Wednesday, March 15, 2006

Ideias feitas, refeitas e desfeitas

É comum dizer-se que a China já não é – alguma vez foi?- um país comunista. É também um dado adquirido que a ideologia deu lugar ao pragmatismo económico no “Império do Meio” e que o Partido Comunista Chinês mais não é que uma entidade blindada em que, apesar de coexistirem tendências mais conservadoras e mais “liberalizantes”, é uma entidade quasi-monolítica em que as poucas divergências assentam nas rivalidades na estrutura burocrática.
O problema consiste em caracterizar o regime, nomeadamente com as lentes ocidentais. Pondo de parte a propaganda oficial do “socialismo de mercado com características chinesas”, será que estamos perante um regime social-conficionista? Um modelo neo-autoritário “developmentalist”? Um capitalismo burocrático de estado de fachada socialista com bolsas de economia de mercado completamente desreguladas socialmente?
Talvez um pouco disto tudo e algo mais. Agora, classificá-lo de Neo-Leninista é que não lembra ao...

Behind the glowing headlines are fundamental frailties rooted in the Chinese neo-Leninist state. Unlike Maoism, neo-Leninism blends one-party rule and state control of key sectors of the economy with partial market reforms and an end to self-imposed isolation from the world economy

The neo-Leninist state practices elitism, draws its support from technocrats, the military, and the police, and co-opts new social elites (professionals and private entrepreneurs) and foreign capital—all vilified under Maoism. Neo-Leninism has rendered the ruling Chinese Communist Party more resilient but has also generated self-destructive forces


Minxin Pei, em "The Dark Side of China’s Rise”

31 comments:

C said...
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C said...

Zé Carlos,

Sobre a "máquina" da China, o Mestre Heitor Romana publicou recentemente um livro que faz uma análise profunda do regime.
Podemos verificar que nos discursos oficiais, as designações de Partido Comunista estão a ser sustituídas pelo Estado Chinês ou Pátria Chinesa. Já há quem diga que a China tenha dentro dela ingredientes para uma mudança para um regime fascista.
Pois como sabemos, em teoria política, tanto o comunismo, fascismo e nacional-socialismo (esta última tem um ingrediente a mais que o fascismo, que é o anti-semitismo) são teorias políticas revolucionárias. O que quer dizer que visam uma nova ordem e que contrastam claramente com as teorias políticas do conservadorismo, do tradicionalismo, traços característicos que podemos encontrar no antigo regime do Estado Novo, dirigido por António de Oliveira Salazar. Desenganem-se aqueles que chamam o Estado Novo de "fascista" ou "fascizante", é pura demagogia e método de propaganda e desinformação largada por "esquerdistas" (perdoa-me a expressão). Um autor interessante sobre a desconstrução desse tipo de propaganda de um certo tipo de esquerda, talvez ligada ao fenómeno do Bloco de Esquerda, chama-se Alain de Benoist.
Julgo que ainda faz falta a muitos compreenderem a filosofia política, origens das e teorias políticas e história.
Por exemplo, agora que estive em Paris, assisti à carga policial nos maltrapilhos mascarados de estudantes ou mesmo estudantes malandros que só queriam a pretexto de qualquer coisa que seja, causar desacatos e pela negativa, ganhar protagonismo.
Isso não é sequer comparável ao Maio de 68, como algumas análises básicas que alguns jornalistas fazem por aí, pois é uma acção conjunta daquela rede ou "network" dos malandros da anti-globalização, os mesmos drogados pela liberalização das drogas, abortistas, anárquicos, que certamente apoiados por movimentos políticos de esquerda, para aproveitar o balanço para cascar num governo de direita. É a análise que faço.

Abração,

C said...

Olá,

Aqui está o link do jornalista Alian de Benoist.

http://www.alaindebenoist.com/

"Desde há mais de trinta anos que Alain de Benoist vem efectuando un metódico trabalho de reflexão no âmbito das ideias. Escritor, jornalista, conferencista, filósofo, publicou mais de 50 livros e mais de 3.000 artigos, actualmente traduzidos a uns quinze idiomas. Os seus principais campos são a filosofia política e a história das ideias, mas também é autor de numerosas obras sobre arqueologia, as tradições populares, a história das religiões ou as ciências da vida.

Indiferente às modas ideológicas, recusando qualquer forma de intolerância e de extremismo, Alain de Benoist também não cultiva nenhum tipo de nostalgia «restauracionista». Quando critica a modernidade, não é em nome de um passado idealizado, senão preocupado antes de tudo pelas problemáticas pós-modernas. Quatro são os principais eixos do seu pensamento: 1) a crítica conjunta do individúo-universalismo e do nacionalismo (ou do etno-centrismo) como categorias que pertenecem, em ambos os casos, à metafísica da subjetividade; 2) a desconstrução sistemática da razão mercantil, da axiomática do interesse e das múltiplas dominações da Forma-Capital, cujo alcance global constitui, desde o seu ponto de vista, a principal ameaça que pesa sobre o mundo; 3) a luta a favor das autonomias locais, ligada à defesa das diferenças e das identidades colectivas; 4) uma decidida tomada de posição a favor de um federalismo integral, baseado no princípio da subsidiariedade e da generalização a partir da base das prácticas da democracia participativa.

Pese embora a sua obra ser conhecida e reconhecida num crescente número de países, Alain de Benoist continua sendo objecto de um forte ostracismo na França, onde o seu nombre é associado demasiado amíude ao da «Nova Direita» com o qual Alain de Benoist nunca se reconheceu verdadeiramente.

Esta web tem como objectivo dar a conhecer melhor o seu pensamento e facilitar a difusão do mesmo."

Disfruta a leitura, mas "cuidado" com a censura, e com a pseudo KGB portuguesa mal parida que ande aí, e de certeza que a esquerda já rotulou Alain de Benoist de "jornalista nacionalista" :)) lol lol lol

Olha, andem aí muitos, tal como Vasco Pulido Valente, que já não tem mais nada para dizer, até já inventa papões em redor de Carlos Blanco de Morais, o novo conselheiro no nosso Presidente da República, rotulando-o de fazer parte do "conservadorismo musculado" ou da "nova direita", fazendo ainda publicidade gratuita no Público e no Diário de Notícias da a revista bem interessante, a "Futuro Presente" de Jaime Nogueira Pinto e Miguel Freitas da Costa, com colaboração de Nuno Rogeiro, e claro Carlos Blanco de Morais e muitos outros autores de relevante interesse.
Logo que tiver acesso ao novo número, enviarte-ei uma cópia digital do conteúdo por e-mail.
O blog da Futuro Presente é:

http://ofuturopresente.blogspot.com/

Saudações,

P.S.- Zé Carlos, sabes, temos a sorte que temos, e também a sorte de sermos novos, com imensas oportunidades e acima de tudo com sede de cultura e de saber e de não nos prendermos aos velhos dogmas que nos quiseram impor pelos revolucionários extremistas do 25/4, vá lá, porque será que a esquerda nunca fala do 25 de Novembro? Essa data sim, é que é a valer, viva a liberdade!

Pelo Altar e pela Pátria,
Viva Portugal!

C said...

