Friday, April 28, 2006

Nepal Mao

Photobucket - Video and Image Hosting
Gavin Coates, no The Standard, 28-04-2006

China-EUA: Desafio, Ameaça e Interdependência

A propósito da visita do presidente chinês aos Estados Undios, a última capa da revista “Newsweek” mostra Hu Jintao e George W. Bush na primeira página com o título “The Real Clash of Civilizations”. No interior a publicação explica quais são os grande temas de fractura – direitos humanos, liberdades civis, valor do yuan, desrespeito pelos direitos de propriedade intelectual, as “amizades políticas” com estados párias ou nações que desafiam a hegemonia americana, etc – para concluir que enquanto Washington se tem preocupado ao longo dos últimos anos com o fundamentalismo islâmico, “China poses the most serious challenge to America and its global vision”.
Embora a Newsweek refira challenge e não threat, existe subjacente a este freaseado esse cartão da “Ameaça-China” que dá votos, vende livros e impressiona, mas é redutor e em certa medida perigoso.
Esta self-fulfilling prophecy não é recente e tem vindo a ganhar terreno em Washington quer nos meios políticos, intelectuais mais bélicos, quer nos media. Neste contexto, julgo que é importante e necessário entender o significado da emergência da China num plano mais vasto sem estar amarrado à tese de que a próxima guerra fria está para chegar e que um conflito entre a China e os EUA é inevitável. Esta asserção tem por base uma tendência de uma certa escola realista de entender que sempre que existe um processo de catching up entre um poder hegemónico e o seu principal concorrente, id est, uma transição de poder ou pelo menos uma reorganização da distribuição das capacidades no sistema internacional, a probabilidade de conflito aumenta ou será mesmo quase inevitável.
Historicamente, desde a segunda vaga de industrialização (estamos a falar nomeadamente na Europa Ocidental e nos EUA) o único caso claro em que não houve uma guerra ou conflito foi na transição de poder da Grã Bretanha para os EUA, nas duas primeiras décadas do século XX. Recentemente alguns académicos e analistas consideram que o que se está a passar com a China é uma reminiscência do que aconteceu com o Japão e com a Alemanha no passado.
É certo que os conceitos clássicos realistas de self-helf, interesse nacional, do dilema de segurança, na inexistência de autoridade na estrutura internacional composta por estados não perderam a validade depois do fim da guerra fria. Contudo, poderá ser insuficiente aplicar os óculos realistas clássicos, neorealistas ou realistas-mercantilistas ao que se está a passar no processo China-EUA que antes de mais é, obviamente, dinâmico.
De momento, apesar das diferenças que emergem e que foram referidas no primeiro parágrafo deste texto, o que predomina é a interdependência económica. Não quer isto dizer que não possamos vir a testemunhar uma viragem para um cenário em que na defesa do interesse nacional surjam (como estão a surgir) movimentos proteccionistas que criarão um ambiente propício ao conflito. Tudo depende de vários factores. Do processo de negociações na OMC, da política doméstica de cada país, das dinâmicas nas relações de cada um dos países com outros poderes como a Rússia, a China, a UE, etc, da construção das identidades enquanto poderes no relacionamento de um estado com o outro, da capacidade da China vencer o desafio de manter uma economia cada vez mais aberta e um sistema político centralizado e autoritário, da tentação norte-mericana para o containment da China em vez do engagement, etc.

Thursday, April 27, 2006

Ler Macau

"Desenvolvimento e desafios", José Isaque Duarte, No Hoje Macau.
"Preparem-se para 2009!", Paul Chan Wai Chi, idem.
"Ver para crer", Janet Ho, no Ponto Final.

Wednesday, April 26, 2006

Tuesday, April 25, 2006

Cravos de Abril à Mesa na China

Image hosting by Photobucket
Haikou, Abril de 2006.
O 25 de ABril representado acidentalmente à mesa de um restaurante em Hainão.
Uma imagem promonitória? Wishful-thinking? Um devaneio? Uma coincidência?

P.S. O 25 de Abril é comemorado em Macau pela comunidade portuguesa que este ano conta com a presençade Adelino Gomes, uma referência no jornalismo que viveu aquele dia ao lado de Salgueiro Maia.

