Tuesday, April 05, 2005

O Dragão em lojas de procelanas I

Escreve Joana Amaral Dias , num artigo a ler no DN, que "nova obsessão norte-americana chama-se China". Não diria propriamente nova, uma vez que a utilização da "Ameaça-China" tem sido recorrente, em especial depois de Tiananmen, e, avulso ao longo dos últimos anos. Na literatura recente lembro-me do sensacionalista "The Coming Conflict with China", de Richard Bernstein e Ross Murno, em 1997. A nível oficial, apesar do discurso de "emergência pacífica" da liderança chinesa, sou levado a concordar com Avery Goldstein quando diz que "desde 1996, o desafio central de Pequim tem sido construir uma política externa que reforce a segurança do país e facilitar a sua emergência para o grupo dos grandes poderes numa era de hegemonia Americana", ou com Yong Deng: "A China intensificou a abertura do acesso ao mercado com o objectivo de enfraquecer a pressão da Europa-Estados Unidos e Japão para liberalização política e comercial da China". Uma das grandes preocupações de Pequim é dissipar o espectro da "Ameaça-China", da cena internacional, embora as situações por resolver de Taiwan, ilhas Diaoyu ou arquipélago Spartly comprometam a missão da diplomacia chinesa (já para não falar de questões internas como o Tibete e mesmo Xinjiang). Além do mais, o louco crescimento económico, o aumento dos gastos militares, a par da percepção, em estudos e previsões, que o século XXI vai ser mesmo o Século da China, são factores que deixam no ar dúvidas quanto ao modo como o poder hegemónico vai lidar com os que o desafiam. ( Continua)

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