Minha prezada Dulcineia,

É com prazer que respondo às suas inquietações.
Há pelo menos 4 gerações que na minha família se serve a Pátria com a maior lealdade. O Tetra-Avô que defendeu em nome do Rei de Portugal, as terras de Proença-a-Nova (de onde tenho raízes) durante as invasões francesas, os dois avôs que serviram lealmente nas forças armadas portuguesas e em contingente militar no Ultramar. Já o Pai, funcionário público e sempre leal ao Governo de Macau, com devido reconhecimento do Governador de então.
Tal como amo o Povo a que pertenço da mesma intensidade como amo os meus Pais e Família é lógico e natural que tenha prioridades ou preferências i.e. é lógico e perfeitamete compreensível que se faça primeiro um esforço para salvar o irmão em vez de um estranho na mesma situação de perigo - o que não quer dizer que não se queira salvar o estranho, mas o irmão está primeiro. Logo o Povo a que pertenço, que com e Pátria comungamos os mesmos valores, pensamos, rezamos e falamos da mesma maneira, a Pátria, o Estado-Nação, constitui então o último bastião da defesa das liberdades de um Povo, e de certeza que não será uma família alemã, ou francesa ou russa, que irão sustentar-me se eu não for trabalhar ou se me acontecer alguma coisa, logo refuto totalmente essa visão idealista e utópica de um mundo sem fronteiras. Não sou internacionalista, tenho a visão do universalismo português, um valor perene e inscrito no Conceito Estratégico de Defesa Nacional. Porque é que será que o NOSSO Presidente da República, Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva, excluiu os "vermelhos" do Conselho de Estado? Dá que pensar!
Pois para além de ter assistido com orgulho as aulas de história economica do Professor Doutor Luís Graça, foi com o mesmo orgulho que cheguei a participar nas aulas de Economia Pública II do Professor Doutor Cavaco Silva.
Tal como também sou pela liberdade, tenha pois cuidado quando se fala de democracia, pois há muitas, não venha a calhar-lhe uma tirânica à boa moda da República Democrática Alemã ou da República Democrática e Popular da Coreia (do Norte), com os seus instrumentos de perseguição política, a STASI da RDA, KGB da URSS, etc... Democracia não é o melhor dos sistemas, mas talvez o menos mau, segundo Churchill e este sistema sem liberdade também não é nada, pois aquela democracia igualitária, aquela a que se refere, acabadinha de sair do 25/4 até ao 25 de Novembro, é exactamente aquela que contrasta com a liberdade (veja Karl Popper e Hayek).
Análise à luz da história e à luz do tempo, sim senhora, Portugal antes do 25/4 era constitucionalmente uma Nação Pluricontinental e Multirracial do Minho a Timor, uno e indivisível, e tudo que atentasse contra a constituição são verdadeiramente considerados traidores e ataques à Pátria.
Não se esqueça da Guerra Fria, não fale de cor daquilo que lhe dizem, estude e investigue, não se esqueça da bipolarização do Mundo e conquistas das esferas de influências, e dos movimentos de guerrilha que surgiram em África e em muitos outros sítios, financiados pela URSS, ou EUA, depois com apoio de Cuba e da Rep. Popular da China, devido às alianças e entendimentos surgidos de certas políticas norte-americanas chamadas "Containment" (criado por Kennan e que deu origem à doutrina de Trumman). O mundo não é assim tão simples como lhe parece, é bem mais complexo, e na altura da guerra do ultramar, todos os portugueses tinham o dever de defender o território nacional do minho a Timor, tal como alguém que entra em minha casa sem meu consentimento, tenho todo o direito de o expulsar de casa, custe o que custar.
Por outro lado, não há que confundir o ontem com o hoje, pois passou-se o tempo, com os ventos da mudança, agora os tempos são outros. Agora, e mais uma vez, a esquerdalhada toda e outros incautos que têm responsabilidades governamentais, padecem do complexo do chamado "colonialista", ainda por cima coisa que Portugal nunca foi, na acepção de permanência em terras por conquista e pela força sem concentimento dos nativos locais, exercendo o poder tirânicamente (veja "Iustum Imperium do Professor Doutor António Vasconcelos de Saldanha) ou então explique-me o caso de Cabo Verde -ilhas desertas-, em que quando Portugal lá chegou só haviam pássaros, na altura dar o direito a auto-determinação a quem? aos passarocos? ou só porque os habitantes eram de cor? Eu não diferencio o povo pela sua cor, mas pela sua cultura, nunca poderia ser racista - logo pela minha génese familiar -, racistas e carniceiros foram esses capitães de Abril mal lavados e bombistas (FUP-FP 25) vermelhocos de Otelos Saraivas de Carvalhos, Álvaros Cunhais, Vasco Gonçalves, e depois vêm a escala dos oportunistas Mário Soares, Almeida Santos, Manuel Alegre, etc... que tanto sofrimento causaram às nossas populações ultramarinas e aos seus descendentes. Devastação causada ao produto de gerações de trabalho, de suor e sangue deste Povo Lusitano que se fez ao mundo eoa mundo deu novos mundos e que se decidiu fixar-se nos trópicos miscegenizando-se com os locais, criando novas sínteses culturais e o milagre português, da convivência harmoniosa de culturas, etnias, costumes, tradições, religiões entre outros valores.
Tendo eu costelas de pelo menos três continentes, não tolero que um povo como o português seja definido pela cor da pele, logo o que tentou dizer com o exemplo do Ultramar era dizer que os territórios não eram nossos nem os seus habitantes portugueses, querendo assim diferenciar que para ser portugueses tinham de ser caucasianos. Grande erro.
A Portugalidade é isso mesmo, é algo como diz Camões "o Mundo todo abarco e nada aperto".
Discursos como os seus, pouco fundamentados, bebidos da propaganda bem sucedida nos actuais manuais escolares, não me admiro que venham com essas posições. Mas como ainda é nova, terá tempo para descobrir a verdade. Tal como é o lema da minha universidade (Universitas Catholica Lusitana), "Alfa Veritas Omega" - verdade do princípio ao fim.
Já a embaixatriz Ingrid Bloser Martins disse há dias, quanto mais viajamos, mais valorizamos a nossa cultura e ao mesmo tempo mais nos tornamos universais, e nunca internacionais, pois são conceitos bem diferentes.
Já agora falais de perseguições políticas? Pois bem amigos meus com 16 anos de idade foram presos pelas hordas revolucionárias saidinhas do 25/4, e então? Era um "puto" de 15 ou 16 anos um atentado ao novíssimo regime? lol :))
Várias casas foram saqueadas, terras ocupadas e empresas familiares nacionalizadas, ai cambada de ladrões então...não é?
Então e as histórias no Alentejo em que lavradores revolucionários viravam-se para o comum agricultor e dizia assim "a enxada que compraste já não é tua nem é minha, mas sim da cooperativa", acredita que o agricultor foi nessa? Replicou logo, "não senhora, se fui eu que a comprei, fruto do meu trabalho e suor, a enxada é minha e quais da cooperativa quais quê!"
O 25/4 atrasou a economia nacional por mais de duas dezenas de anos, se não fosse graças ao Professor Doutor António de Oliveira Salazar com a sua gestão aritmética da gestão financeira do Estado, conseguindo grandes reservas de ouro em tempo de Guerra, e poupado Portugal da devastação, os malandros revolucionários no Verão quente nunca se aguentariam tanto tempo em por o País em auto-gestão, pois bem a primeira medida foi vender as reservas de ouro para encher os seus bolsos e sustentar a "democracia popular igualitária".
Só graças depois ao Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva que restituiu a economia portuguesa quando o Mário Só Ares, ia levando Portugal à banca rota!
Para quem estudou Economia Portuguesa, é limpinho constatar-se que os grandes períodos de crescimento económico do século XX Português foi com a "Golden Age" anos 1960's até 1974, 25/4, depois com a recuperação económica em 1986 até inícios dos anos 90, com o Governo de Cavaco Silva.

Viva o Azul, Viva o Altar, Viva a Tradição e Viva Portugal!

Recomendo leitura das obras do Professor Doutor Adelino Maltez "Tradição vs Revolução" e "As Crises e os Homens- com prefácio do actual conselheiro do Presidente da República, Carlos Blanco de Morais" e "o Juízo Final- com o prefácio do Prof. Doutor Jaime Nogueira Pinto", de autoria do Embaixador Alberto Franco Nogueira. Para compreender Angola, leia as memórias do ex-Governador Silvino Silvério Marques, que lhe conta as verdades nuas e cruas e até ficará com vergonha com tudo o que disse a favor dos "vermelhos e da sua ligação a Angola".
Leia, leia e volte a reler que cultura geral nunca fez mal a ninguém.

Saudações e aguardo pela sua réplica e poderá fazê-lo se quiser no meu blog www.passaleao.blogspot.com
para não estar a ocupar o espaço no blog do nosso amigo Zé Carlos, que apesar de ser de esquerda, que o respeito, admiro-o pela sua sede pela sabedoria e investigação e decerto pelo seu espírito aventureiro, digno dos nossos antepassados de 1500's. É alguém que considero até agora com carácter, íntegro, leal, com "fair play" e honra, e estes são valores importantes para o cavalheirismo, o que nos distingue dos selvagens. (E em cada cultura no mundo, atenção que há a sua maneira de se ser cavalheiro, i.e. no Japão, os Samurais)

Anonymous said...

Pois. E em 74, 30% de gente iletrada. Gente com fome, país de doutores frouxos. Sem contar com as colónias, o tal Portugal do Minho a Timor.
Fascismo nunca mais.
É uma pena que os mitos portugueses não sejam entendidos pela esquerda e assim sirvam de pasto aos valores repugnantes da direita.
Camões foi perseguido pelos poderosos e tratado com desprezo pelo rei e pela corte. Viveu entre os pobres e os ladrões.
O Quinto Império é uma profecia de resistência e de ascensão espiritual. Não tem nada a ver com o nosso império colonial.
E por aí fora. A mitologia lusitana pertence ao seu povo. Esse povo que é cantado nos Lusíadas. Talvez o Vitório deva reparar que o poema é referido a um povo, a um colectivo e não a um herói, como a Eneida e a Odisseia. Pensa que é por acaso?
Preferir o irmão ao outro é um princípio que perverte a política, ou seja a vida na polis, entre os cidadãos, percebe?...

José Carlos Matias (馬天龍) said...

Vitório,
Por falar em cavalheirismo, Obruigado pelas palavras, mas julgo que devias ter mais respeito pelas pessoa que pensam de maneira diferente de ti. O modo como te referes a homens e mulheres de esquerda que lutaram pela liberdade é indecoroso. Discordar e polemizar é uma coisa, agora a linguagem que usas é de manifesta intolerância.
Desculpa a franqueza.
Um Abraço

C said...

Caros Sorel e Rocinante,

Esses clichés da esquerda básica só revela falta de cultura sobre teorias políticas.

Vamos conversar à luz da história, ou talvez para ser mais claro, falar de história.

Vá perguntar até aos vossos própios camaradas i.e. Prof. Dr. Fernando Rosas, se houve Fascismo em Portugal.
Meus caros, Fascismo é um regime político que só era possível ser implantado em países ditos desenvolvidos, industrializados e grande capacidade financeira, veja-se a Alemanha a erguer-se através da pesada indústria bélica ou por exemplo a índústria do norte da Itália com o apoio dos latifundiário do sul italianos, foi assim que o fascismo foi implantado e só nesses dois países.
Ambos visavam a criação de uma nova ordem e NUNCA FOI INTENÇÃO E NEM NUNCA PERMITIU o Professor Doutor António de Oliveira Salazar e mesmo o Generalíssimo Franco, tinha perante si um País profundamente conservador tal como Portugal, não fossem ambos países devotamente católicos. Logo por aí Portugal e Espanha eram conservadores católicos podemos assim dizer, claro que com um poder centralizado, mas não quer dizer que era Franco ou Oliveira Salazar que decidiam tudo, tinham ministros, conselheiros, assessores. Logo na Europa dos anos 30, nasceram e foram implantados regimes de cariz autoritário sim, depois das consecutivas falhas do regime parlamentar na altura, o povo, esse sim cansado, depositou esperanças em novos regimes que nunca foram testados, à excepção de Portugal e Espanha (veja em Teorias Políticas Contemporâneas, a diferença entre Conservadorismo e Comunismo, Fascismo e Nacional-Socialismo - visam os últimos uma nova ordem, enquanto que o conservadorismo visa a continuidade, e contra a ruptura do modus vivendi, da tradição.

Essa de chamar de Fascismo a tudo e mais alguma coisa, de chamar fascizante, só demonstra pouca ciência em termos de estudos políticos.

LEMBRA-SE do Prof. Dr. António de Oliveira Salazar ter proibido a organização de Rolão Preto? Dos camisas azuis? Lembra-se do Prof. Dr. António de Oliveira Salazar ter mandado extinguir a organização dos mesmos Anarco-Sindicalistas, próximos da ideologia Nacional-Socialista? Lembra-se das desconfianças de Oliveira Salazar para com o "Fuhrer" Alemão, Adolf Hitler? Lembram-se ou não se querem é lembrar? E do tratado de neutralidade de Portugal na II GG? Pois é! Disso já não querem lembrar, ou pelo menos fazem por isso.
Tenho gosto em reavivar a memória que durante a Guerra Civil Espanhola, o Estado Português apoiou o Generalíssimo Franco para escurraçar os comunistas e soviéticos da Península, grande feito esse. Caso contrário, hoje ainda viveríamos naquela ditadura democrática, tão própria dos comunistas ou esses sim SOCIAIS-FASCISTAS à boa maneira de Estaline, que aliás foi o que mandou matar mais comunistas à face da terra.

É bom que tenhamos memória e não nos esqueçamos das coisas.

Vá, falando de polícias políticas, falem-me da STASI, já visitaram alguma cadeia da STASI? Eu já em Berlim. Sabem o que foi a KGB? Pois bem, não estando eu a defender um ou outro, mas tão somente para dizer que regimes revolucionários, carecem de grande dose ou de dose acrescida de vigilância, ao contrário das sociedades conservadoras, veja o que se passa aí ao lado.

