Quem chega pela primeira vez à Ásia Oriental, vindo de Portugal, repara que na "metrópole" a atenção que é dirigida aos Extremo Oriente é manifestamente diminuta face ao papel que este lado do mundo ocupa na economia e na política internacional. Esse desinteresse começa, desde logo, na generalidade dos meios de comunicação social. Admito que, por ser jornalista e viver em Macau não entenda que na maioria dos media de Lisboa o que se passa para lá (no meu caso para cá) do Afeganistão pouco interessa. Temos Timor-leste e o epifenómeno de Macau em 1999, mas essas são excepções conjunturais.
Não estou tanto a falar de Macau - embora também note que quando leio a Reuters a The Economist, New York Times veja mais vezes notícias e reportagens sobre Macau que na maioria dos media de Portugal. Refiro-me mais à China, país que tem sido alvo de grande atenção por parte do La Reppublica, El Pais, Agência Efe, Liberation, Le Monde, Guardian, etc, só para falar de alguns jornais de referência europeus.
Esta ausência das questões da China – com a excepção da Agência Lusa que vai produzindo notícias com bastante regularidade de Macau e de Pequim - e do resto da Ásia de Leste (Tailândia, Malásia ou Vietname, etc) nos meios de comunicação social coincide com o nível das relações económicas e comerciais.
Não seria, no entanto, correcto ignorar os passos que têm sido dados nos últimos anos: as trocas comerciais aumentaram, há novos investimentos e iniciativas que poderão ter algum impacto com a criação do Centro de Distribuição do Produtos Portugueses na China, cuja escritura vai ser assinada no próximo sábado em Macau. A criação em Macau, pela China, do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa representa uma oportunidade para tirar proveito de mecanismo de cooperação tripartida Portugal-China-PALOP. Quanto à investida lusitana por esse Rio das Pérolas acima dá a impressão que muito poucas empresas portuguesas terão fôlego para entrar a sério na República Popular. Há no entanto espaços em que as empresas de Portugal poderão entrar, a nível provincial, em projectos específicos; em nichos de mercado que na China representam grandes oportunidades para a escala portuguesa. Até porque o clima político entre Pequim e Lisboa é bastante propício.
Wednesday, January 31, 2007
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1 comment:
Caro Zé Carlos, há uma outra revista que não há muito tempo (Outubro?) dedicou o seu tema de capa à China: a National Geographic. Também este mês, numa reportagem sobre o petróleo na Nigéria, dá importância à crescente influência chinesa em África (e América do Sul), especialmente no que diz respeito a fontes energéticas e outras matérias primas. A China (e a Ásia em geral) está a crescer e a começar a exercer uma cada vez maior influência sobre os países em vias de desenvolvimento. Os jornais de outros países já o viram. Convinha realmente, como dizes, que Portugal lhe prestasse mais atenção para lá da ocasional visita ministerial.
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