Tuesday, April 12, 2005

A China e o Quirgistão II

Por Matthew Oresman

"E enquanto, desde então (revolta de Asky) , a oposição raramente tem exibido essa retórica anti-China, a situação política pode restringir um discurso amigável para com a China, se um dos candidatos nas eleições ressuscitar o velho sentimento contra Pequim.
Em segundo, o governo central chinês vai prestar muita atenção ao modo como o novo governo quirguize vai lidar com a diáspora Uigur do Quirguistão. Com cerca de 50 mil uigures a viverem lá, ainda por cima com os milhares de mercadores e traficantes que cruzam a fronteira com Xinjiang, o Quirguistão representa uma das maiores comunidades uigures fora da China. Sob um novo, mais democrático governo, os grupos uigures podem desenvolver-se politicamente de modo mais fácil. E se lhes for permitido, pode tentar influenciar a situação em Xinjiang de modo agressivo ou organizar a diáspora de modo mais efectivo.
Em terceiro lugar, Pequim, como sempre, está preocupada com a potencial instabilidade criada por um vazio de poder no Quirguistão. A situação instável pode permitir que grupos fundamentalistas islâmicos se infiltrem de modo mais profundo e que redes de traficantes de droga estabeleçam a sua presença mais eficazmente.
Finalmente, a China está a observar os desenvolvimentos tendo em vista o significado deste processo de transição política na influência que exerce na região. Analistas em Pequim têm deixado transparecer receios que a revolução no Quirguistão se consubstancie numa oportunidade para Washington reforçar a sua presença e influência, à medida que o futuro poder democrático lança pontes como novos parceiros. Pequim suspeita que os Estados Unidos tenham sido a “mão escondida” por detrás desta reviravolta.
Neste momento, a China está a ter uma atitude de “esperar para ver”. É provável que continue a seguir a liderança russa e apenas quando a situação se voltar contra si é que Pequim vai decidir agir".

Matthew Oresman é o director do “China Eurasia Forum”.

Tradução adaptada do texto “Keeping China on the edge”, publicado hoje (12-14-2005) pelo South China Morning Post.

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