Fórum Boao em três tempos

Image hosting by Photobucket
Image hosting by Photobucket
Image hosting by Photobucket
Boao, Hainão, 22 de Abril de 2006.

Monday, April 17, 2006

A viagem de 2006

Ler
1. Elizabeth Economy e Adam Segal: "Our Opportunity with China", no Washington Post.
2. Zhiqun Zhu: "China and the US: Moving beyond talking", no Asia Times.

O consenso de 1992 e a viagem de 2006

Hu Jintao fez um apelo para que sejam retomadas as conversações entre os dois lados do estreito tendo por base o consenso de 1992 que parte do princípio inquestionável que existe uma só China. Ao lado de Lien Chan, presidente honorário do Kuomintang, o histórico Partido Nacionalista e maior força política da oposição em Taiwan, o chefe de estado procura enviar um sinal a Washington dois dias antes de partir para os Estados Unidos para a sua primeira visita oficial. Com este gesto, Hu pretende magnânime para com o separatista presidente em Taipé, Chen Shui-Bian - que há algumas semanas anunciou a dissolução do Conselho da Reunificação - e, em simultâneo colocar no centro da agenda política dos encontros em solo norte-americano a questão de Taiwan, com o objectivo de ofuscar o incómodo superavit comercial chinês na relação com os EUA e as pulsões proteccionistas que subjazem e emergem no Congresso, em ano de eleições legislativas. Quer Democratas, quer Republicanos deverão fazer valer o cartão amarelo que querem mostrar à China, usando como argumento a questão do valor do yuan como princípio e fim do aumento do desequilíbrio na balança comercial. Já para não falar do "outsourcing". Ou seja culpar a China dá votos e todos os argumentos servem. Só não dá jeito lembrar que Pequim financia o défice orçamental norte-americano comprando em doses consideráveis títulos da dívida pública dos EUA.
Do lado chinês, o regime tem tentado dar sinais aos EUA de boa vontade em questões sensíveis como o Tibete ou nas relações com o Vaticano. Mas os sinais são contraditórios e enquanto uma mão parece relaxar, a outra funciona como um punho de ferro no controlo da liberdade de imprensa e de expressão. Parafraseando a The Economist:

“In recent months, China has even shown tentative signs of wanting progress in talks with representatives of the Dalai Lama and of the Vatican. Few expect breakthroughs soon. But in a gesture clearly aimed at pleasing Mr Bush, China last month allowed a Tibetan nun who had been imprisoned for 14 years for her outspoken support of the Dalai Lama to go to America for medical treatment. Still, Mr Hu has shown no real willingness to ease his suppression of dissent. Worried that rapid economic and social change could trigger instability, he is tightening controls. Mr Bush recently described China as a “big opportunity for democracy”. On this, Mr Hu will disappoint him” (...)

Nestas questões da China nem as "self-fulfill prophecies", nem o "wishful thinking" são bons conselheiros. Nas relações sino-americanas, Bush acabou por enunciar uma caraterização que, em si, contempla o essencial de um relacionamento que será crucial para este século.

"Very Positive and complex"
Muitos acrescentariam, "and interdependent". E acertadamente, por enquanto.

Thursday, April 13, 2006

Budismo, Socialismo de Mercado e Sociedade Harmoniosa

Image hosting by Photobucket
A organização, este ano, na China, em Hangzhou, do Fórum Mundial do Budismo não surge ao acaso e deve ser entendida no contexto da necessidade de Pequim cimentar o conceito de uma “Sociedade Harmoniosa”, que as autoridades têm vindo a defender e a divulgar nos últimos anos, em especial, desde 2003/2004, altura em que a quarta geração assumiu o poder.
Por outro lado, numa altura em que a legitimidade ideológica desvaneceu-se, o regime procura agarrar-se a outras formas de legitimação e de promoção dos valores que não se podem cingir ao princípio Denguista de “enriquecer é glorioso”. A orfandade ideológico está a ser substituída por um certo nacionalismo, ou pelo menos pela propaganda patriótica – basta ver mesmo aqui em Macau, a ênfase que é dada no discurso oficial e nos currículos escolares do “Amor à Pátria, Amor a Macau” ou, na China continental verificar o modo como Pequim tolera ou estimula o nacionalismo anti-japonês, como aconteceu nas manifestações de 2005 contra a revisão dos manuais escolares japoneses.
O Budismo, que entrou na China no início do século I, faz parte da identidade milenar da China, a par do Confucionismo e do Taoismo. Se durante a Revolução Cultural a herança Legalista foi recuperada de forma instrumental em oposição aos ensinamentos de Confúcio, do Taoísmo e do Budismo, actualmente a liderança do Partido e do estado acolhe de braços abertos este grande fórum mundial, salientando os pontos de contacto entre a folosofia e os ensinamentos do Budismo e os objectivos e valores centrais da República Popular. Não é por acaso que Liu Yandong, vice-presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, afirmou:
"Buddhism has made important contribution to world peace and human civilization in the history. The forum will play a positive role in exploring how Buddhism can contribute to building a harmonious world,".