Querer fechar os olhos a tudo isto, é não querer aceitar a modernidade.
O comunismo foi derrotado, a esquerda tem os seus dias contados, nada mais trágico querer implantar uma igualdade que contrasta com liberdade (ver Hayek - i.e. uso da coerção para impor a igualdade).

Iluminismo francês e jacobinos, não obrigado!

Iluminismo Escocês e tradição britânica: Adam Smith, John Locke, Edmund Burke;

Agora vejamos os mais de 126 milhões de mortes e vítimas causadas pelos regimes de esquerda,
quando é que será que aqueles carniceiros que ainda estão vivos serão julgados e encarcerados? Condená-los à morte isso não, pois sou contra a pena de morte, terão eles de se converter na cadeia para serem aproveitados de novo pela sociedade.

Quanto à questão do "irmão", julgo que não percebeu o que quis dizer, é valor do conceito de Família que é o núcleo uno e principal de uma Nação, não venha com a retórica demagógica marxista que nessa não caio. Pois vê-se bem a sua orientação (refiro-me ao Sr. Sorel) bem próxima à do maoísmo em que se diz "nem o Pai nem a Mãe ou Família está tão perto de si do que o Presidente Mao", isso sim era dito na China Maoísta.
Para podermos implantar a dita esquerda, marxista, seja leninista, trotskista ou stalinista, é necessário abater pelo menos três pilares essências da nossa ordem civilizacional, que são os conceitos de:

Pátria, Família e Religião

A comunagem é contra a Pátria porquê? Porque visam o elo internacionalista da ligação e união dos "proletários do mundo", logo a Pátria torna-se num conceito sem sentido.

Contra a Família, porquê? Porque sendo a organização mais natural da civilização, para se criar uma nova ordem, é preciso criar uma nova sociedade, e logo criar a tal ruptura e extinguir a importância da Família.

Contra a religião porquê? Porque devido ao materialismo dialético do marxismo, baseado no racionalismo filosófico, o homem segundo Marx, de influência Hegeliana, já para não falar da influência jacobina do iluminismo francês (existe diferença com o iluminismo escocês), as acções do homem e tudo o que acontece na natureza são do exclusivo entender racional do homem e das suas acções e nada mais, nada mais perigosa presunção da capacidade ilimitada do homem. Não querer em Deus, é o mesmo de se arrogar a dizer que é tão ou mais poderoso que ELE, e isso a esses, São Miguel Arcanjo tratou dele, e desde ontem a hoje chama-se Lúcifer.
Com esta parábola, digo que a ciência não é resposta para tudo, porque a ciência não tem dentro dela, o conjunto de costumes, tradições, ritos e mitos que compõem a civitas, a pólis, que faz de nós civilizados, a civilização.

Passem bem, respeitarei sempre e claro os vossos pontos de vista, mas quero só recordar, que as novas gerações, desprendidas da opressão da ditadura cultural - devido à aceleração da globalização, - já não se identificam com esses dogmas vermelhos saidinhos de Cunhal, Soares, Otelo, Coutinho, Alegre, Gonçalves, Tomé e por aí adiante.
Iremos ajustar contas com isso, quem fez mal a Portugal terá de ser julgado, ou nesta vida, ou na outra que deve vir.

Foi bonito o nosso Presidente da República ter excluído os comunistas do Conselho de Estado não foi? E a nomeação de Carlos Blanco de Morais, reconhecido especialista em Dto. Internacional e Dto. Constitucional, colaborador da boa revista "Futuro Presente"?
http://ofuturopresente.blogspot.com/

Tenho de confessar que das aulas que mais gostei, sem prejuízo e com igual interesse às aulas do Professor Luís Graça da Católica, foram mesmo as aulas do Prof. Dr. Aníbal Cavaco Silva.

Creio, para rematar que o Sr. Rocinante falou em prisões...
Amigos meus foram presos logo no decorrer da abrilada do 25, com 15 ou 16 anitos e levados para Caxias, vejo que as hordas revolucionárias tinham medo até dos "putos". E então? Quantas pessoas durante o Verão quente foram presas sem culpa formada? E as nacionalizações? e os saques? e os assaltos? e as ocupações? e a destruição da economia portuguesa? e a destruição de milhares de vidas e gerações ultramarinas? mortes devido a traições em guerra. Não estando a defender a atitude do ex-combatente do ultramar em ter dado o soquete ao Mário Só Ares, sei exactamente o que o motivou fazê-lo. A meu lado, tenho muitas pessoas sedentas de justiça e gerações novas que querem ver a justiça feita, demore o que demorar.
Os comunas já foram escurraçados de Belém... Com tempo vamos lá!
Pois no plano do combate político, "Se a esquerda tem guarda-costas ataquemo-los de frente". Não há que ter medo, não há que ter vergonha da Pátria, não há que ter medo de se dizer que amo a Pátria, que amo Portugal, essa brigada do 11 de Março já não mete medo a ninguém!

Viva o 25 de Novembro,
Viva a liberdade,
Viva Portugal!

Passem bem.

C said...
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C said...

Caro Sorel,

Só mais uma adenda, quanto à educação, esqueceu-se de dizer que os jacobinos da I República nada fizeram para melhorar o ensino e combater a iletracia, teve de ser com o Estado Novo, a criação de um novo plano em que se decresceu em mais de 70% os casos de analfabetismo. Pois, caríssimo Sr. Sorel, é-lhe escuzado apresentar-me estatísticas, pois eu o próprio já fiz vários trabalhos de investigação sobre os períodos, pré, durante e pós Estado Novo.
Para melhor compreensão das circusntâncias da época e desenvolvimento, aconselho consultar um manual de fácil leitura, Economia Portuguesa desde 1910 de Abel Mateus.

Saudações,

Versos bonitos:

"Portugueses celebremos, o dia da redenção,
em que valentes guerreiros, nos deram livre a Nãção,
A Fé dos Campos de Ourique, coragem, deu e valor,
aos famosos de quarenta que lutaram com ardor,
Para a frente, para a frente
Repetir saberemos as proezas portuguesas,
Avante, Avante a voz que soará triunfal,
Vá avante mocidade de Portugal!
Vá avante mocidade de Portugal!

C said...

Caríssimos,

É estranho que na história contemporânea de Portugal, o crescimento económico e "golden ages" estejam íntimamentes ligadas à Direita e Centro-Direita, quer de Oliveira Salazar ou de Cavaco Silva. Uma lição que aprendi com vários professores, entre os quais, com o Professor Doutor Luís César das Neves.

Anonymous said...

Caro Vitório,
Já que estamos numa de falar de cátedra, vamos a isto.
Em primeiro lugar, digo e repito que o salazarismo foi uma adaptação dos princípios gerais do fascismo à realidade portuguesa. Não foi, nem poderia ser uma cópia do que se passou em Itália. Foi mais brando, sim, mas âs características lusitanas. É interessante que o Vitório passe uma esponja pela guerra colonial, pelas prisões políticas, pela repressão dos militantes comunistas e anarquistas, pelo exílio forçado dos republicanos etc etc. e depois vem falar do verão quente e do PREC! Haja vergonha. Quantas pessoas morreram nesse período em resultado das tensões políticas. Fala-me das FP 25. Sim, claro, criminosos, mas esquece-se sempre dos seus amigos da Rede Bombista e do MDLO. Duplicidades.

2. Lamento os exageros do Verão quente e o 25 de Novembro trouxe a normalização que o país precisava, mas isso só aconteceu porque houev o 25 de Abril. Já viu como eram malvados os do MFA que nem sequer desataram a assassinar os dirigentes do regime fascista. A sua moral liberal cai por terra ao lembrarmo-nos de Humberto Delgado e tantos outros que morreram às mãos da PIDE e do regime. ue amor tem você â liberdade? Depois não me venha com essa dos regimes de esquerda. Isso é desonestidade intelectual. Há esquerdas e esquerdas, tal comoa contece na direita. Não foi Mário Soares que foi decisivo para impedir o avanço do PCP? Não foi a esquerda democrática que encaminhou Portugal para a CEE? Pobre de espírito e mal agradecido é o que você é. E mais grave, desonesto intelectualmente e manipulado dos factos históricos.
Sabe, é que eu não confundo o seu salazarismo coma tradição da demcoracia cristã do conservadorismo demcorático e a direita liberal. Há uma linha de separação importante: o arco democrático. Tal como não confundo Estaline com Bernstein, nem com Olof Palme ou Willy Brandt.
Venha agora falar-me de rigor de análise. Você só cita autores de direita. Esperteza Saloioa.
Soube agora que você é militante do PSD. Tenho pena que o seja.. Devia estar ao lado de pessoas que pensam como você... Olhe no PNR ou na Nova Democracia do Manuel Monteiro. Agora, misturar-se num partido de centro-direita, moderado é que lhe fica mal.
Quanto ao Rolão Preto e aos nacionais-sindicalistas, tem razão, mas não se esqueça que se tratava também de uma ameaça. Além do mais, onde foi buscar essa da "a organização dos mesmos Anarco-Sindicalistas, próximos da ideologia Nacional-Socialista". Por acso sabe alguma coisa da história da I República e da importância da CGT portuguesa e do movimento anarquista português?
Meu caro: Anarco-sindicalismo é uma aplicação ao mundo laboral e sindicaldosm princípiso de Bakunine, Kropotkine e Malatesta que são eminentemente anarco-comunistas.
Obrigado pela atenção e já agora..

"Arriba, parias de la Tierra.
En pie, famélica legión.
Atruena la razón en marcha,
es el fin de la opresión.

Del pasado hay que hacer añicos,
legión esclava en pie a vencer,
el mundo va a cambiar de base,
los nada de hoy todo han de ser.

Agrupémonos todos,
en la lucha final.
El género humano
es la internacional."

Era assim que os camponeses e operários espanhóis cantavam inspirados por Durruti na Guerra Civil Espanhola, antes do avanço de Franco que os condenou à morte, tortura, exílio.

Rocinante

C said...

Caríssimo Rocinante,

Realmente, ainda bem que me chamou atenção sobre a terminologia anarco-sindicalismo. Tem razão e foi uma gaffe minha.
Anarco-Sindicalistas foram os pais e progenitores de Benito Mussolini.

Daí a ruptura de Benito Mussolini com o Partido Socialista, da aproximação ao do conservador, nasceu daí como tem toda a razão e explicou, o movimento fascista, de combate ao marxismo.

Tudo o que disse aqui, comentei à luz da história, sem transposições temporais e muito menos comparações com o mundo actual.

