Hu Jintao fez um apelo para que sejam retomadas as conversações entre os dois lados do estreito tendo por base o consenso de 1992 que parte do princípio inquestionável que existe uma só China. Ao lado de Lien Chan, presidente honorário do Kuomintang, o histórico Partido Nacionalista e maior força política da oposição em Taiwan, o chefe de estado procura enviar um sinal a Washington dois dias antes de partir para os Estados Unidos para a sua primeira visita oficial. Com este gesto, Hu pretende magnânime para com o separatista presidente em Taipé, Chen Shui-Bian - que há algumas semanas anunciou a dissolução do Conselho da Reunificação - e, em simultâneo colocar no centro da agenda política dos encontros em solo norte-americano a questão de Taiwan, com o objectivo de ofuscar o incómodo superavit comercial chinês na relação com os EUA e as pulsões proteccionistas que subjazem e emergem no Congresso, em ano de eleições legislativas. Quer Democratas, quer Republicanos deverão fazer valer o cartão amarelo que querem mostrar à China, usando como argumento a questão do valor do yuan como princípio e fim do aumento do desequilíbrio na balança comercial. Já para não falar do "outsourcing". Ou seja culpar a China dá votos e todos os argumentos servem. Só não dá jeito lembrar que Pequim financia o défice orçamental norte-americano comprando em doses consideráveis títulos da dívida pública dos EUA.
Do lado chinês, o regime tem tentado dar sinais aos EUA de boa vontade em questões sensíveis como o Tibete ou nas relações com o Vaticano. Mas os sinais são contraditórios e enquanto uma mão parece relaxar, a outra funciona como um punho de ferro no controlo da liberdade de imprensa e de expressão. Parafraseando a The Economist:
“In recent months, China has even shown tentative signs of wanting progress in talks with representatives of the Dalai Lama and of the Vatican. Few expect breakthroughs soon. But in a gesture clearly aimed at pleasing Mr Bush, China last month allowed a Tibetan nun who had been imprisoned for 14 years for her outspoken support of the Dalai Lama to go to America for medical treatment. Still, Mr Hu has shown no real willingness to ease his suppression of dissent. Worried that rapid economic and social change could trigger instability, he is tightening controls. Mr Bush recently described China as a “big opportunity for democracy”. On this, Mr Hu will disappoint him” (...)
Nestas questões da China nem as "self-fulfill prophecies", nem o "wishful thinking" são bons conselheiros. Nas relações sino-americanas, Bush acabou por enunciar uma caraterização que, em si, contempla o essencial de um relacionamento que será crucial para este século.
"Very Positive and complex"
Muitos acrescentariam, "and interdependent". E acertadamente, por enquanto.
Monday, April 17, 2006
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