Monday, December 05, 2005

Manifestação em Hong Kong II

O que aconteceu ontem em Hong Kong demonstra que a vontade de uma parte significativa da sociedade tem a maturidade suficiente para abraçar o sufrágio directo e universal. O mais significativo nesta demonstração é que, pela primeira vez, todo o campo pró-democracia assinou uma só petição, em que os vários movimentos exigem um calendário para a implementação de mecanismos directos eleição do chefe do executivo e do Conselho Legislativo. Simbolicamente, Anson Chan, ex número dois do governo de Chris Patten, o último governador britânico de Hong Kong, esteve presente, dando mais força a uma manifestação pácífica e ordeira, que também por isso ilustra a maturidade de uma sociedade que, mesmo vivendo, ou talvez por isso mesmo, num clima de recuperação económica a olhos vistos, mantém firmes os anseios democráticos.
Apesar deste sinal, será de todo impossível que a exigência seja satifeita. Quem decide, em primeira e última instância é o governo central, a quem não intressa um avanço rápido para a democratização geral do sistema de Hong Kong, nem sequer a o estabelecimento de um calendário, que iria condicionar o processo de democratização com "características chinesas" que os dirigentes de Pequim proclamam. No meio disto tudo Donald Tsang é o elo mais frágil da antítese entre uma parte da sociedade de Hong Kong e os planos do governo central. Conseguirá o chefe do executivo de Hong Kong fazer a síntese? Será que a missão dele é como fazer a quadratura do círculo? Irá Ppequim ouvir estas exigências? Será que Tsang vai ceder significativamente no seu plano tímido de reformas políticas?

Para ler mais sobre este assunto:
Na blogosfera, ler
A afirmação da sociedade civil, no Exílio de Andarilho

Na imprensa internacional:
Tsang gets the message , no The Standard.
Major Hong Kong protest, Christian Science Monitor
Hong Kong's slow reform triggers new mass protest, Times

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