Os portugueses foram os primeiros a abolir a escravatura e a pena de morte, mas há sempre quem seja de má fé e critique Portugal por ter sido um estado, segundo eles, esclavagista, quando não querem entender que era prática comum, o que não quer dizer que defenda essas mesmas práticas, só para dizer que há muito na esquerda comparações e omissões de factos importantes, e de pensamento de raíz, não quererem aceitar os conceitos de Pátria, e que à luz da história, os territórios portugueses eram de facto Portugueses.
Não estou a dizer que hoje o devam ser, pois de ontem a hoje passou-se pelo meio os ventos da mudança que temos de aceitar e de agora para diante sermos mais activos numa construção de um espaço lusófono em cooperação positiva, porque não talvez um dia à semelhança da UE ou uma Commonwealth bem activa?
Pois são exactamente os políticos esquerdistas que hoje em dia mais negligenciam e entravam a CPLP, é a esquerda que tem ainda o pensamento que tem de abandonar a cooperação com os nossos povos irmãos da lusofonia e Portugal (por serem independentes e nada termos a ver com eles) virar as costas ao Mundo e só com olhos postos na Europa e viver à boa mama esquerda caviar.
Como em tudo, é a mais valia que faz a vantagem comparativa, Portugal como actor importante na cena internacional, com laços privilegiados com vários estados no mundo é isso que faz peso no seio da UE.

O que limitei a fazer nestas conversas, foi exactamente contestar a dialéctica demagógica, idealista e utópica da esquerda. O mesmo idealismo de Wilson, que levou a Europa a entrar na II Grande Guerra.
A mesma perigosidade em ser condescendente e fechar os olhos para com regimes comunistas e por aí adiante.

Falou-me do Clã Soares, pois bem até na maçonaria a que eles pertençem têm a velha história em que o Mestre Hiram foi morto, pois como todos sabemos Soares como advogado nunca foi brilhante e logo imbuído de ambição, a pulular do PCP para o PS, quando viu que no PC já não tinha mais espaço para crescer, e quando viu que a única maneira de subir era a de trair o seu mestre- logo traidor e desleal, que não olha a meios para atingir os seus fins - logo se virou para o PS e tentar concretizar os seus negócios, vendendo Portugal.
Leia as memória do General Silvino Silvério Marques sobre "Salazar, 25/4 e o Ultramar", talvez perceba melhor as manobras vis de Rosa Coutinho com o Grupo de Argel, entre os quais, Almeida Santos, Alegre, Soares, Cunhal. Essa maltosa toda. Soares, no tampão que fez ao PC, não foi movido pelo interesse nacional, mas sim era apenas uma guerra entre Mestre e Aprendiz e o Aprendiz que com mil torpelias queria a todo o custo suplantar o mestre.

A descolonização, a Guerra se não teve sentido para si, teve de certeza para aqueles que são Portugueses, teve com certeza para com os africanos que lutavam ao lado de Portugal, os Flechas, que os abandonámos à mercê, na altura do inimigo. Os políticos de esquerda entregou tropas nossas ao inimigo, foi mesmo feio, e ainda bem que me lembrou de abordar estas peripécias.
Se calhar tenho um amigo meu, que foi para-quedista em Moçambique, traído pelos seus camaradas de armas, novíssimos comunistas, e ficou em cativeiro em Moçambique e torturado, talvez tenha algo a dizer-lhe.
Todas as tropas que combateram no Ultramar, combateram-no por Portugal. Hoje em dia, comemora-se o dia do combatente do ultramar e com toda a dignidade, junto ao munumento dos caídos, à Torre de Belém, no dia 10 de Junho. Fala-me de prisões e tarrafais, será que compreende que o Estado Novo não queria nada com o comunismo, com a evidente clarividência da peste que iria assolar o mundo em quase um século? Percebe que na altura, Portugal encontrava-se em posição bastante delicada devido à conquista feroz da esfera de influências do mundo entre os EUA e a URSS. Será que compreendeu porque é que Portugal aderiu à NATO? Justamente para combater o comunismo, a esquerda.
Tudo oque aqui relato são factos verídicos, ou minto? Mentir, olhe que não, olhe que não. Já agora olhe que a esquerda do 25/4 era bem xenófoba, por ser-se de cor não se podia ser-se considerado português, veja o racismo fomentado por Rosa Coutinho em Angola depois de sacar de lá o General Silvino Silvério Marques que queria uma transição pacífica de Angola. Veja-se o trabalhinho de Rosa Coutinho. Felizmente não sou uma pessoa que não goste de investigar e de ler, pois quando menos esperamos, deparamo-nos com agradáveis surpresas, em saber realmente que são esses capitães e quem são esses novíssimos príncipes.

Acima de tudo faço parte de um partido que se rege pelos seguinte princípios e que tem por vocação combater no plano político os seus principais adversários PS, PCP-PEV e BE, de resto é conversa. Julgo que acima de tudo confunde o que é uma discussão sobre a política de hoje e a história de ontem. Eu não sou daqueles que vive do futuro como a esquerda, dou o valor ao passado como herança para melhor projectar no presente, tendo em vista um futuro melhor:

O PSD assume as especificidades que o caracterizam como partido de raiz eminentemente portuguesa, bem como aquilo que o distingue relativamente aos partidos socialistas ou social-democratas europeus de inspiração socialista. Tais especificidades e diferenças radicam no facto dele ser:

- um partido personalista, para o qual o início e o fim da política reside na pessoa humana;

- Um partido de forte pendor nacional;

- Um partido com valores e princípios claros, permeável à criatividade e à imaginação, aberto à inovação e à mudança;

- Um partido que, sendo social-democrata, valoriza o liberalismo político e a livre iniciativa caracterizadora de uma economia aberta de mercado;

- Um partido que é dialogante, aberto à pluralidade de opiniões, e à sociedade civil, defensor da moderação e da convivência pacífica entre homens de credos e raças diferentes, herdeiro da tradição universalista portuguesa que é estruturalmente avessa a qualquer tipo de xenofobia;

- Um partido empenhado na construção europeia, defensor da identidade nacional e dos valores pátrios que deram corpo à Nação Portuguesa, herdeiro de um sentido atlântico e de uma aliança profunda com os povos de expressão lusa;

- Um partido que, apostando na eficácia, valoriza o humanismo, bem como os grandes princípios da justiça, da liberdade e da solidariedade;

- Um partido não confessional, mas respeitador dos princípios axiológicos e religiosos do povo português, identificados com o humanismo cristão;

- Um partido interclassista, vocacionado para representar as diversas categorias da população portuguesa, e apostado na defesa da cooperação entre as classes sociais como a via mais adequada para a obtenção do bem comum e do progresso colectivo;

- Um partido que aposta no reconhecimento do mérito e na capacidade de afirmação pessoal e social, cada vez mais necessários numa sociedade onde cresce o espaço para a realização das capacidades individuais, e onde importa distinguir os talentos pessoais que são contributos para o bem comum e para o progresso do País.

Já sobre Humberto Delgado transcrevo o seguinte e evito fazer mais comentários sobre essa personagem:

"O fascista mais avançado ...

Quem havia de dizer; segundo Jesus Suevos, Humberto Delgado, dotado de grande ambição, pouca paciência e menos prudência, era o fascista mais avançado que conheceu em Portugal....Era então chefe da Legião Portuguesa o jovem e muito inteligente Costa Leite Lumbrales, que depois foi muitos anos ministro dda Presidência às ordens imediatas de Salazar. Fomos ele e eu os oradores de um ressoante acto público em plena Lisboa. Porém, poucos dias depois, num banquete que aos espanhóis dedicou a Legião, no Casino do Estoril, não tendo Costa Leite podido comparecer por motivo de uma ocupação inesperada, em seu lugar ofereceu o banquete um capitão da Aviação, comissário da Mocidade Portuguesa, que se chamava Humberto Delgado. Almoçámos, pois, juntos e, como é natural, falámos todo o tempo de política. O então capitão Delgado era um homem entre os trinta e cinco e os quarenta anos, muito moreno, corpulento e com uma enorme vitalidade. Expressava-se com grande veemência e pareceu-me pouco prudente, pois sem encomendar-se a Deus nem ao diabo começou a dizer-me que achava o regime português “pouco fascista”. Confessou-me que admirava Mussolini e que lhe parecia necessário “endurecer” a Legião portuguesa e, sobretudo, a Mocidade. O agora chefe da oposição “democrática” ao Estado Novo edificado por Salazar cria que ainda havia demasiadas reminiscências liberais nas junturas das instituições e fórmulas do novo regime, e advogava “maior força e severidade”.
Tradução de um artigo de Jesus Suevos, no Arriba de 29 de Janeiro de 1961"

Como Macaense, melhor do que ninguém certamente que compreendo o que consiste o milagre português em Macau como no Brasil, com a coexistência pacífica de etnias, religiões, culturas e tradições, criando novas sínteses de cultura, integrando na nossa própria cultura enriquecendo-a, tornando num valor perene da identidade nacional, o universalismo português.

Passe bem, pois histórias e rectóricas como as suas estou eu habituado a ouvir e sempre dos mesmos. O que não posso tolerar é a ditadura da esquerda sobre a história e pensamento político.
Ditaduras igualitárias, não obrigado!

José Carlos Matias (馬天龍) said...

Amigos,
A discussão está animada, mas que tal centrarmos o debate no post?
Que regime é o da República Popular da China, hoje em dia?

Anonymous said...

Anarco-comunistas... Conceito interessante. tem a certeza que isso existe ou existiu?? Parece-me que não. E nem que diga meia dúzia de nomes russos acredito nisso. Por amor de Deus!!! É de bradar aos céus. O Comunismo e o anarquismo são ideologias diferentes, e que muitas vezes se confrontaram belicamente. Veja a guerra civil espanhola, por exemplo. É só para lembrar que a ditadura do proletariado pressupõe um Estado muito Forte,para que numa fase posterior, deixe de haver estado. O anarquismo, é o oposto. Defende o fim do Estado desde o primeiro momento.
isso de falar de cátreda, não é para quem gosta de se armar em intelectual. Evite o disparate

C said...

ERRATA

Caíssimo Sorel, fui levado ao engano, mas já me esclareci.
Aqui vai a errata:

ANARCO-SINDICALISMO Português de Rolão Preto surgiu com a cisão deste com o Movimento "Integralismo Lusitano".

Este movimento de inspiração positivista de Comte, e com influências da Frente Nacional Francesa de Maurras, foi um movimento próximo do Nacional-Socialismo.

Todos os rituais foram próximos, ou até uma fase de inspiração Nacional-Socialista como inicialmente comentei. i.e. Fardas semelhantes às das Sturm Abteilung (SA) alemã, braçadeira, etc...

Anonymous said...

