Não querendo tomar partido neste debate ( uma vez que a complexidade do assunto não se presta a adesões pouco reflectidas), saliento a contribuição de dois autores. O primeiro escreveu há quase 2500 anos - também citado por Nye. Tucídides, pai da História e grande inspirador dos realistas, no clássico "A Guerra do Peloponeso" salientava que "o que fez a guerra inevitável foi o crescimento do poder de Atenas e o medo que isso causava em Sparta". O dilema securitário e a percepção da inevitabilidade podem tornar-se numa self-fulfill profecy. O segundo, Avery Goldstein: "enquanto as relações são mais cooperativas do que conflituais, o estimular a interdependência poderá ser atractivo. Mas o risco neste tipo de acordos é que qualquer problema tende a espalhar-se pelo sistema de modo imprevisível".
Nye termina o artigo a defender que não é inevitável uma guerra entre a China e os Estados Unidos, uma vez que se é verdade que há casos na História de poderes emergentes que entram em conflito com a principal potência (Alemanha e Inglaterra na Primeira Guerra Mundial), também temos exemplo da transiçao hegemónica dos ingleses para os americanos. Tendo em conta que a China fala insistentemente de uma emergência pacífica - já enunciada na década de 80 por Deng Xiapoping- e que Pequim está, desde 1996, a procurar dissipar o espectro da "ameaça China" nas relações internacionais, em que ficamos? O que está por detrás das intenções do discurso apaziguador da China? E o facto da China estar a financiar o défice norte americano, a par da crecente interdependência comercial entre os dois países não serão motivos mais que sificientes para que na avaliação custo-benefício uma guerra se afigure como uma hipótese pouco racional? Mas, e Taiwan? E a Coreia do Norte? E a disputa com o Japão pelas Ilhas Diaoyu? E o imbróglio em torno do arquipélago Sapartly? E a possível remilitarização nipónica?
Thursday, March 24, 2005
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1 comment:
Cheguei aqui através do Observador.
Só li este Post, mas não o vou comentar. Estou de visita e deselo uma Boa Páscoa.
Abraço ;-)
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