Ou que Qi Xiaofei, vice-presidente da Associação de Cultura Religiosa da China, explicitou:

"Chinese culture values the concept of harmony, which is quite similar to Buddhist doctrines. That's why Buddhism is more popular in China"

E quanto à putativa presença do Dalai Lama?

“In my opinion, if he appears at the forum, he will surely pose a really disharmonious note to the general harmonious tone of the forum” (…) “What we need here and now is dialogue rather than confrontation," he said, claiming that judging from Dailai Lama's activities in the past, he might bring about harm to the "harmony" theme of the forum. According to Qi, Dalai Lama is not only a religious figure, but also a long-time stubborn secessionist who has tried to split his Chinese motherland and break the unity among different ethnic groups (...)

Tuesday, April 11, 2006

Image hosting by Photobucket
Gavin Coates, The Standard, 11-04-2006

Uma inciativa de louvar

Observatório da China.

O Sínico saúda esta iniciativa e todos os investigadores, jovens e experientes, que estão, em Portugal, a desenvolver um trabalho muito importante e muito interessante sobre a política, a economia e a cultura chinesa.

"Um grupo de sete estudiosos e investigadores portugueses, com formação superior em assuntos da China decidiu juntar-se para constituir o Observatório da China. Nos objectivos anunciam querer contribuir para a reflexão, o estudo e a investigação do passado e do presente da China"
Ler mais no Ponto Final.

Monday, April 10, 2006

Breves da economia sínica

  • China has responded to a request by the United States and Europe to take part in WTO consultations over auto part tariff rules, the Commerce Ministry said Saturday.
    China's commissioner to the World Trade Organization, Sun Zhenyu, has informed the U.S. and EU ambassadors to the body that Beijing has accepted their request to participate in consultations
    . (Xinhua)
  • Japan has resumed talks to reach a free trade deal with the 10 members of the Association of Southeast Asian Nations after an eight-month stalemate. Japan will also hold bilateral talks during the three-day meeting with Cambodia, Laos and Myanmar, ASEAN's least developed states, in hopes of finding ways for Tokyo to help bridge the income gap in the regional bloc. (Channel News Asia)
  • O consórcio Mel/PBL, que recentemente adquiriu uma subconcessão de jogo em Macau à norte- americana Wynn Resorts lançou hoje o projecto Cidade dos Sonhos, um projecto de jogo, hotelaria e habitação orçado em 1,15 mil milhões de euros. (Lusa)

Saturday, April 08, 2006

Ping Pong Diplomacy

Foi há 35 anos quando uma equipa norte-americana de ténis de mesa visitou a China a convite de uma associação chinesa, naquele que foi o primeiro acto de quebra do gelo nas relações sino-americanas desde 1949, o ano em que foi estabelecida a República Popular da China.
No dia 6 de Abril de 1971, os norter-americanos receberam de surpresa o convite, quando participavam num torneio no Japão. Quatro dias depois a delegação dos EUA entrava na China e inaugurava uma nova era nas relações sino-americanas.
No dia 21 de Fevereiro Nixon pisava Pequim para uma visita de uma semana - "the week that changed the world" - em que se encontrou com Mao Zedong.