Caro Sorel
Parece-me que se engana...
Existem várias tendências dentro da ideologia dita anarquista: individualistas, acratas, libertários, anarco-sindicalistas ou anarco-comunistas, já para não falar dos anarco-capitalistas - Agora o anarquismo de Bakunine é comunista; isto é defende o fim da propriedade privada e do estado, imeadiatamente. Quem lê Marx sabe que o estádio último da sociedade comunista é a anarquia, aliás o estádio do comunismo dispensa o estado. O que diferencia e muito é o modo de lá chegar. E o SOler tem toda a razão quando fala da Guerra Civil Espanhola. Aliás há vários outros exemplos como na revolução russa o massacre dos marinheiros de Kronstadtd ou dos camponeses ucrananos de Mahkno. Afinal, a história é importante...

Um abraço!

Rocinante

C said...

Grande Zé Carlos,

Um dos pontos que não permite a RPC, mudar 180º deve-se ao facto de se poder criar o caos no Estado, de "perder a face" e até pelo confucionismo, pelo respeito aos velhos comunistas que alguns sempre acreditaram nisso.
A nova geração de jovens políticos da RPC, que tive oportunidade de manter contacto próximo, são cabeças brilhantes e extremamente abertas, com sede de sabedoria e de interesse sobre os negócios do mundo. Falam e são fluentes em várias línguas, orgulhosos da sua Pátria e de toda a sua história e tradição, cochichando talvez e por vezes que a Revolução Cultural foi de facto algo que atrasou e destruiu parte da cultura multimilenar chinesa, segundo o Mestre Heitor Romana, são os "Príncipes" os "Tai Tzi".

Segundo as velhas e boas teorias económicas, que num mundo em que a cooperação económica é aberta a todos, todos os regimes serão forçados a aderirem às regras do jogo internacional e amplamente democrático, mas aí atenção! Não podemos fazer "copy paste" de regimes políticos, pois há que respeitar especificidades de cada estado, sua cultura, tradições, história, etc...
Pelo que tenho conhecimento, e dos encontros que tenho participado, a China está-se a querer mostrar ao mundo o seu sentido de responsabilidade e esforço em querer lançar e cumprir reformas.
O linha temporal ocidental é diferente da linha temporal oriental, logo, já os orientais, ou mesmo os chineses dizem, "Temos o Tempo e os ocidentais o relógio".
Daí a paciência milenar chinesa.º

Um pequeno pormenor, a RPC, por exemplo já exportou o sistema 1 país 2 sistemas para a Coreia do Norte, com a abertura de zonas económicas especiais na Coreia do Norte, com fronteira com a Coreia do Sul, nos mares do norte da China.

A RPC, e a nomenclatura do Comunismo, como referi em tempos, segundo Mestre Heitor Romana, está a ser substituído pelo conceito Estado, pois como a China toda nunca viveu na sua história de 5000 anos, o sistema verdadeiramente democrático à ocidental, não me espanta, que o valor ideológico seja substituído pelo e apenas conceito Estado, fazendo lembrar o próprio Estado Novo, que desde cedo se esvaziou dos conceitos ideológicos, chegando ao fim de linha (25/4) apenas como Estado - lá está o Estado Novo não foi derrubado, morreu por ele, muito menos o Salazarismo foi acabado pelos capitães de Abril, mas morreu tão e só apenas com Oliveira Salazar, deixando à cabeceira do seu quarto um envelope com uns cobres do seu salário para pagar a água, luz, telefone, da sua residência em São Bento. Oliveira Salazar nunca se aproveitou, nem nunca lucrou com o Estado, ao contrário de muitos políticos de hoje, que entram pelintras e saem patos bravos.

Anonymous said...

A mensagem anterior é dirigida a Noel Cardoso e não a soler

Rocinante

Anonymous said...

Já agora caro Noel Cardoso,
Para que não pense que eu sou um tipo armado em intelectual que só diz disparates, que tal consultar estes links?

http://en.wikipedia.org/wiki/Anarcho-communism

http://nefac.net/node/157

P.S. Não confunda comunismo com socialismo de estado.O movimento anarquista cla´ssico de massas defendia o comunismo libertário. Sem estado,s em propriedade privada, sem Deus, etc...

Uns utópicos, é o que é!

Rocinante

Anonymous said...

Caro Vitório,
Continua a meter a pata na poça!!!
O Rolão Preto é a figura máxima do nacional-sindicalismo revolucionário. Ou seja do sindicalismo fascista. O Nacional-Sindicalismo de Rolão Preto é uma cisão do Integralismo Lusitano.
Vamos lá a ver se nos entendemos. Anarco-sindicalismo português é o do jornal "A Batalha", da CGT, etc.

José Carlos Matias (馬天龍) said...

A Conversa de facto é como as cerejas. Começamos na China do século XXI e estamos na I República portuguesa.

C said...

Zé Carlos,

Grande observação!

lolololol

:))

Caro Sorel convido-o a discutir para o meu estaminé:

www.passaleao.blogspot.com

Dou-lhe razão, por mea culpa e por não ter tido a certeza absoluta, vacilei, mas agora definitivamente esclareci-me, obrigado pela observação.

Os pais de Mussolini, é que eram anarco-sindicalistas (extrema-esquerda), fiz confusão daí.

ROLÃO PRETO
Um dos fundadores do Integralismo Lusitano, e
«Chefe» do Nacional-Sindicalismo.


Nasceu no Gavião, em 12 de Fevereiro de 1893;
morreu em Lisboa em 18 de Dezembro de 1977.



Ainda estudante do liceu abandonou Portugal e foi ter com Paiva Couceiro, oficial monárquico que a partir da Galiza, nos anos de 1911 e 1912, tentou derrubar o regime republicano instaurado em Portugal, tendo participado em várias incursões. Estabelecendo-se na Bélgica, tornou-se secretário da revista Alma Portuguesa, o primeiro órgão do Integralismo Lusitano. Acabou o curso liceal no Liceu português de Lovaina, tendo ingressado posteriormente na Universidade católica da mesma cidade. Devido ao começo da primeira guerra, foi para França, onde se licenciou em Direito, na Universidade de Toulouse.

Regressado a Portugal em 1917, começou a escrever para o jornal integralista A Monarquia, sendo seu director quando Hipólito Raposo foi preso. Membro da Junta Central do Integralismo Lusitano a partir de 1922, tornou-se colaborador do general Gomes da Costa, sendo o redactor dos 12 pontos do documento distribuído em Braga no começo do movimento militar de 28 de Maio de 1926, que instaurou a ditadura militar. A inactividade do Integralismo Lusitano a seguir ao golpe de 1926 afastaram-no dessa organização política. Por isso, em 1930, dirigiu com David Neto e outros sidonistas a Liga Nacional 28 de Maio, grupo de origem universitária, que se auto proclamara defensora da Revolução Nacional.

Mas foi em Fevereiro de 1933 que Rolão Preto se tornou uma figura nacional, com o lançamento público do Nacional-Sindicalismo no decurso de vários banquetes-comício que comemoravam o primeiro ano de publicação do jornal Revolução, Diário Académico Nacionalista da Tarde, aparecido em 15 de Fevereiro de 1932 e que em 27 de Agosto desse mesmo ano tinha adoptado o subtítulo Diário Nacional-Sindicalista da Tarde. Rolão Preto era o seu director desde 14 de Março. Movimento de tipo fascista, conhecido pelos camisas azuis, o Nacional-Sindicalismo foi uma organização que conseguiu algum apoio nas universidades e na oficialidade mais jovem do Exército português. Devido a incidentes nas comemorações de 1933 do 28 de Maio em Braga, onde houve confrontos entre os nacional-sindicalistas e a polícia, ao discurso de Rolão Preto de 16 de Junho, numa sessão no São Carlos, claramente anti-salazarista, o jornal Revolução acabou por ser suspenso em 24 de Julho. Restabelecido fugazmente em Setembro seguinte - saíram só três números - o Nacional-Sindicalismo dividiu-se em Novembro quando um grupo, o mais numeroso, decidiu apoiar Salazar e integrar-se na União Nacional, abandonando assim as ideias de independência perante o novo regime defendidas por Rolão Preto e Alberto Monsaraz.

Após uma última representação ao Presidente da República, general Carmona, em defesa de um governo nacional com a participação de todas as tendências políticas nacionalistas, é detido em 10 de Julho de 1934 e exilado quatro dias depois, residindo durante um tempo em Valência de Alcântara, em Espanha, frente a Castelo de Vide. Em 29 de Julho o nacional-sindicalismo é proibido por meio de uma nota oficiosa de Salazar, que afirma que o movimento se inspirava «em certos modelos estrangeiros».

Indo para Madrid, hospedou-se em casa de José António Primo de Rivera, filho do ditador espnhol,, com quem terá colaborado na redacção do programa da Falange espanhola. Regressou em Fevereiro de 1935 a Portugal, mas foi implicado numa tentativa de golpe contra o regime, em Setembro de 1935 - o Golpe de Mendes Norton, com tentativa de revolta do navio Bartolomeu Dias e do destacamento militar do Quartel da Penha de França -, e obrigado a novo exílio. Residindo em Espanha, acompanhará a Guerra Civil ao lado dos falangistas.

Regressado a Portugal retoma a intervenção política apoiando o MUD - Movimento de Unidade Democrática -, criado no Outono de 1945 para participar nas eleições de Novembro seguinte, as primeiras eleições do Estado Novo em que se admitiram listas alternativas. Nesse ano publica o seu livro A Traição Burguesa. Mais tarde, apoia a candidatura de Quintão Meireles nas eleições para a presidência da República de 1951 contra o candidato oficial, Craveiro Lopes, discursando na única sessão política da campanha. Em 1958 apoiará Humberto Delgado, participando activamente na campanha eleitoral, sendo responsável pelos serviços de imprensa da candidatura.

Em 1970, constitui com outras personalidades monárquicas a colecção «Biblioteca do Pensamento Político» e integra a Convergência Monárquica, organização política monárquica que reúne o Movimento Popular Monárquico, de Gonçalo Ribeiro Teles, a Renovação Portuguesa de Henrique Barrilaro Ruas, em que participava, e uma facção da Liga Popular Monárquica de João Vaz de Serra e Moura. Participa nas eleições de 1969, nas Comissões Eleitorais Monárquicas, as únicas eleições durante o período de governo de Marcelo Caetano. Em 1974 assume a Presidência do Directório e do Congresso do Partido Popular Monárquico (PPM), fundado em 23 de Maio.

Mário Soares, enquanto Presidente da República, condecorou-o a título póstumo, em 10 de Fevereiro de 1994, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique pelo seu «entranhado amor pela liberdade».



