Monday, February 27, 2006
As Fragilidades democráticas do Sudeste Asiático
Os acontecimentos dos últimos dias na Tailândia e nas Filipinas demonstram que o processo rumo ao estabelecimento de democracias liberais no Sudeste Asiático é lento e está sujeito a derivas autoritárias. No antigo reino de Sião, o primeiro ministro Thaksin Shinawatra convocou eleições atecipadas, na sequência de uma série de manifestações que pedem a demissão do chefe do governo de Banguecoque, despoletadas pela venda da Shin Corporation, empresa da família de Shinawatra, à Tamasek, braço do governo de Singapura para os investimentos externos, numa operação livre de impostos. Nas Filipinas, o caso é diferente. A Presidente Gloria Arroyo chamou a si poderes de emergência depois de ter sido denunicado uma suposto plano para de um golpe de estado que envolveria elementos da oposção e facções do Exército. Os contornos deste caso soam aos de uma história muito mal contada. Arroyo está sob fogo desde as últimas eleições presidenciais, que venceu supostamente com recurso a fraudes eleitorais. Na memória destes povos está ainda fresco o período ditatorial, na Tailândia dos generais e nas Filipinas de Ferdinand Marcos . Agora, quando ainda estamos numa fase de aprendizagem da vida em democracia, nomeadamente no que diz respeito à consolidação do estado de direito e à consciencialização da importância da accountability, estes líderes eleitos democraticamente (ainda que haja dúvidas quando a Arroyo), demonstram que convivem mal com a crítica, a imprensa livre e com a escrutínio sobre os negócios públicos e os interesses privados. Existe, por outro lado, sempre a tentação populista de Thaksin Shinawatra que, numa fuga para a frente - ao estilo de Berlusconi - prometeu aumentar o salário mínimo, benefícios aos agricultores, e empregos de part-time para estudantes. Noutro país da ASEAN, no Camboja, os sinais são em sentido contrário. O regime democrático musculado de Hun Sen decidiu amolecer o punho, lançando pontes de diálogo com a oposição.
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