Saturday, March 15, 2008

A Questão do Tibete e os Jogos Olímpicos

"Como se previa, os antigos senhores do Tibete no exílio, os mesmos que mantiveram o seu povo no analfabetismo e obscurantismo religioso durante séculos, estão bravos. E com eles a colecção dos idiotas do costume, os que vivem de protestar sobre o que desconhecem, só porque é in protestar, desfilar, marchar. Sobretudo quando em questão está uma questão tão distante como o Tibete. E tudo isto se previa, como também prevejo que a China vai passar por momentos difíceis daqui para a frente e durante as Olimpíadas."

Carlos Morais José "O Risco dos Jogos" no Hoje Macau.

O timming para os protestos é cirúrgico: ainda durante a sessão anual da Assembelia Popular Nacional, a poucos dias das eleições em Taiwan e, claro, no ano dos Jogos Olímpicos. A forma provocatória de agir dos manifestantes (queimando carros e destruindo lojas de chineses han) indica que o objectivo é forçar as autoridades chinesas a usarem a força de forma desproporcionada (o que infelizmente acontece demasiadas vezes) com o objectivo de aproveitar o "mommentum" e gerar um indignação das "boas consciências ocidentais". Parafraseando Carlos Morais José no mesmo artigo "a China que se prepare: até e durante os Jogos Olímpicos, os ataques vão ser mais que muitos e eu estou para ver se Pequim conseguirá mesmo dar uma resposta equilibrada.".
Este é um jogo muito perigoso.

Ler também a análise de Shirong Chen na BBC:

"The Chinese government is faced with a dilemma. They certainly do not want any bloodshed just five months before the start of the Olympic Games, and will be keen to avoid any situation reminiscent of what happened in Burma in 2007. On the other hand, they will not want to give the monks and other protesters room to let off steam for fear that this may be interpreted as weakness and trigger further unrest".

4 comments:

Nuno Lima Bastos said...

A análise do Carlos Morais José é das coisas mais infelizes que já o vi escrever. Os fundamentos das manifestações não deixam de ser validos só porque os seus organizadores são suficientemente inteligentes para escolher o "timign" adequado; mais a mais, quando os riscos são tão elevados. Quem foi para as ruas arriscou a vida. Alguns pagaram mesmo com a vida. Não o fizeram, certamente, por questões comezinhas.

Nuno Lima Bastos said...

Perdão, «válidos» e «timing».

José Carlos Matias (馬天龍) said...

Sim, Nuno, "os fundamentos das manifestações não deixam de ser validos só porque os seus organizadores são suficientemente inteligentes para escolher o "timming" adequado;".
Na minha observação apenas pretendi contextualizar as circunstâncias em que surgiram estes protestos e os objectivos das acções violentas, segundo a minha leitura.
Obrigado por mais uma participação neste blogue.

Anonymous said...

Lamentáveis as observações de Carlos Morais José. Quando os jornalistas se distraem quanto à missão de procurarem o sentido de justiça no que vêm tornam-se papagaios de interesses que não controlam.E a obsessão da independência tem outro nome.