Fontes:
José Manuel Alves Quintas, «Rolão Preto», Unica Semper Avis, Maio de 2000, página acedida em 13 de Janeiro de 2002 e em 8 de Fevereiro de 2003. (a ligação abre numa nova janaela)

João Medina, Salazar e os Fascistas: Salazarismo e Nacional-Sindicalismo, a história dum conflito, 1932/1935, Lisboa, Livraria Bertrand, 1979.

C said...

Caro Rocinante,

Não é só você que tem a cultura geral e que conhece canções de luta política espanhola, de intervenção, e que tal um Cara al Sol, dignos de combatentes falangistas anti-comunistas, defensores da Fé e da Pátria, contra a sovietização da Península Ibérica?:

CARA AL SOL

Cara al sol con la camisa nueva
que tú bordaste en rojo ayer,
me hallará la muerte si me lleva
y no te vuelvo a ver.

Formaré junto a mis compañeros
que hacen guardia sobre los luceros,
impasible el ademán,
y están presentes en nuestro afán.

Si te dicen que caí,
me fui al puesto que tengo allí.

Volverán banderas victoriosas
al paso alegre de la paz
y traerán prendidas cinco rosas:
las flechas de mi haz.

Volverá a reír la primavera,
que por cielo, tierra y mar se espera.

Arriba escuadras a vencer
que en España empieza a amanecer.

Em italiano também conheço algumas canções de cultura geral:

All'Armi
(...)Terror dei comunisti.
Lo scopo tutti noi sappiamo
combatter con certezza di vittoria
e questo non sia mai sol per la gloria,
ma per giusta ragion di libertà.
I bolscevichi che combattiamo
noi saprem bene far dileguar
e al grido nostro quella canaglia
dovrà tremare, dovrà tremar.
(...)

Em Português outra canção de luta política anti-comunista, ou anti-vermelhos, acompanhada pela melodia de José Campos e Sousa:
(Não sei se gosta de literatura nacional, eu gosto, conhece o nosso grande poeta-soldado Rodrigo Emílio? Sempre irreverente e pouco politicamente correcto, sempre pela verdade e sempre combatente, um grande patriota - www.rodrigoemilio.com)

Restauração

É uma Pátria quebrando cadeias,
É um silêncio que volta a cantar,
É um regresso de heróis às ameias,
Da cidade que volta a lutar.
.
É um deserto que vemos florir,
É uma fonte jorrando de novo,
É uma aurora que volta a sorrir
Nos olhos cansados do Povo.
.
E já ardem bandeiras vermelhas,
Nos campos há gritos de guerra,
Nas trevas da noite há centelhas,
Das rosas em festa da terra.
.
Canta o vento nos trigos doirados,
Dançam ondas à luz das fogueiras,
E nas sombras guerreiros alados
Erguem espadas entre as oliveiras.
.
É uma Pátria de novo sagrada,
Acordada da morte esquecida,
Vitória da nova alvorada:
Lusitânia em giesta florida.
.
Letra de Diogo Pacheco de Amorim
Música de José Campos e Sousa

O comunismo e as esquerdas têm os dias contados, pois provaram com a sua falência no mundo. Para não estar a falar de Karl Popper e do que ele pensa da esquerda, do marxismo, do socialismo e comunismos.

Sei que é doloroso para aqueles que sempre acreditaram na esquerda e agora tenham de deixar tudo isso para trás. Mas a vida é mesmo assim, vá ver que a conversão não vai custar nada. A Direita aguarda-o.

Não confunda já agora, o plano político nacional e o plano político internacional, pois aí as ideologias não contam tanto mas sim o interesse nacional. Daí ver-se a RPC a apoiar Pinochet na contenção aos Soviéticos na Guerra Fria, na América Latina.

C said...

Caro Soler,

Só para terminar, o porquê de não ser de esquerda, não ser revolucionário, não ser racionalista, nem seguir o iluminismo francês:

"Ora o verdadeiro patriotismo — cem vezes o repetiu António Sardinha — não é o amor naturalista pela terra em que nascemos, é o respeito pelas gerações que nos precederam.
LUÍS DE ALMEIDA BRAGA

Honro os meus antepassados, por amá-los a todos, pois sem eles eu não existiria. Não poderei ser nunca um pobre e mal agradecido, pois devo lealdade aos que fizeram Portugal, sendo eu parte dele, devo lealdade aos que por nós derramaram sangue e suor. São eles os Portugueses, que em conjunto fazem Portugal.

Ora daí o meu amor por Portugal e os Portugueses de ontem, hoje e amanhã.

Anonymous said...

Desconhecia o tal "anarco-comunismo". Desconheço. Com toda a hombridade o admito. Mea culpa. Mas qual é o contributo do anarco-comunismo para a teoria politica? Nenhuma, porventura... Anyway, o muro de berlim caíu, A URSS desfez-se, o mundo evoluiu, e estamos melhor! E não foi graças ao Anarco-comunismo. No entanto, continuo a a não saber o que é. Nem quais são os traços diferenciadores das demais ideologias. Explique-me, sff.
Passe bem
PS:http://nefac.net/node/157, é muito giro. Mas qual a credibilidade e honestidade intelectual do site? Se estamos numa de indicar sites como ideias sem ponta por onde se lhe peguem, cá vai : http://www.korea-dpr.com/defend.htm. Há sempre um amigo da Coreia do norte ao nosso lado!

Anonymous said...

Caro Noel Cardoso,
O problema não está em não conhecer - há um mundo de coisas ue ignoro - mas sim na maneira como se referiu ao meu alegado disparate. A questão do anarcocomunismo é histórica, afctula. Tem a ver coma ciência política. Se tiver curiosdade pode ler este livro:

http://www.amazon.com/gp/product/0674036425/104-3047129-1231951?v=glance&n=283155

Só quis rectificar a aplicação errada de conceitos, nada mais.
Quanto à crdibilidade da fonte, basta ler os historiadores e ponto final. Aliás isto não é uma questão de fiabilidade do que escrevo, são factos e conceitos. Nao inventei nada.
Adiante. Quando questiona o contributo do anarquistmo, na variante anarco-comunista para a teoria política, terá que ler a história do movimento operário do século XIX e da primeira metade do século XX. Em Portugal o anarco-sindicalismo (usado aqui como sinónmino de anarquismo comunista) foi só a corrente mais forte do sindicalismo até ao golpe militar de 1926. Em Espanha, os anarquistas eram a força política com mais apoiantes entre camponeses e operários em 1936, no início da guerra cvil.
Não escrevi em parte alguma que o anarquismo foi deter,inante para a queda do muro de Berlim. Isso seria um disparate maior que a Muralha da China. Nem acho que estejamos pior depois da queda do Muro. Estou a falar da história do movimento operário, não me refiro a juízos de valor sobre o valor normaivo das teorias políticas.
Dpois há qu separar as águas entre vários tipos de comunismos. como há diferentes ineterpretações do marxismo etc.

O Vitório é voluntarista, esforçado, estudioso. Mas nem por isso deixa de ser ultra-reaccionário, nacionalista, anti-comunista primário, salazarista, conservador radical e quiçá algo fascista. Não o conheço e admito que é bom homem, mas está cego pela paixão que tem a uma ideia de pátria e de história de heróis, santificados no altar. Sem visão crítica, bajulador, enviesada, dogmática.
mas tem uma virtude, sabe. Não esconde o que é.
Rocinante

José Carlos Matias (馬天龍) said...

Lá está,
a estabilidade é algo de fulcral para Pequim.

Anonymous said...

Caro Vitório,

Que grande confusão de referências. Não pretenda arrumar um pensamento como o marxismo em três frases do tipo negacionista, claramente influenciado por leituras que abusam do tom extremista e até ameaçador. Devia conhecer melhor o seu inimigo.
Agora repare: desde a Grécia Clássica (o verdadeiro berço da Europa) que a política se discute na ágora, entre homens que enquanto habitantes da polis tinham direito à palavra, à opinião, à participação na decisão, quer do modo como desenvolver a cidade, quer da guerra. Pertencer à polis, fazer política é privilégio de cidadãos, um conceito que ultrapassa os nomes do parentesco e criam algo de superior: a vida política.
É nesse contexto que surge o conceito de ágon, de onde deriva a palavra agonístico, como explica Nietzsche (outro pensador maior). Dito de forma simples, o ágon é o sentimento ou emoção que leva ao confronto, que me leva a querer ser melhor que o outro, a ocupar por ele o lugar da decisão. Em termos nietzschenianos, é a energia que hierarquiza as forças em confronto. Claro que essa hieraquia não é sempre a mesma, fazendo no caso grego oscilar muitas vezes os detentores do poder. Desde este tempo que a luta da direita é tentar controlar estas forças e restringir o acesso à cidadania.
É bom que o Vitório não se fique pelos manuais da divulgata fascista. Investigue os grandes mestres do pensamento daquilo a que se convencionou chamar Direita.
A Família é um mecanismo cultural básico que encerra o indivídiuo numa série hoje ridícula de prestações e contra-prestações. Constituir família é forma menos nobre e mais fácil de assegurar a imortalidade.
O combate nietzscheniano contra a cultura é o único caminho que nos pode colocar no cimo da montanha.

Passe bem

C said...

Caro Soler,

Em termos de filosofia política da antiga Grécia, temos de ter em conta também outros grandes pensadores e sermos mais claros quanto à definição de cidadania.

Comecemos pela cidadania.

"Pertencer à polis, fazer política é privilégio de cidadãos, um conceito que ultrapassa os nomes do parentesco e criam algo de superior: a vida política."

Se quer defender o marxismo não entre por aí.

"Cidadãos" para a antiga Grécia, tem um significado diferente de cidadãos saídos da Revolução Francesa.
Na antiga Grécia, na organização da Pólis, considerados cidadãos eram apenas os homens naturais de Atenas, excluindo deste modo os escravos, os metecos (estrangeiros), as crianças e as mulheres.

Na antiga Grécia, segundo Platão, na sua grande obra "Politeia" - A República - pelos vistos na definição dos homens da pólis, também não era igualitária.
Pois bem Platão distinguiu três classes de homens.

1.Homens com metal ouro na alma, destinados e capazes de governar, Reis, Filósofos-Rei;

2.Homens com metal prata na alma, destinados a serem guerreiros, na defesa da pólis, Generais;

3.Homens com metal bronze na alma são os artesãos, comerciantes, destinados a abastecer a Pólis;

Logo o que aqui vejo é tudo menos marxismo, vejo a hierarquia que contrasta com a igualdade de classes.