E pensar que tudo começou com o facto de um jogador norte-americano ter chegado atrasado para apanhar o autocarro da sua selecção, tendo sido convidado a entrar na "camioneta" chinesa.
Mas claro que esta aproximação já estava na cabeça das lideranças em Washington e Pequim. O inimigo agora era comum: A União Soviética.

P.S.1 Os mesmo nove atletas que deram início à nova era estão de volta, 35 anos depois, a uma China que preserva a bandeira, o nome oficial de República Popular, o Partido e símbolos desses tempos idos de 1971.

P.S. 2. Esta efeméride é celebrada duas semanas antes da visita de Hu Jintao a Washington e numa altura em que nunca houve tanta interdependência económica e num dos momentos em que re-emergem nos EUA as vozes sinófobas.

De facto...

Partilho da estupefacção do Andarilho e, na verdade, parafraseando Paulo Gorjão, há uma certa nebulosidade nos critérios que presidiram á tomada de posição do MNE português face à decisão de Chen Shui-Bian de cancelar as actividades do Conselho da Reunificação. Não que não considere que Lisboa deva ter uma outra voz mais activa na tomada de posições face a assuntos relevantes no panorama internacional, mas fazê-lo dois meses depois de algo ter acontecido e omitir posições sobre outros assuntos no mínimo importantes é no mínimo estranho.

Wednesday, April 05, 2006

Thaksin Out II

Sem honra nem glória chegou ao fim o reinado de Thaksin Shinawatra. E em dois meses, o magnata viu fugir-lhe a Shin Communications – maior empresa tailandesa de telecomunicações que foi vendida à Tamasek de Singapura – e a cadeira de chefe de um governo que liderava desde 2001. Curiosamente, foi o negócio da venda da Shin, controlada pela sua família, que lhe abriu as portas do inferno com manifestações gigantescas contra uma operação que além de alegadamente colocar em causa a soberania do país, estava envolto em nuvens carregadas de inside trading e manobras para fugir aos impostos.
Ironicamente, Thaksin, que criou o partido Thai Rak Thai (tailandeses amam tailandeses), tinha há pouco mais de um ano tido uma landslide victory, renovando e aumentando a maioria parlamentar para 374 assentos dos 500 lugares. No passado fim-de-semana, o mesmo homem obteve 57 por cento numas eleições em que não participaram os maiores partidos da oposição.
Populista, neo-autoritário, market-friendly, crony capitalist. Shinawatra foi um pouco diso tudo e algo mais. Antes de tudo já era o homem mais rico da Tailândia.
What's next?

“Moreover, if it becomes apparent that Thaksin is still pulling the strings behind government, protest leaders have already vowed to return to the streets. "This could be a trap," said PAD leader Sondhi soon after Thaksin's announcement. "We will reserve the right to judge if Thaksin is still pulling the strings from behind the scenes." He said the PAD will wait until April 30 before deciding the next move. And, as such, there are still big clouds over Thailand's political future.”

Shawn W Crispin in “In Thailand, Thaksin falls from grace”

Thaksin Out!

Image hosting by Photobucket
Thailand's embattled Prime Minister Thaksin Shinawatra says he is stepping down, and has urged Thais to re-unite after months of political crisis.

THAKSIN'S POLITICAL CRISIS
23 January: Thaksin sells 49.6% family stake in telecoms company Shin Corp
4 February: 50,000 attend rally in Bangkok demanding Thaksin's resignation; similar rallies continue in the capital
24 February: Thaksin dissolves parliament and calls snap election
27 February: Three main opposition parties say they will boycott the polls
2 April: Thais vote for new government amid opposition boycott
3 April: Thaksin says his Thai Rak Thai party has won more than 50% of vote
4 April: Thaksin says he will step down

"Thai prime minister to step aside" BBC.

Monday, April 03, 2006

Macau em números

Image hosting by Photobucket
Área:..........................................................27.5 km quadrados
População:.................................................488 144
PIB............................................................. 9,54 mil milhões de euros (6.7% crecimento em 2005)
PIB per capita............................................20 047 euros
salário mediano mensal..................................587 euros
salário médio mensal:.....................................602 euros
salário médio mensal
dos trabalhadores no sector do jogo:.........1 161 euros

Fontes: Serviços de Estatísticas Censos de Macau. Conversão: 9.7 patacas por euro.