


2 comments:

Nuno Lima Bastos said...

Meu caro,

Percebo a comparação, mas o Dalai Lama é também o líder espiritual de uma das maiores religiões do mundo. Ou seja, tem, à luz do mundo, uma dimensão espiritual que ultrapassa a questão terrena do status do Tibete. Se a China não quer perceber isso - ou não lhe convém perceber -, cabe às demais nações insistir nessa tecla para fazer ver a Pequim que receber o Dalai Lama é como receber o Papa e não um corso ou um etarra qualquer.

Um abraço.

José Carlos Matias (馬天龍) said...

Meu caro,
Estava só a fazer um exercício de comparação, tendo em conta o discurso de Pequim sobre o assunto.
Do ponto de vista pessoal, não concordo nem com a comparação face a líderes terroristas e separatistas corsos nem com a comparação que fazes, com um encontro com o Papa. Por várias razões.
No entanto, o que me parece mais sério aqui é a decisão unilateral de Pequim de cancelar a cimeira. Compreendo do ponto de vista chinês que a atitude de Sarkozy é de ruptura com a linha de Chirac de grande aproximação a Pequim, contudo, à primeira vista, isso não parece justificar uma atitude deste género. Trata-se portanto de uma posição desproporcional e muito pouco razoável