Na mesma obra, Platão diz que:
Não é de todo aconselhável que indivíduos com a alma de metal cobre por exemplo se misture com o de metal ouro ou prata, tudo para não degenerar as capacidades da gerações vindouras logo não havia mistura de classes ou dos metais. Contudo, Platão deixou margem de manobra para a ascenção.
Indivíduos de metal cobre ou prata que se distinguissem nos seus feitos, ascenderiam para a alma de metal ouro ou prata.

Caro Soler, será por aqui pela Grécia Antiga que vai defender o Marxismo?

Não se esqueça que depois Sócrates foi discípulo de Platão.

Falemos agora dos pensadores da Teoria Política Contemporânea, Karl Popper, que não se considera, nem ninguém com mínima literatura de ciência política o catalogaria de fascista (cliché utilizado pela esquerda, quando se sentem à rasca, i.e. a brigada do reumático etc... a mesma lenga lenga muito utilizada nos confrontos das assembleias de juntas de freguesia).

Karl Popper, julgo que foi dos politólogos que disse algo muito acertado que o comunismo e socialismo que apareceram onde não deveriam ter aparecido e não apareceram quando deviam aparecer, nos estágios de evolução do comunismo/socialismo e determinismo histórico.

Popper punha em contraste as ideologias totalitárias tais como o nacional-socialismo e o comunismo, que clamam pela posse da verdade absoluta (e que recorrem à opressão para imporem as suas visões).

No plano económico:
F. A. HAYEK

"Afirmei que o socialismo constitui uma ameaça
para o bem-estar presente e futuro da raça humana,
no sentido de que nem o socialismo nem qualquer outro
substituto da ordem de mercado que conhecemos
poderão sustentar a atual população mundial."

Só para não me alongar mais porque tenho aulas, reflicta, e não seja dialéctico, manipulando palavras e conceitos.

Recomendo que investigue melhor e que dê uma olhadela à página do Prof. Dr. José Adelino Maltez

http://maltez.info/

Boa tarde,

C said...

Caro Soler,

Antes de sair, gostaria só de partilhar o seguinte artigo consigo, saído da revista Tempo, relativo a um entrevista ao Professor Doutor António Marques Bessa. Académico de que gosto muito de escutar, apesar de nunca ter sido seu aluno.

ENTREVISTA

Como estudioso das teorias das elites ao longo da História, como classificaria aquilo que hoje temos em Portugal?

É uma pergunta muito abrangente, mas é um tipo descrito como elites oportunistas, isto é, o objectivo dessa elite não é governar ou realizar o bem público, nem tão-pouco preservar o Estado. O objectivo dessa elite, ocasional, é reproduzir-se e perpetuar-se.

Uma espécie de elites profissionais?

É verdade. No caso da política, transformam-se com o tempo numa profissão e dá origem a um conjunto de pessoas que busca manter a profissão. Por isso, quem tem esta profissão não a vai querer perder por nada e consequentemente não vai tomar decisões políticas que sejam boas para o Estado, mas que o vão, a ele, prejudicar.

Mas não é inevitável que se criem os chamados políticos profissionais?

Não é inevitável. Por exemplo, em Singapura, existe um tipo de elite política que não tem nada a haver com esta, porque não depende de qualquer tipo de eleição. O ditador de Singapura faz como entende e aquilo que entende.

Se o indivíduo trafica e fuma droga, enforca-o. Se cospe para o chão, leva chibatadas. E acabou. Isso é bom? Quem sabe? Esta gente que governa um país em função dos seus interesses nunca diz que o faz assim, pois refere sempre que governa em função de algum tipo de interesses, que são ideológicos.

Mas acha que o interesse ideológico se sobrepões ao bem comum?

Hoje, inclino-me a pensar que nem sequer há interesses ideológicos, pois, se se mudar a bandeira de um lado para o outro, vemos que caminhamos para muitas semelhanças, mas as ideologias continuam a servir de justificativo para a acção dos governantes, porque não vão simplesmente dizer que estão a governar porque o querem fazer. Parece mal.

O que me está a dizer é que o interesse pessoal da elite predomina sobre o colectivo...

Com certeza.

Mas, historicamente, isso não terá sido sempre assim?

Não, porque há épocas em que os interesses, por exemplo, religiosos ou patrióticos, prevaleceram sobre os interesses pessoais. Havia gente disposta a sacrificar a vida, a família, os filhos, os bens, em prol de objectivos que entendia como superiores. Basta lembrar a grande frase do Condestável, que Fernão Lopes narra, referindo-se à guerra com Castela, que simbolizava um poço, e ao apelo feito para saltarmos todos para dentro desse poço.

Quando é que desapareceu essa manifestação de elite?

Desaparece no momento em que a votação alarga, ou seja, quando a base de selecção da elite aumenta através da votação geral e universal. Os indivíduos que inicialmente constituíram uma elite, não precisando de votos para nada, prosseguiam de acordo com os seus padrões de guerra e entendimento, no fundo eram donos do Estado.

A partir do momento em que se respira votos e se querem votos, tem de haver uma política direccionada e têm de obter a boa vontade pública, fazendo propostas médias e evitando sacrifícios.

Então, das duas uma, a ideia que temos de democracia representativa é contrária à formação de boas elites ou dessas elites haverá uma evolução que se coaduna já com aquilo que são os pressupostos da democracia representativa. E, neste último caso, esta elite é pior que a outra?

Um homem que foi ministro socialista da Áustria, Schumpter, e teve de emigrar para os EUA, recomendava que se misturassem as duas, uma parte eleita e outra hereditária. Para uma desequilibrar a outra. Acontece que, em muitos países, as democracias tentaram corrigir isso, pois a sociedade testa as elites, havendo controlos externos. Nós, portugueses, temos é um problema grave, pois os nossos políticos profissionais, salvo um ou outro, são indivíduos fracassados nas suas próprias profissões e, consequentemente, nunca podem ser bons políticos. E nem se pode exigir que o sejam.

Tem uma frase no seu livro (Quem Governa?) de um investigador russo, Moisei Ostrogorski, que estudou as elites norte-americanas no início do século XIX e não poupou adjectivos aos objectos do estudo, dizendo que se tratavam de "indivíduos médios, fiéis à organização, criaturas da máquina, contribuintes notáveis do aparelho, bandidos notórios, instrumentos do boss". Esta ideia que trouxe para o seu livro pode estender-se ao contexto actual nacional?

Ostrogorski enganou-se em pouco. Na realidade, dentro de um partido, tem-se visto isto tudo e até descoberto bandidos notórios que, muitas vees, não são punidos, por ineficácia da justiça. Em tudo isto há uma espécie de luva gigantesca, entram na política com uma mão atrás e outra à frente e saem com casas com piscinas, depois de desfritarem de ordenados notavelmente baixos.

São criaturas da máquina. Costumo dizer aos meus alunos que querem fazer carreira política: vá para a máquina, coloque-se na máquina, suna na máquina e avie-se. É um conselho que já tenho visto aplicado com êxito.

E as ideias como o bem comum, o trabalhar para a comunidade, o servidor do Estado?

São ideias que já morreram. Até existem pensamentos sobre isso, mas o bem comum é uma construção, porque, para um político, o bem comum é o seu bem comum.

Em Portugal há então uma falta de controlo externo das elites?

A elite política faz aquilo que a deixam fazer. Se tem uma população com uma cultura política mínima ou inexistente, não há limite para aquilo que a classe política pode fazer. E isso vê-se em coisas tão simples como o facto de, em anos de crise, a classe política ter-se reproduzido, aumentando os seus rendimentos.

Toda a gente fica escandalizada, mas nada acontece. As pessoas não têm a possibilidade de intervir e dizer "não, senhor, não queremos estes sujeitos, rua". Quem costuma fazer isto em Portugal é o Exército. Não conheço por cá nenhuma elite política que tenha conquistado o poder, conheço é revoluções e golpes de Estado militares que conquistaram o poder e o entregaram a um determinado conjunto de gente.

Há pouco tempo, Freitas do Amaral falava da existência de perigos para a democracia devido a toda esta crise que...

O professor Freitas do Amaral tem muito pouca credibilidade para falar sobre seja o que for. Quando mataram o Sá Carneito - ou ele caiu do avião? -, a primeira coisa que esse cavalheiro fez foi chegar-se à boca de um microfone e dizer que foi um acidente. Era profeta? O que ele diz não se escreve, o que ele afirma também tem pouco interesse. Escreveu um livro sobre D. Afonso Henriques que é uma verborreia espantosa, nem na praia se pode ler. Aquilo não presta.

Mas os escândalos políticos, o desinteresse e o olhar de soslaio da população para partdos e seus agentes, a abstenção nas eleições...

As pessoas começam a desinteressar-se dessas coisas, os políticos querem gente a participar e todos se estão marinbando. Se a política se tornar um jogo entre cinco ratos, deixá-los jogar.

Mas isso não representa o esgotamento do chamado modelo democrático?

Claro. O modelo democrático é apresentado como uma fórmula última, o fim da história. Não há outros modelos? As pessoas são tão cegas que não percebem que há outros modelos? Para governar pessoas e Estados. Singapura não é uma cidade-Estado?

É a segunda vez que fala de Singapura. Gostaria de lá viver?

É um sítio limpo, onde não há papéis no chão, onde ninguém rouba, onde todas as portas estão abertas e ninguém toca num bem alheio. Macau também é um novo tipo de estatalidade, Hong Kong igualmente, na época medieval não existiam cidades governadas por bispos, por príncipes, e depois?

O que me está a dizer é que podemos voltar a isso?

Claro que podemos. Depois de este sistema entrar em colapso. Tudo é uma construção.

Cultivar a ideia de elite não é algo que desperta receios, não é visto quase como... antidemocrático?

É verdade. Mas isso é uma escola realista que se cultiva na França, em Itália, nos EUA. Independentemente do que se pense as elites existem. O tipo de elite mais perigoso, ainda por cima quando em causa está uma sociedade frágil, é aquela que concentra todos os poderes: económico, militar, cultural e político. O antídoto para estas questões passa pelo desenvolvimento de uma cultura política, a massa, os cidadãos têm de ter cultura política.

Essa cultura política existe em Portugal?

A tradição é abolir a pouca cultura política que ainda existe. É entusiasmá-los com futebol e com telenovelas.

Portugal pode sobreviver, actualmente, fora da União Europeia?

Aqui há uma coisa verdadeira, ainda não tivemos essa experiência. E nunca apostámos tudo no mesmo cesto, como agora acontece. E os portugueses, quando se observa o discurso e a vida, sentem que não são europeus. Até porque cada vez temos menos contactos culturais com países mais ricos. A imigração especializada de Leste, com médicos, engenheiros e outros que estão a vir, é encaixada nas obras para construir prédios para patos-bravos.

Não aproveitamos nada deste saber. Os brasileiros foram bem mais espertos. Foram à Ucrânia e à Rússia e negociaram calmamente a vinda de físicos e químicos, compraram os aparelhos e colocaram-nos nas faculdades. Os americanos já tinham ido buscar os peritos alemães, após a II Guerra Mundial, para desenvolverem a indústria aeroespacial.

E a Espanha aqui tão perto. Os receios públicos que surgem de quando em vez têm para si razão de ser?

A Espanha não deve ser nem uma preocupação nem uma barreira. Mas o nosso primeiro-ministro dá-lhe na ideia falar espanhol, a mostrar que sabe falar castelhano. O que é que faria um político inteligente? Visitava a Catalunha e falava com os catalães, visitava a Galiza e falava com os Galegos, visitava o País Basco e falava com o partido nacionalista, visitava a Andaluzia e falava com o partido independentista e só, finalmente, ia a Madrid e falava português.

O senhor cita também o pensador Raymond Aron: "O que a teoria neomaquiavélica e a experiência ingénua igualmente confirmam é que a administração das coisas não substitui o governo das pessoas". Explique-me lá isto.

A administração das instituições, dos recursos naturais, o que se quiser, não consegue impedir que tenha de haver, para que isso funcione, uma estrutura hierárquica de uns que mandem nos outros.

Isso leva-nos, novamente, ao processo de escolha, que deveria ser racional, o melhor para o lugar em questão. E será assim?

Na administração pública, em muitos casos, não. Impera o amigo e a incompetência. Não sou eu que digo isso, é algo que recolhe quase unanimidade. A elite política nacional ainda não tem consciência de que este não é um país do terceiro mundo.

Neste momento, o debate político quase se concentra nas eleições presidenciais. Quase se desenha uma guerra na escolha dos candidatos.

Não a compreendo, porque a função do presidente é meramente decorativa, circula por aí com a primeira dama e faz a figura de reizinho. Na maior parte das vezes, faz figura de tolo. Vive num palácio e tal, parece que não pagam renda, tem uns tipos a cozinharem para eles, vão aqui e acolá.

Como é que veria um confronto Guterres/Cavaco?

É uma história antiga. A época do cavaco já passou, as pessoas ainda se lembram do Cavaquistão. O Guterres vinha da Cova da Beira, com raízes ancestrais na província, mas é um fala-barato. Os dois são um pouco pategos, indivíduos pouco ilustrados. O Cavaco parece que sabe, mas não sabe muito.

E Santana Lopes?

Não é melhor que eles. Mas é um tipo espertíssimo, mais esperto que os dois juntos. E os espertos são perigosos.

Vota nas eleições?

Pertenço ao grupo daqueles que estão muito interessados em que haja consciência por parte da elite de que há uma quantidade de pessoas muito desinteressadas de todo este teatro, em que os principais actores são eles. E ou contractam melhores actores ou o teatro fecha.

Retirado da revista Tempo, edição número 14.

Nasceu em 1949, tem 54 anos e "farei 55 se nenhum cancro me devorar". Natural de Montemor-o-Velho, casado e sem filhos, este professor universitário ensinou na Universidade Livre e na Católica, mantendo uma ligação quase umbilical ao Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), da Universidade Técnica de Lisboa, onde de resto publicou algumas obras emblemáticas como "Quem Governa? - Uma Análise Histórico-Política do Tema da Elite", "A Arte de Governar" e "O Trabalho das Elites", um conjunto de ensaios sobre o impacte das ideias, mediante as conjunturas, na sociedade.

C said...

Outro bom artigo para se compreender as movimentações estratégicas da esquerda na política nacional.

ARTIGO DE ANTÓNIO MARQUES BESSA

A Cultura na Luta Política

António Marques Bessa

Depois do teórico marxista António Gramsci ter revolucionado a teoria do assalto ao Estado, com a abertura de uma nova frente na Cultura, esta deixou de ser um modo de vida, um en­feite de burgueses, um produto de con­sumo, para se transformar num campo de batalha, um instrumento ao serviço da Revolução Marxista. Ao atacar num ponto inesperado da sociedade global, o aparelho marxista ocupa uma zona sem significado em termos militares, mas decisiva em termos antropológicos e sociológicos. Na verdade, é na Cul­tura que enraíza a estrutura dos valores, o carácter nacional, os gostos e as ten­dências, o modo de conceber o mundo e a vida. É uma herança cumulativa, como a caracterizou Lorenz, formada por todo o equipamento material e es­piritual que a sociedade possui, e com o qual responde aos desafios internos (crises) e externos (naturais e sociais).
A Cultura é, por conseguinte, aquilo que de mais precioso tem um Povo ou uma Etnia. É, por um lado, o traço que o distingue dos outros povos, com cos­tumes e mundividências distintas, e, por outro, a característica do processo de hominização. Embora os animais tenham tradições, inventem técnicas e comuniquem processos por mecanis­mos de difusão social, não possuem uma tradição cumulativa, quer dizer, as invenções e os conhecimentos não se conservam porque não há possi­bilidade de os acumular.
Ora, o que Gramsci faz é inovar no leninismo, ao introduzir a possibilidade de controlar o Estado a partir da Cul­tura. No reducionismo marxista, cul­tura é uma superestrutura gerada pela infra-estrutura económica. As relações de produção, de exploração, isto é, o sistema económico, determinam um supersistema de justificação, que está ao serviço do explorador e serve para dominar intelectualmente o explorado. A esse sistema, integrado pela religião, educação, arte, meios de comunica­ção, etc., chamam os marxistas Cul­tura.
Na tradição leninista derrubava-se o Estado a partir da Economia, e assim se punha fim à Cultura, que não passava de um gigantesco sistema de justifi­cação ideológica. Com Gramsci al­tera-se o esquema revolucionário. Para ele é fundamental dominar primeiro a Cultura "burguesa" e substituí-la progressivamente por uma "cultura proletária". As transformações e subs­tituições operadas, assim, na "cultura burguesa", irão influenciar a infra-es­trutura económica, as relações de produção, o sistema social, mudando a mentalidade dos cidadãos. Só depois desta operação é que se deve conquistar politicamente o Estado, vis­to que este se encontra desarmado. A resistência, sempre baseada nas es­truturas culturais de valores, nos con­ceitos internos da Cultura, sem esse suporte, nem sequer poderia existir. Daqui que o caminho para o poder nos Estados burgueses, desde há muito, seja este: assalto à Cultura, abastardamento de todas as características positivas do carácter e imagem na­cionais, substituição de padrões na­cionais por elementos culturais impor­tados, enfraquecimento e eliminação da resistência dos intelectuais patriotas e, finalmente, domínio das principais alavancas da Cultura: meios de comunicação, universidades, institutos e instituições, editoras, escolas, arte, etc.

PORTUGAL - UMA CULTURA IGNORADA

A tarefa de conquista da "cultura burguesa" é cometida por Gramsci aos "intelectuais orgânicos". Materialistas que, cumprindo os objectivos estra­tégicos do partido comunista, paulatinamente conquistam posições no establishment cultural, e programam a substituição da cultura burguesa pela nunca demasiado falada "cultura proletária".
Em Portugal esta estratégia teve uma aplicação exemplar. Iniciada em tem­pos de Salazar teve os seus frutos maduros ainda antes de Abril de 1974. A Direita portuguesa, bem se queixava da "ditadura intelectual da esquerda", mas infelizmente ignorava a concep­ção geral da manobra e não possuía capacidade para responder a um ataque concertado num domínio que não entendia.
Com a notável excepção de uns quantos antropólogos portugueses (Jorge Dias - vergonhosamente silen­ciado -, António Carreira), filósofos (Álvaro Ribeiro, José Marinho, Pi­nharanda Gomes e Orlando Vitorino) e historiadores, que conformaram uma linha de resposta ao desmantelamento cultural português, respondendo no campo da Cultura ao assalto na Cul­tura, ninguém mais se opôs correc­tamente a essa Mafia de "intelectuais orgânicos", autênticas prostitutas, adoradoras de tiranos, como lhes chama Jean Cau. A Cultura portuguesa morria nos seus elementos caracterís­ticos e só um aviso aqui e ali alertava para o perigo.
Com o 25 de Abril, que completa o domínio marxista do Estado, os intelec­tuais orgânicos transferem-se da Cul­tura para a Administração. Com o seu trabalho bem programado, o Povo envergonhava-se de tudo quanto é mar­cadamente seu: a sua história, os seus heróis, os seus poetas, e passa a ad­mirar e a aderir a valores que não são seus, a elementos culturais abastardados, que lhe vêm de Moscovo, de Washington, com a marca da novi­dade, da "libertação" e do progresso.
A Cultura foi um campo de luta e o Povo perdeu. O escol que a devia defender, como património material e espiritual da comunidade, não o soube fazer: foi derrotado.

QUE FAZER?

Ao domínio da Cultura, entendida como "cultura burguesa" por ignorân­cia e reducionismo, há que responder com um ataque no campo da Cultura, entendida em toda a sua amplitude.
Para isso há que concentrar esforços, criar uma corrente de pensamento, iniciar o desbloqueamento interno, denunciando o trabalho dos "intelec­tuais orgânicos" e a sua sistemática prostituição. Assim, é urgente avançar com o planeamento do Instituto Padre António Vieira, como centro de inves­tigação para a Cultura Portuguesa, bem como centro de difusão e educação. Aí se devem integrar os intelectuais ainda vivos e interessados em desbloquear e revigorar a cultura nacional. A me­todologia pode variar (seminários, palestras, cursos, aulas, grupos de trabalho), mas o que deve estar presen­te no espírito de todos é que o assalto à cultura não se detém com balas de G3.
Além do Instituto, é indispensável uma associação político-cultural, que utilize os resultados da investigação e difunda uma prática necessária e de­salienante. Uma revista de estudos e uma editora são dois instrumentos necessários, que se podem inserir quer no instituto, quer na Associação.
Para lá disso, devia constituir objec­tivo a largo prazo a organização de uma Universidade Livre, primeiro com os professores disponíveis funcionando experimentalmente em regime de cur­sos supletivos, e depois abarcando as disciplinas sociais. Garantir-se-ia deste modo um alto nível didáctico num país que não o possui e, fundamentalmente, tinha-se a possibilidade de preparar as bases de um autêntico combate pela Cultura Portuguesa.
No ano zero do nosso país, o mais importante é, além de poder comer, poder pensar. E para isso é indispen­sável libertar a Cultura dos bloquea­mentos e implantações que a abastar­dam. Aí, bem como na Economia (uma parte da Cultura), está a grande aven­tura dos patriotas: voltar a entregar Portugal aos portugueses.